4 – A Consolidação dos Blindados no Exército Brasileiro

OS 100 ANOS DOS BLINDADOS NO EXÉRCITO BRASILEIRO

 

  4 – A CONSOLIDAÇÃO DOS BLINDADOS NO
EXÉRCITO BRASILEIRO

 
A consolidação dos blindados no Exército Brasileiro não ocorreu de forma contínua e linear, pois a tradição da cavalaria hipomóvel era milenar e, portanto, profundamente arraigada nos exércitos do mundo.

Essa realidade foi superada pelas ideias e ações arrojadas dos capitães José Pessoa, primeiro comandante de tropa blindada no Brasil, e o capitão Carlos Flores de Paiva Chaves, que deu prosseguimento ao pioneirismo de José Pessoa, ao ser nomeado para organizar o Centro de Instrução de Motorização e Mecanização (CIMM) e comandar a recém-criada Subunidade-Escola deste Centro, além de integrar a Comissão de Estudos de Motomecanização, uma novidade dentro do Exército Brasileiro.

Essa foi a continuação qualificada na formulação da doutrina de blindados. Essas ações possibilitaram ao Exército Nacional incorporar de forma irreversível a arma blindada, acompanhando os grandes exércitos do mundo na evolução da arte da guerra.
 
Primeiras viaturas empregadas pelo Exército Brasileiro:
 
Fiat Ansaldo CV3/35 Modelo II
 
Depois o Exército Brasileiro adotou o carro de assalto italiano Fiat Ansaldo CV3/35 Modelo II. A designação "CV" é uma abreviatura de Carro Veloce (italiano: “tanque rápido”). Os 23 blindados Fiat-Ansaldo, CV 3-35 II chegaram no Brasil em 25 de maio de 1938, para o Esquadrão de Auto-Metralhadora do Centro de Instrução de Motorização e Mecanização, integrado à recém-criada Subunidade-Escola de Motomecanização (atual Escola de Material Bélico – EsMB).

Durante e logo após a Segunda Guerra Mundial, o governo norte-americano estava preocupado com uma possível ameaça de invasão no continente americano por parte das forças do Eixo e prestou ajuda militar com o objetivo promover a modernização da Força Armada Brasileira. Com isto, a arma blindada brasileira foi inteiramente modificada e modernizada, passando a possuir blindados norte-americanos dos modelos M-3 Lee, M-4 Sherman e M-3 Stuart, os quais foram os sucessores dos Fiat-Ansaldo nas novas unidades criadas.
 
 

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M3 Stuart
 
O M3 Stuart era um tanque leve americano, que foi usado durante a Segunda Guerra Mundial pelas forças americanas e aliadas até o final da guerra. A produção do veículo começou em março de 1941 e continuou até outubro de 1943. O armamento do M3 consistia de um canhão de 37mm e metralhadora .30 Browning.

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Com a entrada do Brasil na guerra ao lado dos aliados, o Exército Brasileiro recebeu diversos carros de combate M3 ao longo dos anos seguintes, totalizando aproximadamente 350 unidades. O Stuart M3, que entre a tropa era conhecido como “Perereca”, por serem pintados de verde e por pularem muito ao transitarem no campo.

Foi empregado nos Batalhões de Carro de Combate Leve (BCCL), como o 3º BCCL, atual 29º Batalhão de Infantaria Blindada, em Santa Maria, e na função de reconhecimento nos Regimentos de Cavalaria Mecanizada. Permaneceu em serviço até a década de 70, quando foi substituído pelo M41 Walker Bulldog.
 

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Foto M3 Stuart sem data definida (provavelmente anso 50).


M3 Lee

O novo carro de combate M3 possuía um design incomum. Possuía dois canhões: um canhão de 37 mm, que estava montado na torre principal, e a arma principal, o canhão M2 de 75mm não estava instalado em uma torre giratória, e sim no chassi, isto se deu porque nesta época as indústrias americanas não dispunham da capacidade técnica para produzir uma torre fundida que portasse uma peça deste calibre. Acima da torre estava instalada uma metralhadora Browning.50, para uso do comandante do carro.

