FEB – 12º Batalhão de Infantaria homenageia Carlota Mello

No dia 29 de outubro, a 2º Tenente Enfermeira Carlota Mello, que integrou a Força Expedicionária Brasileira, foi homenageada pelo 12º Batalhão de Infantaria por ter completado 100 anos de idade.

Dona Carlota, como é carinhosamente conhecida por todos, foi uma das 67 enfermeiras brasileiras que serviram na Europa durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Familiares e amigos de Dona Carlota participaram da homenagem, que contou com a presença do Senhor Marcos Renault, Vice-Presidente da Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira.
 

A Enfermagem na Força Expedicionária Brasileira.*

O Brasil precisava de Enfermeiras. O Decreto nº 6.097, de 15 de dezembro de 1943, criou o Quadro de Enfermeiras da Reserva do Exército, no Serviço de Saúde.

O Decreto nº 14.257, também de 15 de dezembro de 1943, aprova o Regulamento para o Quadro de Enfermeiras e prevê o acesso até a 1ª classe.

Esse Quadro destinava-se à formação de enfermeiras militares que constituíram o Quadro da Reserva do Exército, mediante um trabalho de adaptação enfermeiras civis, preparadas por escolas de reconhecida idoneidade. Aberto o voluntariado, apresentaram-se as enfermeiras candidatas. O Curso de Adaptação para as Enfermeiras realizou-se no Rio de Janeiro ( antigo Distrito Federal ) pela Diretoria de Saúde do Exercito e, nas sedes das Regiões Militares, pelas respectivas chefias do Serviço de Saúde, no prazo de seis semanas. O Curso era administrado por professores de reconhecido valor.

As aulas teóricas eram proferidas no auditório da Diretoria de Saúde do exército e nas sedes das Regiões.

Constavam sobre matéria Militar; Serviço de Saúde em Campanha, Cirurgia de Guerra; Epidemiologia e Profilaxia Anti-infecciosa no Exército, principalmente em Campanha;Toxicologia; Prática Hospitalar de Enfermagem; Higiene e Profilaxia; Demonstrações e ensinamentos práticos de Educação Física e Natação. Ordem unida adequada às Enfermeiras do Exército, Hierarquia Militar, Disciplina, Sinais de Respeito e regulamentos Militares.

As aulas práticas tiveram desenvolvimento por meio de estágios matinais nos hospitais militares, em serviços técnicos oficiais, nos campos de instrução militar e de educação física.

Ao término de um curso intensivo, o aproveitamento das alunas foi apreciado através de testes formulados pelos professores, exceto educação física e ordem unida, levando-se em conta a aplicação das candidatas durante o período de instrução.

As consideradas habilitadas foram relacionadas e propostas ao Ministério da Guerra, para a nomeação. Não lhes foram conferidos diploma ou certificado de prestação do curso feito, apenas constando do Boletim da Diretoria de Saúde as ocorrências realizadas durante o curso.

Em fase de ativa preparação expedicionária, foram convocadas para o Serviço Ativo do Exército. Tornaram-se aptas para o ingresso no Serviço de Saúde da FEB e foram enviadas para o front.

O objetivo das enfermeiras militares da FEB, oferecendo-se voluntariamente para servir à Pátria, outro não foi senão o de dar o concurso aos nossos valentes soldados do Brasil, enfrentando, sem receio, até mesmo a incompreensão humana.

Em julho de 1944, um pequeno grupo de enfermeiras já estava instalado em Nápoles, quando chegou o 1º Grupamento da FEB.

Em número de 67, as enfermeiras foram seguindo para o front em pequenos grupos, por via aérea.

Em outubro de 1944, embarcou o último grupo composto de 33 enfermeiras, muitas vindas de diferentes Regiões do Serviço de Saúde do Exército. Chefiava o Grupo a enfermeira mais antiga, Olímpia de Araújo Camerino. Chegando à Itália, experimentaram as enfermeiras brasileiras duras provações, por não possuírem posto ou graduação militar.

As enfermeiras americanas eram oficiais do Exército norte americano, desde 2º Tenente até Coronel, e se orgulharam das insígnias de que eram portadoras. Os americanos não compreendiam a presença de pessoas que não tivessem situação hierárquica definida.

Sem ter uma situação definida, não poderiam as brasileiras conviver no círculo de oficiais, ao qual pertenciam as nurses (enfermeiras) norte americanas, daí o isolamento que se esboçava contra elas. Sentiam mesmo, um certo constrangimento, aliás bem compreensível.

Foi dessa forma que o General João Batista Mascarenhas de Moraes, Comandante da FEB, em entendimento com o Coronel Dr. Emmanuel Marques Porto, Chefe do Serviço de Saúde da FEB, por não ter outra alternativa, arvorou as enfermeiras brasileiras no posto de 2º Tenente.

Por essa razão tiveram sua situação resolvida na parte que tocava à hierarquia militar. Seus vencimentos eram correspondentes aos de 2º Sargento. Isso explica, porque a distinção que lhes foi conferida pelo general Mascarenhas tinha apenas um efeito moral.

Assim permaneceram durante toda a campanha, até o licenciamento do serviço ativo do Exército, já em território nacional.

Os serviços prestados à FEB pelas enfermeiras brasileiras são atestados pelos seus chefes diretos e pelos chefes americanos. O Ten Cel Gilberto Peixoto, Chefe do Serviço de Saúde do Grupamento da FEB na Itália, citando uma das enfermeiras pelo seu trabalho, termina com o seguinte trecho: “….tais fatos, que tanto honram a Medicina Militar Brasileira, não podem ficar em silencio e sinto-me feliz em assiná-los ao Comando, como um exemplo a ser seguido”. ( Bol. do Grup. da FEB na Itália nº 31, de 08-08-1945).

Após a guerra, o Gen Dr. Marques Porto, então Diretor Geral de Saúde do Exército, propôs a criação de um Quadro Especializado no Exército regular, o qual foi aprovado pelo Estado Maior do Exército e remetido à Diretoria Geral de Saúde para encaminhamento ao Ministério da Guerra e consequente mensagem ao Presidente da República.

Não foi, entretanto, concretizada a criação do referido Quadro.

Depois de licenciadas, de acordo com o Aviso nº 3.537, de 20 de novembro de 1945, pleitearam as enfermeiras a materialização de seus serviços prestados.

– Não mereciam a gratidão dos brasileiros?

Por projeto elaborado e aprovado pela Câmara dos Deputados, transformado em Lei nº 1.209, de 25 de outubro de 1951, e sancionado pelo Exmo. Sr. presidente da República, tiveram as enfermeiras da FEB sua aspiração realizada; estavam efetivadas no posto de 2º Tenente e incluídas na Reserva de 2ª classe do Exército, com o mesmo posto.

Há enfermeiras que trouxeram os sinais da guerra, e estas tiveram sua situação estabilizada, sendo amparadas pelas Leis da FEB.

Efetivadas no posto de 2º Tenente, continuaram as enfermeiras lutando pela sua aspiração.

Ainda por projeto elaborado e aprovado pela Câmara dos Deputados, foram convocadas para o Serviço Ativo do Exército no posto de 2º Tenente, com acesso até 1º Tenente, com permanência assegurada, gozo dos direitos, vantagens e regalias inerentes aos oficiais da Ativa, nos termos da Lei nº 3.160, de 1º de janeiro de 1957.

*Fonte:Portal FEB

 

 

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