A-10 Thunderbolt: da navalha do orçamento para a linha de frente contra o EI


Por Christopher Harress – Texto do Business Insider
Tradução, adaptação e edição por Nicholle Murmel

Com a campanha aérea contra alvos do Estado Islâmico na Síria, iniciada ontem (22SET14), uma aeronave venerável que estava prestes a ser retirada de serviço se juntou ao combate. Segundo informe da Guarda Nacional do estado de Indiana, o Pentágono enviará uma dúzia de aviões A-10 Thunderbolt e mais de 300 homens para o Oriente Médio no começo de outubro para combater as forças do EI.

O envio das aeronaves, há 40 anos em serviço, foi determinado apenas quatro meses depois de as máquinas serem poupadas dos cortes no orçamento de Defesa feitos pelo Congresso americano. A medida contrversa seguiu uma lógica simples – cortar os A-10 significaria a morte das tropas em terra.

Construídos originalmente pela finada companhia Fairchild para destruir blindados soviéticos na Europa, os A-10 sobreviveram ao fim da Guerra Fria graças à sua capacidade de voar baixo, carregar muitas bombas e um canhão potente, além de prover apoio aéreo aproxima às tropas – o que tornou o avião extremamente valioso no Afeganistão. Mas com os cortes orçamentários e o conflito afegão perdendo força, parecia o fim da linha para os Thunderbolt.

O A-10, querido por alguns dos oficiais superiors da USAF, tinha previsão de corte para maio deste ano, com economia prevista de cerca de quatro bilhões de dólares ao longo dos próximos cinco anos.. Ainda em maio, o Coronel da Força Aérea, Robert S. Spalding III, defendeu que uma aeronave como o Thunderbolt não tinha lugar no futuro da USAF, e que aqueles que defendiam mantê-las na ativa estavam “perdendo o foco da questão”.

Segundo o coronel, “a Força Aérea americana é a melhor do mundo em termos de apoio aéreo aproximado em um ambiente permissivo como o Afeganistão, mesmo sem o A-10”. A declaração foi feita ao International Business Times. “No futuro, forças de elite americanas passarão bem sem [os aviões] enquanto continuam a perseguir terroristas pelo Oriente Médio e África, e o A-10 tem cada vez menos função em um futuro combate em áreas mais críticas como a China, que está rapidamente fortalecendo seua capacidade antiaéra”, completa.

Mas os A-10 têm amigos influentes. Uma campanha liderada pelo senador republicano John McCain procurou salvar os aviões, alegando que eles eram os únicos modelos capazes de oferecer apoio tático e de precisão a baixas atitudes. Outro argumento era que demais aeronaves voavam alto e rápido demais, o que diminui a precisão contra alvos em perímetros reduzidos. Após votação na Casa Branca, foi decidido que os Thunderbolt permanecerão operacionais até 2015 com uma injeção de 635 milhões de dólares extras no orçamento.

E a campanha contra o Estado Islâmico parece ter justificado a decisão de manter os aviões operando. O maior desafio para as forças estadunidenses conduzindo ataques aéreos na Síria é que o EI é mais flexível e espalhado do que um exército convencional – isso foi algo que as tropas americanas testemunharam já no Afeganistão, combatendo contra a al Qaeda e o Taliban.

O voo de baixa altitude dos Thunderbolt proporciona mais flexibilidade e muito mais precisão do que aeronaves de caça ou bombardeiros. Caso forneça apoio aéreo (não a tropas dos EUA, uma vez que o presidente Obama já descartou enviá-las para combater o EI, mas provavelmente a rebeldes sírios moderados), o A-10 voa próximo ao solo a uma velocidade máxima de 706km/h e pode se concentrar em uma área por bastante tempo. Outro aspecto crucial é que seu emprego pode representar menos mortes e danos à população civil em comparação com aviões menos precisos.

 “Temos o melhor treinamento, equipamento e aeronaves do mundo. Temos nos preparado e praticado para esta missão nos últimos meses, e confio plenamente na nossa capacidade de mobilizar uma dos contingentes aéreos mais letais dos EUA para apoiar os esforços do pais no exterior”, declarou em comunicado ofical o coronel Craig E. Ash,  comandante do 122nd Fighter Wing Maintenance Group da USAF – unidade que enviará os Thunderbolt ao Oriente Médio.

Porém, há um problema peculiar ao A-10 que deve ser considerado. Por voar tão baixo, a aeronave se torna vulnerável a armas de menor porte e mísseis antiaéreos portáteis que não alcançam grandes altitudes. Isso pode resultar em membros do Estado Islâmico abatendo Thunderbolts, como abateram aviões militares sírios, e matando ou cpturando seus pilotos. “A última coisa que as forças americanas querem é ter que mobilizar uma operação de busca e resgate no meio da Síria, arriscando possíveis militares reféns”, diz James Carafano, vice-presidente para estudos internacionais e na área de defesa da Herritage Foundatios – escritório de inovação baseado em Washington com orientação intelectual conservadora.

O pensamento geral é que as aeronaves operando no Oriente Médio voarão a altitudes grandes demais para que qualquer arma do Estado Islâmico represente risco. O emprego dos A-10 pode muito bem dar ao EI a oportunidade de abater um avião americano.

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