Guiana Francesa – A crise política e social

Adriana Escosteguy

Centro de Estudos-Políticos Estratégicos da Marinha

Escola de Guerra Naval

 

Localizada na América do Sul, a Guiana Francesa é um departamento ultramarino francês cujo estatuto data de 1946. Sua história é marcada pelo processo de descentralização da administração francesa no qual, desde 1982, o departamento foi ganhando competências administrativas de maneira crescente.

Trata-se da 2ª maior região francesa: é rica em recursos naturais, notadamente o ouro, engaja contingentes militares franceses na luta contra a mineração ilegal desde 2008 (Operação Harpia) e hospeda a base de lançamento de foguetes e satélites da Agência Espacial Europeia, o Centro Espacial de Kourou – fruto de sua posição estratégica para lançamento em órbita.

Não obstante, a Guiana experimenta progressivos índices de violência e desemprego, sobretudo nos anos de 2015-2016 – segundo os comunicados recentes do Ministério do Interior –, ultrapassando em larga escala a média da França continental. No dia 17 de março, em protesto aos altos índices de delinquência na Guiana, aproximadamente 50 homens encapuzados do coletivo 500 frères (irmãos) invadiram uma conferência internacional que contava com a presença da Ministra francesa do meio ambiente, Ségolène Royal.

 

Dados sobre o Guiana Francesa

O incidente diplomático marcou o primeiro dia de uma sucessão de manifestações e greves, que, no dia 21, conseguiu impedir o lançamento do foguete Ariane 5, implicando grandes prejuízos financeiros.

A greve geral convocada pela União dos Trabalhadores Guianenses abriu uma rodada histórica de negociações com a administração francesa concernindo suas múltiplas reivindicações por segurança, trabalho e infraestrutura. O Ministro do Interior, Matthias Fekl, e a Ministra das Regiões Ultramarinas, Ericka Bareigts, anunciaram a assinatura de acordos setoriais e pactos com representantes grevistas e a concessão de 1 bilhão de euros destinados a medidas estruturantes de diversas áreas-chave presentes nas reivindicações.

 

Nota DefesaNet

A ação na Guaiana foi amplamente ignorada pela mídia brasileira. Porém seu impacto na fronteira norte é explosivo.

Pouco se sabe se há uma influência ou infiltração de grupos estrangeiros. Porém só os motivos regionais por si já são amplos para causar preocupação.

No mesmo dia os consulados da Guayana, Suriname e Haiti foram cercados, exigindo que seus cidadão fossem libertados das prisões da Guayana Francesa.

Problemas comuns à região como exploração de minérios e pedras preciosas, mais contrabando e narcotráfico.  

As Forças Armadas francesas mantém um centro de treinamento similar ao Centro de Instrução de Guerra na Selva, para os soldados da Legião Estrangeira.

O lançamento do foguete Ariane foi com o satélite SGSDC do Brasil e mais um de comunicação da Coréia do Sul foi cancelado. Atualmente está sendo feitos a revisão total do sistema para preparar novo lançamento, sem data prevista ainda.

O Editor

As manifestações tiveram o apoio de todos os prefeitos das cidades da Guaiana Francesa.

 

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