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Por que combates aéreos mortais como o ocorrido na Síria são tão raros

David Molloy

O abate de um jato sírio pelos Estados Unidos está sendo anunciado como a primeira morte no ar causada por uma aeronave americana tripulada desde 1999.

O ataque ocorreu no domingo, após tropas sírias bombardearem combatentes apoiados pelos EUA no norte do país. A coalizão de curdos e árabes apoiada pelos EUA tenta expulsar militantes do grupo autodenominado Estado Islâmico de Raqqa, capital do "califado" proclamado pelos extremistas em 2014.

Apesar dos blockbusters de Hollywood mostrarem batalhas aéreas com frequência, elas quase desapareceram dos confrontos modernos.

No século 20, pilotos habilidosos que acumulavam mortes no ar costumavam ser chamados de áses. Os EUA consideram como ás um piloto com pelo menos cinco mortes confirmadas no currículo – mas nenhum funcionário em serviço detém o título nos dias de hoje.

F/A-18E, aeronave que, segundo o governo americano, teria abatido o jato sírio – EPA

A lição das guerras do Golfo

Um relatório publicado pelo Centro de Avaliação Estratégica e Orçamental (CSBA, na sigla em inglês) em 2015 identificou apenas 59 mortes desse tipo desde a década de 1990 – a maioria na Primeira Guerra do Golfo.

Naquele mesmo ano, o abate de um avião Su-24 russo pela Turquia na fronteira da Síria provocou uma disputa diplomática internacional. "A era do combate aéreo está em grande parte acabada", diz Justin Bronk, pesquisador do Royal United Services Institute, instituto britânico especializado em força aérea de combate.

"Após o índice de mortes alcançado pela Força Aérea e pela Marinha dos EUA durante a Primeira Guerra do Golfo, é muito raro que regimes sob ataque dos EUA e seus aliados enviem combatentes para defesa – já que eles sabem como vai acabar."

Naquela guerra, no início de 1991, o Iraque perdeu 33 aviões para as forças da coalizão no combate aéreo. Em contrapartida, seus aviões derrubaram apenas um F-18, de acordo com o banco de dados da CSBA. Essa lição levou muitos países a abandonarem a concorrência com os Estados Unidos.

"Mesmo nos últimos estágios da Primeira Guerra do Golfo, muitos pilotos iraquianos optaram por pilotar suas aeronaves em direção ao Irã para escapar de conflitos – decisão nada fácil logo após a brutal guerra Irã-Iraque", diz Bronk.

Durante a Segunda Guerra do Golfo, em vez de enviar combatentes, Saddam Hussein "manteve a maior parte da sua força aérea restante enterrada no subsolo para escapar da destruição".

Além disso, quando a ONU interveio na Líbia em 2011 para ajudar a rebelião contra o ditador Muamar Khadafi, a força aérea do país não fez nada para defender seu espaço aéreo.

Por que os EUA são tão dominantes?

O primeiro combate aéreo durante a Primeira Guerra Mundial envolveu alinhamento com o avião inimigo e tiros de metralhadoras de aeronaves movidas a hélice.

Apesar dos avanços tecnológicos, o princípio básico manteve-se o mesmo durante meio século. Mas na era moderna, o olho humano foi rapidamente substituído.

De 1965 a 1969, as armas representaram 65% das mortes em combates aéreos, segundo o CSBA. Entre 1990 e 2002, elas foram responsáveis por apenas 5% das mortes – com o resto sendo realizado por algum tipo de míssil.

"O combate aéreo moderno é quase inteiramente decidido pela percepção situacional (de radares e outros sensores) e tecnologia de mísseis", diz Bronk.

"Todas as mortes aéreas recentes ocorreram entre jatos rápidos e foram unilaterais, rápidas."

A maioria das mortes nas últimas duas décadas aconteceu após ataques a aviões inimigos que estavam muito longe para serem vistos a olho nu – o que significa que a tecnologia geralmente supera a habilidade do piloto.

Isso dá aos EUA uma clara vantagem. O país gasta mais em tecnologia militar do que qualquer outra nação, tem mais porta-aviões e usa navios especiais com sensores para ajudar sua frota aérea.

Diante de tal perspectiva, muitas forças aéreas escolhem não lutar contra um país tecnologicamente superior – e direcionam seus aviões para patrulhas ou ataques contra alvos terrestres.

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