Mirage 2000-5: imprensa francesa descreve vantagens de avião militar oferecido por Macron à Ucrânia

A imprensa francesa repercute nesta sexta-feira (7) a entrevista concedida ontem pelo presidente Emmanuel Macron, na qual ele anunciou que a França entregará aviões de caça Mirage 2000-5 à Ucrânia, em número não detalhado, o que era uma demanda antiga do presidente Volodymyr Zelensky para se defender dos ataques russos. Os aviões serão entregues no fim do ano, depois que pilotos ucranianos tiverem passado por seis meses de formação, com instrutores no território francês.

RFI – Durante a entrevista aos canais France 2 e TF1, Macron também anunciou que a França dará treinamento militar e equipamentos defensivos para um novo batalhão de 4.500 soldados ucranianos, sem citar o local onde ocorrerão essas atividades. Alguns veículos evocam a possibilidade que os instrutores franceses sejam enviados para uma área na região oeste da Ucrânia, o que ainda não foi definido, mas já fez o Kremlin interpretar como uma escalada no conflito.

Entrevistada nesta manhã pela rádio RTL, a líder de extrema direita Marine Le Pen criticou o envio de militares franceses à Ucrânia e acrescentou que Macron “está procurando entrar em guerra contra a Rússia”.

O diário econômico Les Echos detalha as especificidades do modelo Mirage 2000-5, versão lançada pelo fabricante Dassault em 1999, vendida, desde então, para vários países, incluindo Brasil, Índia, Egito, Emirados Árabes Unidos, Catar, Taiwan, Peru e Grécia. A produção do modelo foi interrompida em 2007, depois da Dassault ter produzido um total de 612 aeronaves.

A interceptação de mísseis e drones russos continua a ser uma prioridade para a Ucrânia. “O presidente Volodymyr Zelensky, que repete isso constantemente aos seus aliados, deve estar satisfeito: o Mirage 2000-5 é uma versão adaptada à defesa aérea”, escreve o Les Echos. Este modelo incorpora tecnologias desenvolvidas para o Rafale, outro avião de combate da Dassault Aviação, inclui um radar capaz de detectar até 24 alvos simultaneamente, com alcance de detecção aprimorado, e a possibilidade de realizar disparos simultâneos de mísseis antiaéreos MICA em vários alvos a até 80 quilômetros de distância.

Campanha eleitoral

Os anúncios de Macron acontecem dois dias antes da votação dos franceses nas eleições para o Parlamento Europeu, no domingo. Durante a entrevista a dois jornalistas, Macron alertou os eleitores sobre as consequências para a Ucrânia, caso a extrema direita vença o pleito com ampla vantagem, o que preveem as pesquisas em vários países do bloco. 

Segundo o jornal Libération, Macron relacionou as comemorações dos 80 anos do Desembarque dos aliados na Normandia, iniciadas ontem, com a ascensão da extrema direita na Europa, assim como os conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio, para defender “de forma dramática” a necessidade de se defender a paz. “Aqueles que pensam que isso é um dado adquirido, e que podemos fazer qualquer coisa, estão errados”, disse o chefe de Estado francês, após a cerimônia comemorativa que reuniu o presidente americano, Joe Biden, o rei Carlos 3° da Inglaterra e de uma série de chefes de Estado e de governo na praia de Omaha Beach, na Normandia.

Criticado pela oposição por usar essas comemorações para permanecer durante horas na mídia, “Macron faz uma última tentativa para conquistar eleitores para seu partido”, que está prestes a sofrer uma derrota histórica para a extrema direita na votação do Parlamento Europeu, resume o Le Monde

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