Bimotor tem quase 5 acidentes por ano

A aeronave bimotor LET 410 que caiu momentos após a decolagem, ontem, no Recife, é fabricada na República Tcheca e pouco conhecida na América, mas tem um preocupante histórico de acidentes. Com o caso de Pernambuco, o modelo, muito usado em linhas regionais na Europa, soma 50 acidentes registrados desde 2001 — uma média de quase cinco por ano, segundo o site da consultoria Aviation Safety Network, ligada à organização Flight Safety Foundation, que trabalha com segurança de aviação.

O acidente de ontem no Recife foi o segundo envolvendo este modelo de aeronave no Brasil. Em 31 de março de 2006, um voo da empresa aérea Team que seguia de Macaé, no norte do Rio de Janeiro, para a capital fluminense, bateu no pico da Pedra Bonita e explodiu, matando todos os 19 ocupantes. O voo levava funcionários da Petrobras, de uma empreiteira e executivos de empresas com escritórios na região. Pouco mais de um ano depois do acidente, um relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) concluiu que um erro dos pilotos os levou à colisão.

O avião da Noar que se acidentou ontem operava regularmente havia um ano, de acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil. Ainda segundo a Anac, a aeronave tinha Certificado de Aeronavegabilidade (CA) válido até 23 de abril de 2025 e Relatório de Condição de Aeronavegabilidade (RCA) válido até 30 de junho de 2013. Também conforme a agência reguladora, a Noar começou a operar no transporte regular de passageiros há exatamente um ano, em 14 de julho de 2010, e transportou 37.168 pessoas até dezembro do ano passado.

Média crítica

Desde que começaram a ser construídas, na década de 1970, há uma média de um acidente para cada 10 aeronaves LET 410. Foram 105 ao todo, e 95 deles resultaram na perda total do avião. O número é maior do que os modelos Fokker 100, que ficaram conhecidos pelos brasileiros com o acidente da TAM que resultou em 99 mortes em São Paulo, em outubro de 1996. Esses têm 1,2 aeronaves a cada 10 acidentadas.

Atualmente, no Brasil, além da Team e da Noar, a empresa Sol Linhas Aéreas usa a LET 410 no trajeto Curitiba-Umuarama (PR) e a NHT também transporta seus passageiros em aviões do modelo em rotas que ligam as capitais do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná a cidades do interior do sul do país. (AES)

Projeto de 50 anos

O projeto do bimotor LET 410 foi criado nos anos 1960 e, atualmente, os modelos são produzidos pela empresa Let Aircraft. A aeronave, que custa cerca de US$ 2 milhões, tem capacidade de 21 pessoas, sendo 19 passageiros e dois tripulantes. Ela pode voar a até 388km/h de velocidade e fazer viagens de no máximo 1.317km.

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