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Brasil finalmente começa a exportar tecnologia para a Índia

A fabricante multinacional brasileira Taurus obtém a licença final e começará a produzir armas no país em janeiro de 2024

A empresa multinacional brasileira Taurus recebeu nesta quinta-feira (09.nov.2023) a autorização do governo da Índia para o início da produção comercial de armas de fogo na fábrica construída no país, na cidade de Hisar, no estado de Haryana.

A nova unidade fabril é resultado da joint venture entre a brasileira Taurus Armas S.A. e o grupo indiano Jindal Defence Systems Pvt Limited, que prevê pioneira transferência de tecnologia para a área de defesa da Índia e a fabricação de armas em território indiano, de acordo com o programa “Make in India” que visa desenvolver a indústria local.

Agora, o Brasil, que é um país tradicionalmente exportador de bens do setor primário, começará a exportar tecnologia para um dos países mais importantes do mundo, o maior em termos populacionais, e em um setor extremamente estratégico, que é o setor de defesa, onde a Índia já se destaca no que se refere a investimentos para o desenvolvimento de armas e equipamentos com tecnologia de ponta.

“Esta é uma realização muito importante para a companhia, para os nossos colaboradores, assim como para todos os brasileiros, porque depois de três anos de trabalho intenso, de superação de diferenças culturais, diferenças de processos e de toda a burocracia, principalmente na área de defesa, onde existe um controle extremo em todos os países, a Taurus e o Brasil finalmente recebem a permissão para iniciar a transferência de tecnologia, atendendo ao programa Make in India do governo indiano para ter tecnologia sob seu domínio. Em suma, é um fato histórico e muito importante para o Brasil”, afirma Salesio Nuhs, CEO Global da Taurus.

A unidade fabril na Índia começará a produzir em janeiro de 2024, inicialmente para o mercado civil. Já a fabricação voltada ao mercado militar, policial e de segurança, acontecerá de acordo com as licitações que forem sendo conquistadas.

A fábrica conta, atualmente, com capacidade de montagem de aproximadamente de 1.150 armas por dia e terá um possível ramp up ao longo do ano, conforme a demanda. A Taurus está explorando oportunidades comerciais na região, além do imenso e quase inexplorado mercado civil.

Segue em andamento a maior licitação já realizada no mundo, de 425 mil fuzis para o Ministério de Defesa da Índia, da qual a Companhia está participando. A entrega de amostras das armas para avaliações qualificatórias, que seguirão um rígido protocolo de testes, entre eles em uma base no Himalaia em condições de baixa temperatura e no deserto em alta temperatura, está prevista para janeiro de 2024. A empresa também concorre em outras licitações de menor volume a nível das forças policiais e paramilitares que, no médio prazo, envolvem negócios estimados em mais de US$ 30 milhões.

A Taurus se destaca no mercado mundial por ter preços muito competitivos, alta tecnologia, qualidade e volume de produção (que poucos fabricantes do setor têm), fatores estes que fizeram com que vencesse, entre outras, a concorrência para fornecer o fuzil T4 ao Exército das Filipinas no ano passado, também competindo com grandes fabricantes internacionais de armas.

Pioneirismo

A Taurus, Empresa Estratégica de Defesa e integrante da Base Industrial de Defesa (BID) brasileira, é pioneira em programa de transferência de tecnologia para a promissora área de defesa indiana. Esta é a primeira fábrica privada para fornecimento ao mercado civil na Índia, além da primeira fábrica de armas no Estado de Haryana.  

A parceria com a Jindal Defence foi celebrada em 2020 durante o primeiro Diálogo Brasil-Índia da Indústria de Defesa, do Fórum Empresarial Índia-Brasil (IBBF), organizado pelo Ministério das Relações Exteriores do Governo da Índia. A joint venture tem capital acionário formado por ambas as empresas, na proporção 51% Jindal Defence e 49% Taurus. A Taurus aportará tecnologia, enquanto o Jindal Group injetou capital.

O Brasil se torna referência e pioneiro em transferência de tecnologia para a Índia, por meio da fabricante nacional Taurus, enquanto no país são impostas regras para restrição da compra de armas, questiona-se o direito dos cidadãos de exercerem a legitima defesa e, inclusive, atletas brasileiros são impedidos de terem acesso a produtos para treinamento e participação em competições internacionais de tiro esportivo (tradicional modalidade que, no passado, rendeu a primeira medalha olímpica para o Brasil).

Índia – um mercado promissor

A Índia tem uma das maiores forças armadas do mundo em termos de efetivo, com mais de 1,3 milhão de integrantes. Nas forças de segurança são cerca de 1,4 milhão de policiais. O mercado indiano ainda conta com aproximadamente 7 milhões de seguranças privados, assim como atiradores esportivos e cidadãos de um país com mais de 1,4 bilhão de habitantes, sendo o mais populoso do mundo.

Nos últimos cinco anos, a Índia foi o segundo maior importador mundial de armamento e está entre os cinco principais países do mundo com maiores gastos no setor de defesa.

Apesar disso, fontes internacionais afirmam que a Índia possui apenas cerca de 74 milhões de armas leves civis, principalmente pistolas e revólveres antigos e obsoletos. O país fornece anualmente cerca de 45 mil novas licenças para aquisição de armas e há aproximadamente 12 milhões de licenças ativas. Não parece haver dúvidas de que um mercado civil quase inexplorado, com uma população de 1,4 bilhão de pessoas, é um nicho atraente, perene e promissor.

A Índia é considerada a quarta potência militar do planeta, atrás apenas dos EUA, Rússia e China. Além disso, tem o 8º PIB do mundo, à frente de países como Itália, Coreia do Sul, Canadá e Rússia.

O potencial na Índia, no setor de defesa, é imenso. O número de empregos criados com a nova fábrica e a transferência de tecnologia sem dúvida trarão uma nova era na área de defesa indiana.

A fábrica na Índia poderá se constituir em um novo divisor de águas para a multinacional brasileira, assim como já foi a mudança de gestão da companhia em 2018 e o turnaround implementado na empresa que a elevou ao patamar de maior vendedora de armas leves do mundo, líder mundial na fabricação de revólveres e uma das maiores produtoras de pistolas, além da marca mais importada pelos EUA (maior mercado de armas do mundo). É assim, com sucesso e um futuro promissor, que a Taurus completa seus 84 anos de história este mês.

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