Obama busca apoio do Sudeste Asiático frente à China

Barack Obama tenta integrar todos os governos da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), em uma postura comum frente a Pequim e a sua decisão de construir ilhas artificiais nos atóis do mar da China Meridional.

O tema fez parte da agenda da reunião de dois dias, encerrada nesta terça-feira, com os dez países que compõem a Asean. O encontro foi em Sunnylands, um retiro isolado em Rancho Mirage, no estado da Califórnia (oeste).

O objetivo da Casa Branca é organizar uma coalizão informal com seus aliados do Pacífico para pressionar a China a acatar a sentença de um tribunal da ONU.

A Corte Permanente de Arbitragem da ONU deve decidir entre abril e maio, se tem sustentação legal a pretensão chinesa de exercer soberania sobre uma vasta extensão do mar que inclui os arquipélagos Paracel e Spratly.

Até agora, Pequim havia-se negado a reconhecer a jurisdição desse tribunal para abordar o tema.

Assim como China e Taiwan (que não foram convidados à cúpula), Brunei, Malásia, Filipinas e Vietnã reivindicam várias zonas de remotos recifes, ilhas e bancos que se transformaram em pontos de árdua disputa geopolítica.

As recentes obras de construção militar da China em vários recifes de corais na área, criando ilhas artificiais, provocaram o temor de que se pudesse deflagrar um conflito militar.

Giro para o Pacífico

Obama abriu a sessão da Asean em Sunnylands, declarando que os Estados Unidos "compartilham o objetivo de construir uma ordem regional onde todas as nações joguem as mesmas regras".

O presidente convocou que se "resolva pacificamente" as diferenças na área e que "se dê passos concretos" nessa direção.

Ele também anunciou um pacote de medidas destinadas a estimular as economias do Sudeste Asiático em áreas como comércio, telecomunicações e energia.

O plano prevê a abertura de três escritórios – em Jacarta, Bangcoc e Cingapura – como uma maneira de concretizar "o compromisso econômico dos Estados Unidos com as instituições da Asean".

Os países da Asean têm "a esperança de que, embora não imediatamente, com o tempo, os chineses não queiram se ver isolados e considerados como um pária internacional, como um país que não está disposto a cumprir as normas do Direito Internacional", comentou o especialista em assuntos do Sudeste Asiático Ernest Bower, do americano Center for Strategic and International Studies (CSIS).

Já a Casa Branca via esta cúpula como uma oportunidade para acentuar a crescente importância que Obama vem dando às relações dos Estados Unidos com a Ásia, no chamado "giro para o Pacífico". O presidente americano espera concluir esta agenda antes de deixar o governo em janeiro de 2017.

"Como presidente, insisti em que, mesmo quando os Estados Unidos enfrentam ameaças urgentes em todo o mundo, nossa Política Exterior também tem de aproveitar as novas oportunidades. E poucas regiões apresentam mais oportunidades no século XXI do que a região da Ásia e do Pacífico", afirmou.

"No início da minha Presidência, decidi que o compromisso dos Estados Unidos, como uma nação do Pacífico, seria o de reequilibrar nossa Política Externa e desempenhar um papel mais amplo e de longo prazo na região Ásia-Pacífico", acrescentou Obama.

Conflito na Síria 'não é concurso entre Putin e eu', diz Obama

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou nesta terça-feira que o conflito na Síria não deve ser um "concurso" entre ele e o presidente russo, Vladimir Putin, no momento em que a guerra se internacionaliza no norte do país.

"Não é um concurso entre Putin e eu", respondeu Obama, em entrevista coletiva, ao ser questionado sobre se ele se sentia enganado pelo colega russo, cujo Exército intervém há semanas em apoio às forças do presidente sírio, Bashar al-Assad.

"O fato de que Putin tenha tido de despachar suas próprias forças, sua própria Força Aérea e tenha tido de lançar esta operação militar de envergadura (…) demonstra que a posição de Assad é frágil, não forte", observou.

Quando Moscou iniciou sua campanha aérea na Síria em 30 de setembro, Obama advertiu a Rússia sobre os riscos de que estaria se metendo em um "atoleiro".

"A questão é saber como se põe fim aos sofrimentos, como se estabiliza a região e se freia esse maciço êxodo de refugiados (…), como se freia a violência e os bombardeios a escolas, hospitais e a civis inocentes (…) É o que eu queria dizer quando falei de 'atoleiro'", explicou.

"Agora, Putin pode pensar em que está disposto a que a Rússia ocupe a Síria de maneira permanente. Vai lhe custar muito caro", acrescentou.

Há um ano e meio, Obama aposta na eficácia dos bombardeios aéreos de uma coalizão de 65 países contra posições do grupo Estado Islâmico na Síria e no Iraque. "Isso não vai parar", prometeu.

O governo americano é criticado por sua falta de liderança diante da intensificação e da internacionalização da guerra e por sua incapacidade de evitar que seu aliado turco bombardeie os curdos sírios, assim como de evitar que os russos reajam.

Em 2008, Obama foi eleito graças a sua promessa de retirar os Estados Unidos dos conflitos no Oriente Médio, após a catástrofe produzida no Iraque.

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