Cibercriminosos atacam os EUA, Casa Branca analisa ameaça de ransomware

Cibercriminosos atacam serviço de balsas na costa leste dos EUA

Um ataque cibernético contra uma empresa de serviços de balsas no estado de Massachusetts interrompeu o transporte fluvial entre balneários exclusivos na costa leste dos Estados Unidos nesta quarta-feira (2).

A Steamship Authority of Massachusetts relatou o ataque que atrasou o transporte de passageiros entre Cape Cod e as ilhas de Nantucket e Martha's Vineyard na quarta-feira em sua conta do Twitter. “Não há impacto na segurança das operações marítimas, já que o problema não afeta o radar nem a funcionalidade do GPS”, disse a empresa.

O ataque cibernético atrasou o serviço da balsa, embora já esteja operando no horário, e atrapalhou o sistema de reservas e trocas, assim como os pagamentos, por ora possíveis apenas em dinheiro. A empresa indicou que está trabalhando com as autoridades locais e federais "para determinar a extensão e a origem do ataque". O FBI em Boston não respondeu imediatamente ao pedido da AFP para comentar as informações.

O ataque cibernético segue dois hackers em grande escala contra a operadora de oleodutos Colonial Pipelines dos Estados Unidos há menos de um mês e contra a gigante brasileira da carne JBS na terça-feira.

A Colonial Pipeline teve que pagar um resgate de 4,4 milhões de dólares a um grupo de hackers para desbloquear seus sistemas após o ataque cibernético contra a rede de gasodutos que gerencia nos Estados Unidos. As autoridades dos Estados Unidos acusaram o DarkSide, um grupo de cibercriminosos supostamente baseado na Rússia, do ataque, embora Moscou negue.

O ataque cibernético contra a JBS no domingo a obrigou a suspender temporariamente parte de sua produção na Austrália e nos Estados Unidos. A Casa Branca garantiu que a empresa foi extorquida por "uma organização criminosa provavelmente com sede na Rússia" e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que está "analisando" possíveis represálias contra Moscou.

O serviço de trem e ônibus da cidade de Nova York também foi afetado em 20 de abril por um ataque cibernético global de pequeno impacto, informou a MTA, a autoridade reguladora, na quarta-feira. Mas ele indicou que a segurança dos passageiros nunca esteve em risco.

Uma auditoria após o ataque "não encontrou evidências de que os sistemas operacionais tenham sido afetados, que eles acessaram informações de clientes ou funcionários, que houve perda de dados ou alterações em nossos sistemas vitais", disse Rafail Portnoy, gerente técnico do MTA em nota.

Casa Branca analisa ameaça de ransomware; Biden levará assunto a cúpula com Putin¹

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, está analisando a ameaça representada por ataques de ransomware e debaterá a questão do suposto apoio a hackers com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, neste mês, disse a Casa Branca nesta quarta-feira.

"O presidente iniciou uma análise estratégica rápida para tratar da ameaça crescente do ransomware para incluir quatro grandes linhas de esforço", inclusive deter a infraestrutura e os praticantes de ransomware, disse a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki. Putin e Biden se encontrarão em Genebra no dia 16 de junho em meio a desentendimentos acentuados a respeito de interferência eleitoral, direitos humanos e a Ucrânia.

Uma invasão cibernética com pedido de resgate nas instalações da processadora de carne brasileira JBS nos EUA, noticiada nesta semana, foi o terceiro ataque de ransomware no país desde que Biden tomou posse, em janeiro. Ainda nesta semana, a JBS disse à Casa Branca que ele foi obra de uma organização criminosa provavelmente sediada na Rússia.

"De fato acreditamos que este será um dos temas que o presidente debaterá com o presidente Putin na cúpula", disse Psaki. "O presidente Biden certamente pensa que o presidente Putin e o governo russo têm um papel a desempenhar para parar e evitar tais ataques".

Biden avalia sanções à Rússia por ataque cibernético contra subsidiária da JBS nos EUA

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou nesta quarta-feira (2) que está "analisando" uma possível retaliação depois que a Casa Branca conectou a Rússia a um ataque cibernético contra a subsidiária americana da JBS, gigante brasileira do processamento de carne.

Quando questionado por um jornalista se medidas seriam tomadas contra funcionários do governo do presidente Vladimir Putin, com quem se reunirá em uma cúpula em Genebra, na Suíça, no final deste mês, Biden respondeu: "Estamos examinando essa questão com atenção". "Esperamos que este seja um tópico de discussão durante a viagem do presidente", garantiu a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki.

O ataque de ransomware a uma subsidiária americana da brasileira JBS gerou novamente acusações de que a Rússia abriga cibercriminosos. Nesta quarta-feira, o FBI atribuiu o ataque a "REvil e Sodinokibi", que segundo especialistas são dois nomes do mesmo grupo de hackers que tem ligações com a Rússia, e garantiu que estava "trabalhando diligentemente para trazer os protagonistas da ameaça à justiça". “Continuamos a concentrar nossos esforços na imposição de riscos e consequências e na responsabilização dos cibercriminosos responsáveis”, enfatizou o FBI em um comunicado.

Suspeitas semelhantes surgiram depois que hackers de ransomware forçaram recentemente o fechamento temporário do enorme gasoduto Colonial Pipeline no leste dos Estados Unidos no mês passado, que fornece 45% do combustível consumido naquela região do país.

“Não é aceitável abrigar entidades criminosas que têm como intuito causar danos, que estão danificando a infraestrutura crítica na América”, afirmou Psaki. Quando um repórter perguntou a Biden se ele achava que Putin o estava testando antes da cúpula, o presidente respondeu que "Não".

No entanto, a Casa Branca garantiu que Biden vai expor as preocupações dos Estados Unidos durante a cúpula de 16 de junho, como fez em encontros anteriores com aliados do G7, União Europeia e Otan. "Não vamos permitir isso. Vamos falar sobre isso e não vamos tirar opções da mesa", disse Psaki.

“O presidente Biden certamente pensa que o presidente Putin e o governo russo têm um papel a desempenhar para deter e prevenir esses ataques. Portanto, será um tópico de discussão quando eles se reunirem”, observou. A JBS, uma gigante do processamento de carne em expansão com subsidiárias e operações nos Estados Unidos, Austrália, Canadá, Europa, México, Nova Zelândia e Reino Unido, declarou que suas fábricas estarão operando "quase em plena capacidade" a partir desta quinta-feira.

A empresa acrescentou em comunicado que no momento "não tem conhecimento de nenhuma evidência" de que "dados de algum cliente, fornecedor ou funcionário foram comprometidos".

¹com agência Reuters

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