O Brasil recebeu inicialmente 104 tanques médios Lee nas versões M3A3 e M3A5 e, como padrão, ambos os modelos estavam armados com canhões de 75mm e 37mm, além de metralhadoras. Sua guarnição era composta de seis homens com o canhão principal, sendo operado por um artilheiro e um carregador.

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Via portal Armas Nacionais


A introdução dos carros de combate médio M3A3 e M3A5 nas fileiras do Exército Brasileiro viria a provocar a geração de um novo ciclo operacional em termos de carros de combate blindados. Abandonou-se, assim, a doutrina militar francesa da qual o Brasil era signatário, conceitos operacionais militares estes que já estavam ultrapassados, pois eram oriundos da experiência daquele país na Primeira Guerra Mundial.

Inicialmente, os novos tanques M3A3 e M3A5 Lee foram priorizados para as principais unidades blindadas, entre elas, primeiramente o 1º Batalhão de Carros de Combate (1º BCC), que estava aquartelado no antigo Derby Club, na cidade do Rio de Janeiro, e depois alocados junto ao 2º Batalhão de Carros de Combate (2º BCC), sediado em Valença, no mesmo estado e, por fim, no 3º Batalhão de Carros de Combate (3º BCC), sediado na capital do estado de São Paulo, consolidando assim a Divisão Motomecanizada.

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M8 Greyhoud
 
Em 1941, o Departamento de Defesa Americano, adotou o carro antitanque leve e de reconhecimento para as tropas de cavalaria M8 Greyhoud, veículo blindado leve sobre rodas com tração 6X6, armado com um canhão de 37 mm instalado em uma torre giratória, dispondo ainda de duas metralhadoras Bronwing .50. para autodefesa.

Seguindo a estrutura padrão do Exército Americano na Segunda Guerra Mundial, havia a necessidade de se compor na Força Expedicionária Brasileira (FEB) uma unidade de reconhecimento mecanizada. Criou-se, assim, o 1º Esquadrão de Reconhecimento da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária, com veículos de reconhecimento blindados, para poder dar suporte ao avanço das tropas no teatro de operações italiano, front de batalha designado para as Forças Armadas Brasileiras.

Ao longo da campanha os M-8 estiveram presentes nas principais batalhas e momentos de glória da FEB, como a Batalha de Montese e a rendição da 148ª Divisão Alemã, bem como, a dos remanescentes da Divisão Monte Rosa italiana. Após a guerra, os M8 continuaram empregados como viatura de reconhecimento na cavalaria mecanizada até a substituição pelas viaturas Cascavel, de fabricação nacional.
 

 

M8 Greyhoud em operação na Itália durante a Segunda Guerra Mundial

 
 
Carro de Combate Sherman
 
 Ocenário começaria a mudar a partir de meados de 1945, quando começaram a ser recebidos os primeiros carros de combate médio M-4 Sherman, que já substituíram de imediato os M3A3 e M3A5 Lee do 1º BCC e, assim, ao longo do próximo ano, gradativamente, os Sherman assumiram a posição de principal carro de combate brasileiro.

Os primeiros carros de combate M-4 Sherman chegaram ao Brasil em plena Segunda Guerra Mundial, 1943, para equipar unidades recém-criadas no Exército Brasileiro, como a Companhia Escola de Carros de Combate Médio.

Durante e no pós-guerra, o Exército recebeu aproximadamente 80 Sherman das versões M-4, M4-A1 e M-4 Composite Hull, que passaram a equipar diversas unidades blindadas até o final dos anos 60, quando foram sendo substituídos gradativamente pelos M-41 Walker Bulldog.

Essas viaturas foram dotação do 4º Regimento de Carros de Combate (4ºRCC), em Rosário do Sul, e 6º Regimento de Cavalaria Blindada (6º RCB), em Alegrete. A partir de 1957, começaram a ser recebidos os primeiros carros blindados M41 Walker Buldog, sendo descarregados do serviço ativo em 1969.

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Carros de Combate M4 Sherman (Couraça Composta) em manobras no Campo de Gericinó, Rio de Janeiro, próximos à escola de blindados, em abril de 1957. Fotografias de Dmitri Kessel para a LIFE Magazine, originais em preto-e-branco e coloridas; Brazilian Essay, Fotos  1957 Via Warfare Blog

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