Brasil e Argentina assinam acordo para fortalecer cooperação aeronáutica

Os ministros da Defesa do Brasil e da Argentina, Celso Amorim e Agustín Rossi, assinaram nesta terça-feira (21) um importante acordo de cooperação bilateral que garantirá base jurídica e política para a ampliação de projetos conjuntos no setor aeronáutico.

Denominado Aliança Estratégica em Indústria Aeronáutica (AEIA), o acordo tem como objetivo integrar e fortalecer os setores industriais de defesa de ambas as nações. Para estímulo do setor produtivo dos dois países, figuram no documento a possibilidade de adoção de medidas como a identificação de potenciais alianças industriais, a elaboração de novos projetos conjuntos e a geração de demanda antecipada de produtos capazes de propiciar economia de escala.

A assinatura do acordo ocorreu logo após a cerimônia de lançamento (roll out) do avião cargueiro e reabastecedor militar KC-390, na unidade da Embraer em Gavião Peixoto, interior paulista (veja matérias sobre o lançamento do avião).

Um dos mais importantes projetos estratégicos da Defesa Nacional, o KC-390 foi projetado pela Força Aérea Brasileira (FAB) e fabricado pela Embraer com a participação de outros três países: Argentina, Portugal e República Tcheca.

Em pronunciamento realizado durante a assinatura do acordo, o ministro da Defesa argentino ressaltou a importância da participação da indústria de seu país na fabricação do cargueiro da Embraer. Segundo ele, os investimentos feitos para a produção de peças do KC-390 na Fábrica Argentina de Aviões (FAdeA), em Córdoba, foram fundamentais para revitalizar a indústria aeronáutica de seu país.

Agustín Rossi também anunciou a decisão do governo argentino de iniciar as negociações para aquisição de 24 caças suecos Gripen NG que serão produzidos no Brasil.

As condições da compra, assim como a eventual participação argentina na produção desses aviões, serão objeto de tratativas, nos próximos meses, entre representantes dos dois países. O contrato de aquisição e desenvolvimento de 36 Gripen NG, pelo Brasil, deverá ser assinado até dezembro deste ano.

O ministro Celso Amorim comemorou a assinatura do acordo com a Argentina, classificando-a como simbólica e “duplamente estratégica” por juntar os setores de defesa e aeroespacial. “Nossa disposição de cooperar com Argentina, país vizinho e amigo, é total”, disse.

Amorim afirmou que o Brasil estudará “com empenho” a possibilidade de participação argentina no projeto do Gripen NG. Em sua avaliação, há um extenso campo a ser explorado na cooperação em defesa entre os dois países. Como exemplo, ele citou a indústria naval, na produção de navios-patrulha e corvetas.

O Brasil mantém estreita cooperação com a Argentina em outros projetos na área de Defesa. No âmbito do Conselho de Defesa Sul-Americano (CDS/Unasul), os países participam, juntamente com outras nações da região, do desenvolvimento de um avião militar de treinamento básico e de um veículo aéreo não-tripulado (Vant).

Brasil e Argentina também iniciaram uma troca de experiências no setor de defesa cibernética. Além de participar da produção do KC-390, o país vizinho já manifestou a intenção de compra de seis unidades da aeronave.

Participaram também da cerimônia de assinatura do acordo os comandantes da Marinha (almirante Júlio Soares de Moura Neto), Exército (general Enzo Peri) e da Aeronáutica (brigadeiro Juniti Saito), o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (general José Carlos De Nardi), além do secretário-geral (Ari Matos) e do secretário de Produtos de Defesa do Ministério da Defesa (Murilo Marques).

Compartilhar:

Leia também

Inscreva-se na nossa newsletter