Aviões especiais para operar no Santos Dumont (SDU)

 

Danielle Nogueira

 
 
RIO – A crise por que passa o setor de aviação tem levado companhias aéreas a devolver aviões. Por outro lado, elas também estão encomendando aeronaves mais modernas, dotadas de tecnologias que lhes permitem voar com 100% de ocupação em voos que partem de aeroportos com pistas curtas, como o Santos Dumont (código IATA- SDU).

Por causa do tamanho da pista, há limitações para pouso e decolagem de grandes aviões no terminal carioca, obrigando as empresas a voar com assentos vazios para evitar excesso de peso, mesmo que haja gente disposta a comprar passagem. As novas tecnologias visam a superar este entrave, além de viabilizar voos mais longos.

O Santos Dumont é origem ou destino de duas das dez rotas que mais transportam pessoas no país, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC): Santos Dumont-Congonhas (CGH), que também está entre as mais movimentadas do mundo, e Santos Dumont-Brasília (BSB). Num momento de queda de demanda, as aéreas não querem correr o risco de deixar de embarcar um passageiro sequer.

AZUL e GOL saíram na frente nessa estratégia. A AZUL encomendou 60 aviões à europeia Airbus do modelo A320neo com a chamada tecnologia Sharp, pacote de melhorias em aerodinâmica, freio e controle de voo, permitindo que o avião decole com todos os assentos ocupados. De acordo com a Airbus, os aviões são configurados para até 180 passageiros, ampliando o número de pessoas que embarcam nos voos da AZUL atualmente.

A AZUL opera no Santos Dumont com o E-190 (106 assentos) e E-195 (118 assentos), ambos da Embraer. O A320neo também consome menos combustível, reduzindo emissões de CO2, além de emitir menos ruído. O primeiro avião encomendado pela AZUL chega ao Brasil em setembro.

Já a GOL encomendou à americana Boeing aeronaves 737-800 com pacote de melhorias semelhante, o Short Field Performance (SFP). Nesses aviões, os freios são à base de carbono, material mais leve do que o aço. Os pneus são mais rígidos e têm superfície maior em contato com o chão, provocando maior atrito. E há otimizações no sistema de computador que gerencia o voo. Tudo isso melhora o desempenho da aeronave, permitindo-lhe decolar e aterrissar em pistas curtas praticamente sem restrições.

Pioneira nessa estratégia, a GOL já tem 103 das 143 aeronaves de sua frota equipadas com o pacote, o que permitiu à empresa disponibilizar mil assentos adicionais diariamente para venda na ponte aérea.

– Em síntese, são aviões com potência maior, freio melhor e menos peso. Além de driblarem restrições de aeroportos de pistas curtas, voam mais longe que os modelos tradicionais, pois consomem menos combustível. Assim, possibilitam às empresas não apenas transportar mais gente, como ofertar novos destinos – diz Jorge Leal, professor de Transporte Aéreo da Escola Politécnica da USP.

No momento de queda de demanda, porém, as aéreas não tem cogitado expansões de malha. Segundo a AZUL, os A320neo serão usados em rotas nacionais de longo curso, "onde esse tipo de aeronave é mais eficiente" e, por enquanto, não há novidades sobre novas rotas a partir do Santos Dumont. GOL também não fala em novos destinos.

A AVIANCA voa para Congonhas e Brasília a partir do Santos Dumont. A empresa também encomendou A320neo à Airbus equipados com a tecnologia Sharp e diz que " poderão ser utilizados nessas rotas, para a atender ainda melhor a demanda", sem perspectiva de aumento de número de voos no momento. Já a Latam, que usa A319 na ponte aérea (144 lugares), diz que a rota continua a ser uma das mais importantes do mercado, mas também não sinaliza com novidades.

Nota DefesaNet

Nos anos 90 uma grande discussão ocorreu no Brasil. Fechar ou manter aberto o Santos Dumont. Com a construção da Ponte Rio Niteroi que dificulta a aproximação e na outra ponta o Corcovado bem na linha de voo eram dificuldades intransponíveis.

Enquanto isso mantinham-se os ELECTRA da VARIG em um pool de empresas na Ponte Aérea. Algumas empresas inclusive propuseram alterar o eixo da pista para que escapando do Corcovado pudesse decolar aeronaves de maior capacidade (Fokker 100 e B737-300 e 500).

O enorme aumento de potência nas turbinas nos modelos Airbus A320 e nos Boeing B737-800 e 900. Além disso surge um avião como que projetado para operar no Santos Dumont e Congonhas a série E-Jet da EMBRAER EMB 170 e 190/5.

Isto não impede muitos sustos com a aproximação sobre a Baia da Guanabara para o pouso no Santos Dumont. Porém talvez o mais insólito foi Asas Delta, que decolaram da Pedra da Gávea, aproveitando as térmicas favoráveis, curzarem a rota de voo das aeronaves.

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