
COBERTURA ESPECIAL - Brasil - Rússia - Inteligência
Governo do PT preparava com russos e a Odebrecht uma concorrente à EMBRAER
Sonhos ambiciosos, sem base na realidade, levaram a movimentos que resultaram em ações inócuas.
Equipe DefesaNet
Os governos Lula e de Dilma Rousseff tinham sonhos ambiciosos na área de tecnologia e queriam utilizar a indústria aeroespacial do Brasil, que envolve grandes corporações. A conclusão é de analistas de diversos serviços de inteligência, que rastrearam inclusive uma tentativa de forçar os diretores da EMBRAER a firmarem acordos de colaboração com o governo da Rússia para a produção de armamentos e sistemas avançados.
Os governos do PT trabalhando, sem nenhuma percepção da realidade política-estratégica do mundo real, projetaram planos mirabolantes.
Os russos pressionavam o Brasil para aquisição de equipamentos militares, para reduzir o balanço comercial favorável ao país sul-americano. Em consulta da Presidente Dilma aos militares brasileiros foi escolhido como potencial aquisição o sistema antiaéreo Pantsir S1 e lotes adicionais do míssil portátil antiaéreo MANPADS IGLA-S. O acordo previa transferência de tecnologia (ToT).
Durante a LAAD 2015 um momento registrado por DefesaNet. A partir da Esquerda: Acopov, Embaixador Russo em Brasília, Alexander Fomin, na oportunidade chefe da Colaboração Tecnica Militar hoje é o Vice-Ministro da Defesa da Rússia, André Amaro, Odebrecht Defesa e Tecnologia e representante da Rosoboronexport. Foto DefesaNet
Havia mais oportunidades e Moscou e Brasília buscavam estes programas. As tratativas para que o governo da Rússia fizesse um avião comercial com a EMBRAER começaram por intermédio do ex-presidente Lula. Ele queria que os russos, com ligação comercial estreita com a Venezuela na venda de armamentos e produtos bélicos, fizessem um avião militar com a EMBRAER e entrassem na concorrência, que acabou alijando os russos (Sukhoi SU-35) e escolhendo os suecos (SAAB Gripen NG), por grande influência do petista histórico Luís Marinho, ex-ministro de Lula e ex-prefeito de São Bernardo do Campo.
Em dezembro de 2014, o vice-premiê Dmitry Rogozin, encarregado do setor de defesa e aeroespacial na Rússia, e participante do pequeno círculo do Presidente Vladimir Putin, chegou ao Brasil para reuniões em Brasília e visita a fábrica matriz da EMBRAER, em São José dos Campos. Uma ano antes o Ministro da Defesa, Sergey Shoigu, teve uma recepção de Chefe de Estado em Brasília.
A visita se realizou mesmo sob as restrições americanas do sobrevoo de seu avião, por vários países, pela invasão da Ucrânia. A direção da EMBRAER se recusou a receber o russo, que enfurecido seguiu para a MECTRON, pertencente à Odebrecht Defesa e Tecnologia (ODT).
“Não tem incômodo algum, só ficou para nós estranha a posição da EMBRAER de não querer ampliar seus negócios.Íamos propor a produção conjunto de um avião civil. A EMBRAER é na verdade uma empresa norte americana, entendemos isso. Mas vamos procurar nos estabelecer no mercado aeronáutico daqui”, observou um dos porta-vozes do premiê. Em declaração exclusiva para DefesNet durante a visita à MECTRON.
No governo Lula e depois no de Dilma, assim que a Rússia foi desconsiderada na concorrência dos jatos militares para a FAB, ocorreu uma série de reuniões e a solução foi chamar a direção da EMBRAER e obrigá-los a desenvolver um aparelho comercial, de uso civil, para atender aos países do BRICS, algo que vem sendo desenvolvido entre Rússia, Índia e China. Provavelmente um turboélice, que já teria como mercado alvo os governos da África, da África do Sul e da Índia, a própria Rússia e alguns países menores da Ásia.
