Top Secret – Ingleses em Canoas – ZH – Na Base de Canoas o avião inglês que abastece as Malvnas

Nota DefesaNet

Index das matérias publicadas na Série Top Secret – Ingleses em Canoas- O uso de Bases Brasileiras para pousos de aviões ingleses em rota para as Malvinas. As negativas diplomáticas e no fim o real objetivo da permissão Brasileira. Inclui matérias do Jornal Zero Hora, revista Veja e outros jornais da época:

1 – Abertura Top Secret – Ingleses em Canoas Link

2 – Exclusivo Zero Hora 24 Junho 1983 – Na Base de Canoas o avião inglês que abastece as Malvnas Link

3 – Top Secret – Brasil tenta a "estória" dos Pousos Técnicos Link

MMMatérias dos jornal Zero Hora dos dia 25 Junho 1983

4 – Top Secret – Ingleses Detonam – Confirmam os pousos Link

MMMatéria do jornal Zero Hora do dia 27 Junho 1983

5 – Top Secret – Ingleses em Canoas – VEJA – EMBRAER dá a Pista

      Matéria de VEJA 29 Junho 1983

 

2 – Exclusivo Zero Hora 24 Junho 1983 – Na Base de Canoas o avião inglês que abastece as Malvnas

Pondo fim a longos meses de desmentidos de parte de autoridades brasileiras e internacionais, ficou confirmado, ontem, que aviões Hércules ingleses, sistematicamente, vêm obtendo permissão para realizar pouso técnico na Base Aérea de Canoas, à caminho das Malvinas, conforme mostram as fotos exclusivas de Fernando Gomes. O Hércules prefixo 298, de fuselagem camuflada, com a inscrição da Royal Air Force, desceu repentinamente, às 11h1Omin, de um maciço bloco de nuvens, taxiando em direção a um dos hangares da Base Aérea.

Não é  verdade, que a primeira-ministra  Britânica , Margaret Thatcher, tenha desembarcado em Canoas, para esticar as pernas a caminho das Malvinas, onde chegou no dia 8 de janeiro deste ano, enquanto o avião que a transportava era abastecido. Em compensação, o comando do V COMAR(Comando Aéreo Regional), não nega que, sistematicamente, aviões Hércules C-130, de bandeira inglesa, utilizem, com a devida permissão das autoridades brasileiras, a Base Aérea de Canoas, onde realizam um chamado pouso técnico em busca de abastecimento. Ontem, per exemplo, foi um desses dias.

Cedo da manhã, as luzes da torre de controle da Base Aérea estão piscando, atiçando a curiosidade dos que caminham, apesar do mau tempo e da chuva fina, nas proximidades do Parque Santos Dumont, lindeiro ao campo de pouso da base, em Canoas. E, às 11h10min, descendo repentinamente do maciço bloco de nuvens, chega o Hércules prefixo 298 com a inscrição Royal Air Force na fuselagem, a justificar um certo clima de mistério que parece cercar a aterrissagem .

 Pintado em cores de camuflagem, como os 12 Hércules brasileiros, assim que toca o solo, o avião britânico começa a taxiar em direção a um dos hangares da base, de onde alguns funcionários saem para recepcionar a tripulação. Minutos depois, no entanto, além de não conseguir contatar com o comando da base, que está ausente, a equipe de Zero Hora é contestada ironicamente por alguns cabos e um sargento da Aeronáutica para quem a existência de um Hércules da RAF ali é apenas obra de imaginações muito férteis.

 PREOCUPAÇÃ0 COM OS ARGENTINOS

Somente no V COMAR, o que na base é denominado sonho acaba se transformando em fato concreto. Ali, o comandante Major-Brigadeiro Thales de Almeida Cruz informa que aviões Ingleses que fazem a ligação da Inglaterra com as Ilhas Malvinas têm, efetivamente, realizado pousos técnicos em Canoas para abastecimento. Os aparelhos, normalmente Hércules C-130 voam até a Ilha Ascenção e de lá partem para, Port Stanley, capital das Malvinas. Mas, se encontram mau tempo naquela área, impedindo a aterrissagem, fazem uma viagem de retorno, de oito horas, pousando em Canoas. Também ocorre o caso dos aviões, em voo direto, necessitarem de mais combustível e descerem para reabastecimento.

 Toda vez que os pilotos Ingleses constatam que vão precisar de apoio técnico, diz o Brigadeiro Almeida Cruz, devem acionar um mesmo tipo de procedimento. Entram em contato com as autoridades inglesas, estas recorrem ao Itamaraty e este pede ao Estado-Maior da Aeronáutica que dê permissão para a Base Aérea de Canoas  receber os  aviões estrangeiros. "Faríamos a mesma coisa com os argentinos", esclarece o comandante do V COMAR, lembrando  que a preocupação brasileira é a de não deixar os habitantes das Malvinas "morrerem de fome e de doenças", uma vez que os Hércules, segundo afirma, transportam viveres e medicamentos.

Tanto os aviões a serviço da Royal Air Force já abasteceram diversas vezes aqui que a  maioria dos pilotos cultiva, com seus colegas brasileiros, excelentes relações de amizade. Mais não sendo porque, solicitando permissão para pouso técnico em noites de mau tempo, os ingleses, inclusive, aceitaram o convite para pernoitarem no cassino dos oficiais da Base Aérea, levantando voo no dia seguinte, isso em mais de uma oportunidade.

"Qualquer avião, de qualquer bandeira, não precisa de autorização para sobrevoar um pais estrangeiro"(Nota DefesaNet – Todo e qualquer avião militar ou de governo estrangeiro deve solicitar permissão de sobrevvo), lembra o brigadeiro, ressaltando que o pais sobrevoado, este sim, "se reserva o direito de pedir para o aparelho baixar para examinar-lhe a carga", como ocorreu recentemente com as aviões líbios. Mas, apesar de os Hércules britânicos transportarem alimentos e remédios e de aterrissarem em Canoas com a permissão das autoridades brasileiras pelo menos uma vez por semana, fotografa-los é uma tarefa proibida, pelo menos oficialmente.

 

 A determinação é de não criar muita publicidade em torno à sistemática presença dos Hercules em Canoas para não ferir o humor dos argentinos. Embora seja o próprio brigadeiro Almeida Cruz quem invoque a Convenção de Chicago (firmada logo após o término da II Guerra Mundial, estabelecendo leis para o espaço aéreo) para dizer que a permissão para pouso técnico vem a ser "a quinta liberdade estabelecida por esta convenção.

 

Para o comandante do V COMAR, não se pode esquecer que atualmente as Malvinas estão cercadas por imensos icebergs que impedem a navegação e que somente aviões têm condições de chegar até os habitantes das ilhas. Nesse sentido, ele compara o abastecimento da região ao trabalho que a Força Aérea Brasileira faz na Ilha de Fernando de Noronha onde também os aviões são essenciais, tentando deixar de lado o aspecto político do Atlântico Sul.

 De qualquer forma, observa que, se fossem os argentinos que estivessem solicitando sistematicamente ao Brasil pouso técnico, desde que a carga fosse inofensiva, a permissão também seria concedida, e o Brasil não teria porque de se negar a servir como "trampolim".

 

 

 

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