Brasil desenvolve nova sonda pitot

Pesquisadores da Coppe (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia), órgão da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), planejam desenvolver, no prazo de dois a três anos, sensores de velocidade para aviões que não sofram interferência da temperatura. Um dos pesquisadores é pai de uma vítima do voo 447 da Air France.

A principal causa do acidente com o avião da Air France –que voava do Rio a Paris e caiu sobre o oceano Atlântico, matando 228 pessoas, em maio de 2009– foi a falha dos sensores de velocidade, chamados tubos de pitot. A aeronave tinha três equipamentos desse tipo, mas nenhum funcionou.

"Hoje existem pitots de vários fabricantes, mas todos funcionam da mesma forma. A condição atmosférica que faz com que um não funcione também fará com que nenhum outro funcione", diz o professor do programa de engenharia mecânica da Coppe Átila Silva Freire, um dos responsáveis pelo projeto e pai da médica Bianca Cotta, que viajava com o marido no voo 447.

"Essa perda me dá mais energia para fazer esse projeto. Mais que um dever, é uma missão que eu tenho", afirma Cotta.

Os pitots são preparados para suportar altitude de até 40 mil pés e temperatura de até 40 graus negativos. Se forem obrigados a enfrentar altitude maior ou temperatura menor, podem falhar, como aconteceu no voo da Air France, sob temperatura de 52 graus negativos.

"Nosso projeto é desenvolver um sensor que use outra técnica e suporte qualquer temperatura", conta Freire.

"Esse protótipo vai ficar pronto em dois a três anos, a um custo de R$ 3 milhões", estima Renato Cotta, outro professor do programa de engenharia mecânica da Coppe envolvido no projeto.

Dados

Quase dois anos após a queda do avião que fazia o voo 447, o BEA (Birô de Investigações e Análise), órgão do governo francês encarregado das investigações sobre o acidente com o voo da Air France, divulgou na última sexta-feira (27) os primeiros dados registrados nas caixas-pretas.

O relatório aponta que o avião caiu por 3 minutos e 22 segundos antes de tocar a superfície do oceano a uma velocidade de cerca de 200 km/h.

Segundo o BEA, o relatório descreve "de maneira factual a sequência dos acontecimentos que levaram ao acidente". As primeiras análises definitivas serão apresentadas somente no fim de julho. "Só depois de um trabalho longo e minucioso de investigação é que as causas do acidente serão determinadas e as recomendações de segurança serão emitidas, o que é a principal missão do BEA", informou o órgão.

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