DCNS vence na Austrália 12 Submarinos U$ 38,5 Bi

 

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DCNS wins in Austrália 12 Subs U$ 38,5 Bi Link

O Editor

 


Texto STRATFOR e
DefesaNet

Mesmo no lucrativo mundo do comércio de defesa, não é todo dia que uma venda no valor de mais de US $ 38,54 bilhões é feita.  O Primeiro-ministro australiano Malcolm Turnbull anunciou na terça-feira o vencedor do contrato Futuro Submarino da Austrália (Future Submarine).

O grupo industrial francês DCNS, especializado em equipamento naval, superou as empresas japonesas e alemãs rivais, forçando-os a aprender as lições amargas da perda de uma concorrência.

O Programa Future Submarine é o projeto de aquisição, na área de defesa, mais caro da história australiana. A pesquisa para a próxima classe de submarinos que substituiria os da Classe Collins, começou em 2007, com muito debate sobre detalhes, conceitos e as capacidades pretendidas.

A fase de aquisição do projeto entrou na reta final em fevereiro de 2015, com um processo de avaliação competitiva. Indústrias navais do Japão (Mitsubishi Heavy Industries e  Kawasaki Shipbuilding Corporation), alemã (TKMS) e  a francesa DCNS) competiram por um contrato para construir e entregar 12 submarinos ao todo, sendo o vencedor anunciado na terça-feira (26ABR2016).

Além da implicação econômica do contrato, no entanto, o projeto está diretamente ligado às ambições de vários países, particularmente Austrália e Japão.

A Marinha australiana não é especialmente grande – não é mesmo entre os cinco primeiras da Ásia. No entanto, a localização isolada da Austrália e a necessidade de proteger suas longas linhas de abastecimento e comércio, impôs a necessidade de Canberra operar submarinos transoceânicos, especialmente grandes, belonaves de longa autonômia capazes de operar em várias condições oceanográficas.

Para uma marinha atual o entendimento para ter tais requisitos, a resposta natural são submarinos com propulsão nuclear. Mas a Austrália não tem uma indústria nuclear nacional, além da oposição do eleitorado contra a energia nuclear conduziu a escolha para uma frota diesel-elétrica.

A política interna australiana, além disso, desempenhou um papel na definição da competição, graças a leis recentes que requerem intensa participação de estaleiros nacionais como condição prévia das propostas a serem consideradas.

Para os concorrentes japoneses, alemães e franceses, entender estes requisitos australianos, em particular, foi um elemento-chave do processo. A competição na Austrália era vital para o Japão, Alemanha, França e outros países que estavam competindo nas fases iniciais (Espanha e Suécia).

O Japão, para surpresa de muitos, entrou na corrida com vantagens sólidas. A oferta da classe Soryu já está em serviço, desde 2009, e é um projeto comprovado. O Soryu também é um dos maiores submarinos não nucleares do mundo, ideais para os requisitos da Austrália (deslocamento submerso 4.200t. Japão e Austrália também querem reforçar seus laços estratégicos, políticos e militares, especialmente na região da Ásia-Pacífico, onde muitos países estão receosos do rápido e agressivo crescimento da Marinha da China.

A venda da classe Soryu teria cimentado o relacionamento. No entanto, Tóquio é novata no negócio de exportação de armas e só agora está começando a aprender a jogar o jogo necessário. A falta de tato japonesa de cortejar estaleiros australianos indicam, o que provavelmente prejudicou suas chances de sucesso.

Por outro lado, a alemã TKMS  e a francesa DCNS, são empresas com larga experiência no mercado de defesa. Suas propostas incluíram profundo engajamento com estaleiros australianos, com a promessa de produção local desde o início. Mas, enquanto a classe 214 oferecido pela Alemanha é um projeto confiável, DCNS ofereceu uma variante diesel-elétrica de seu submarino nuclear da classe Barracuda, combinando os requisitos australianos para um submarino com autonomia de uma nave com propulsão nuclear, porém com propulsão diesel-elétrica.

Os alemães ofereceram uma nova classe a Type 216 com um submarino maior para atender aos requisitos de autonomia indicados pelos australianos.

A versão diesel-eletrica chamada de Shortfin Barracuda baseado no Barracuda com propulsão nuclear da Marine Nationale. Arte – DCNS

A vitória da francesa DCNS pode ser a chave para ajudá-la em contratos futuros com outros países da região, como a Índia, que buscam submarinos maiores. Por outro lado é improvável que as atividades de exportação de submarinos pela Alemanha sejam gravemente atingidas: a TKMS tem um longa história de conquistas e desenvolvimentos na área.

Ao oferecer uma versão diesel-elétrica do Barracuda atualmente em desenvolvimento para a Marine Nationale, mas com propulsão nuclear no Programa Future Submarine a francesa DCNS teve uma visão estratégica notável. A versão australiana foi batizada como Shortfin Barracuda

Talvez muito da experiência da DCNS com o Programa PROSUB, da Marinha do Brasil. O tema nuclear deixou de ser tabu para os franceses e decidiram compartilhar com outros países tecnologias, que possivelmente podem ser usados para propulsão nuclear. O que a Austrália abdicou por questões políticas internas.  

O Japão esperava, que ganhando o contrato australiano servisse para alavancar a entrada triunfal de Tóquio no mercado internacional de defesa. Suas ambições sofreram um duro golpe, um lembrete para a indústria de defesa japonesa do considerável trabalho necessário para a preparação em competições futuras.  Na fase final o próprio governo americano pressionou em favor da oferta japonesa.
 
No entanto, as coisas vão continuar a funcionar normalmente no país – sem encomendas estrangeiras significativas, continuando a tendência das últimas décadas – enquanto o Japão espera mais oportunidades de competir por negócios lucrativos no exterior.

A crescente importância, para a cada vez mais estreita relação entre Tóquio e Canberra, alinhados com os Estados Unidos, e é improvável que sejam afetadas sofrem por causa da concorrência.
 
As negociações entre o Governo Australiano e o Consórcio vencedor DCNS-Thales começam ainda em 2016 devendo finalizar em 2017.

 
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