A imposição foi forte. Se não o fizessem, a direção da EMBRAER poderia esquecer os generosos financiamentos do BNDES. O vice-presidente do Vnesheconmbank, banco russo para o desenvolvimento de negócios no estrangeiro e presidente da seção russa do Conselho Empresarial Brasil-Rússia, Sergey Vasilyev, disse que a Rússia ofereceu à EMBRAER a utilização de uma área industrial para implantar uma linha de produção da companhia no país para a fabricação de aeronaves, além de US$ 1,5 bilhão iniciais.
A fábrica se localizaria na cidade de Ulianovsk, a 400 quilômetros de Moscou. O executivo afirmou que as negociações com a EMBRAER caminharam bem e foram responsáveis pela vinda do vice-premiê ao Brasil, mas já para negociar uma parceria para aviões militares. A desculpa usada na época era que a Rússia tinha uma demanda por aeronaves, principalmente jatos executivos. Um mercado potencial para os jatos executivos Legacy e Phenom da EMBRAER. Além de vender para a própria Rússia, a empresa poderia comercializar suas aeronaves aos países próximos, segundo o executivo russo.
Dmitry Rogozin interpelou agressivamente o Ministro da Defesa Celso Amorim e ligou para Lula e Dilma, pedindo explicações. A resposta foi que a Odebrecht Defesa e Tecnologia entraria no lugar da EMBRAER para a produção de aeronaves militares e armamentos aéreos. A Odebrecht ainda confiava que os acordos traçados por Lula vingariam, com sua promessa que o setor da indústria de defesa ganharia novos impulsos com o PAC da Defesa e a Odebrecht estaria inserida em um ótimo e lucrativo negócio.
Os russos chegaram a informar que fabricariam helicópteros no Brasil no auge do PAC da Defesa e depois desistiram de todos os acordos firmados com o governo brasileiro. Não voltaram a conversar com a Odebrecht Defesa sobre os projetos em parceria e nem sobre a fábrica de aviões para rivalizar com a Embraer e vender aeronaves para a Venezuela, Paraguai, Bolívia, Equador, Cuba, Argentina, Colômbia e Chile como era a proposta inicial.
Os russos seguiram então com os projetos Pantsir S1 e o MANPADS IGLA-S, onde o principal receptor da transferência de tecnologia seria a MECTRON.
O afinamento entre as operações da Odebrecht e a alta cúpula do PT e do governo federal, que já estava participando do Programa de Obtenção do Submarino (PROSUB), parceira com a estatal francesa DCNS, eram muito sólidas para serem rompidas. A fábrica de avião esteve para acontecer e o projeto só foi paralisado pelas investigações da Lava-Jato e que ameaça de tempo em tempo os contratos grandes contratos militares dos governos Lula–Dilma (PROSUB, H-XBR, Gripen NG).
Porém, os estrategistas do PT só faltaram “combinar com o russos”. O objetivo destes era a busca de tecnologia de gestão de produção e logística, ou o chamado “chão de fábrica”.
O mesmo que a americana BOEING procurou em São José, no início dos anos 2000, como montar uma rede de logística mundial para o futuro B787 Dreamliner. Estrutura que a EMBRAER elaborou cuidadosamente para as famílias ERJ145 e nos E-Jets 170/190.
Os russos buscavam apoio para seu ambicioso plano de modernização militar. Não de produtos, mas do complexo industrial-militar herdado da antiga União Soviética. Como introduzir processos de gestão mais eficientes e novos tecnologias de produção.
E também como obter eficiência energética no desenvolvimento de projetos aeronáuticos civis. O que limitou os projetos comerciais Tupolev e Ilyushin aos países do Pacto de Varsóvia ou aliados da União Soviética. Os projetos não eram competitivos aos BOEING, DOUGLAS ou AIRBUS.
Um novo lance poderá ocorrer quando da visita do presidente Michel Temer a Moscou, em 12 de Junho. Após a visita do Ministro Raul Jungmann a Moscou e reunião com o Ministro da Defesa Sergey Shoigu, no dia 25 Abril. O presidente Michel Temer era o representante brasileiro na “Comissão de Alto Nível de Cooperação entre Brasília e Moscou”.
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Arte do projeto Pantsir S1 como apresentado pela Odebrecht na LAAD 2013.
Foto - DefesaNet