Empresas aéreas querem mais voos em 4 aeroportos

RICARDO GALLO

Por iniciativa das companhias aéreas, um comitê da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) propôs aumentar a quantidade de voos em quatro dos maiores aeroportos brasileiros, sem depender necessariamente de obras de melhoria.

Os alvos são Cumbica, em Guarulhos (SP), o mais movimentado do país, Brasília, Confins (MG) e Viracopos (SP), importantes centros de conexões da malha aérea.

Os quatro já operam atualmente acima da sua capacidade de abrigar passageiros -embora, em relação à pista, haja espaço disponível.


A proposta saiu semana passada em reunião da Câmara Técnica de Infraestrutura do Conselho Consultivo da Anac. O grupo fará um estudo, a ser concluído em três meses, para identificar de que modo ampliar as operações nos aeroportos. A aplicação, se efetivada pela Anac, fica para 2012.

Integram a câmara a Infraero (estatal que administra os aeroportos) e associações de companhias aéreas, entre outros. As resoluções são submetidas à Anac.

A proposta principal é reduzir a distância entre os aviões que aterrissam, de cerca de 18,5 km para 10 km.

"No mundo se pratica separação de 5 milhas náuticas [9,2 km], até menos, com segurança", diz Ronaldo Jenkins, diretor do Snea, o sindicato das empresas aéreas.

As empresas estão de olho em aproveitar a demanda – o movimento de passageiros subiu 21% em 2010.

Adotar a medida implicará, mais cedo ou mais tarde, contratar mais controladores de voo. Em outubro, a Folha mostrou que faltavam 900 controladores no país.

Hoje, Cumbica tem em média 30 operações por hora; o limite definido pela Aeronáutica é de 44 -uma folga de até 20% é necessária para atenuar atrasos.

Quem estabelece a capacidade de cada pista é o Decea (Departamento do Controle do Espaço Aéreo), da Aeronáutica. Procurado, o órgão não respondeu à Folha.

A câmara técnica buscará ainda soluções para otimizar o tempo que os aviões ficam em solo e o espaço que ocupam em cada aeroporto.


"Se obtivermos um aumento de eficiência, poderemos mitigar o problema de capacidade nesses aeroportos", diz o coordenador da câmara técnica Victor Celestino, diretor da Abetar (associação das companhias de transporte aéreo regional) e da Trip Linhas Aéreas.

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