Vítimas indignadas com a afirmação das FARC de que não mantêm sequestrados

Familiares de vítimas do conflito armado na Colômbia mostraram-se indignados, em 6 de setembro, diante da afirmação das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) de que já não mantêm sequestrados em seu poder e reivindicaram um lugar na mesa de negociação de paz entre a guerrilha e o governo, que será instalada em outubro, em Oslo.

Dezenas de familiares de sequestrados e desaparecidos concentraram-se no dia 6 de setembro na Praça Bolívar, em Bogotá, para manifestar seu respeito pelo início do processo de paz entre a organização armada comunista e o governo de Juan Manuel Santos.

Eles solicitaram ao governo que “dois familiares de sequestrados e dois de desaparecidos participem dos diálogos na qualidade de participantes temáticos”, segundo um comunicado da Associação “Los que faltan”, lido pelo jornalista colombiano Herbin Hoyos.

María Elena Gálvez, que procura informações sobre o paradeiro de seu pai, sequestrado em 1991, afirmou à AFP que alguém que sofre esses crimes “precisa estar presente”.

Os familiares exigiram que o esclarecimento de todos os casos seja o primeiro item da agenda discutida entre o governo e as FARC.

Consideraram também “inaceitável” que representantes das FARC tenham garantido, em 6 de setembro, em uma entrevista coletiva em Havana, que uma consulta a todas as suas frentes de combate tenha concluído que não existe nenhuma pessoa em cativeiro.

Então onde estão todos os sequestrados e desaparecidos pelos quais lutamos? Perguntou Gálvez, intrigada.

Na entrevista coletiva, os comandantes guerrilheiros deram a entender que os sequestros cometidos por outros grupos são erroneamente atribuídos a eles.

Clara Rojas, diretora da ONG País Libre, que presta assistência aos familiares dos sequestrados, demonstrou seu “desconcerto” com a afirmação das FARC.

“Fiquei quase sem palavras. Essa não é uma resposta para todos esses familiares. Espero que eles reconsiderem. Pode ser que seus comandantes não estejam dizendo toda a verdade”, disse Rojas, ela mesma sequestrada em 2002 junto com a ex-candidata à Presidência Ingrid Betancourt, e libertada em 2008.

A ONG País Libre, que presta assistência aos familiares dos sequestrados, tem 405 casos documentados de pessoas que estariam em poder das FARC, mas pediu ao governo que divulgue uma lista oficial sobre os sequestrados e desaparecidos, que algumas organizações contam aos milhares.

As FARC anunciaram, em fevereiro, sua renúncia ao sequestro de civis com fins de extorsão, e em abril libertaram os últimos dez policiais e militares que diziam manter em cativeiro.

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