Franco diz que Mercosul foi “golpista” ao suspender o Paraguai

O presidente do Paraguai, Federico Franco, declarou nesta segunda-feira que o "golpista" foi o Mercosul ao suspender o Paraguai do bloco e qualificou de "nula" a entrada da Venezuela.

Ao término de uma celebração por seu 50º aniversário com crianças de um bairro de Villa Elisa, o líder paraguaio lembrou que "o Tratado do Mercosul diz que as decisões devem acontecer por unanimidade", informou a agência estatal IP.

"Ao deixarem o Paraguai de fora, rompem um aspecto muito substancial" do tratado, assegurou.

O Paraguai foi suspenso temporariamente do Mercosul no último dia 29 de junho, em castigo pela "ruptura democrática" que, de acordo com Brasil, Argentina e Uruguai, aconteceu com a cassação de Fernando Lugo pelo Parlamento, uma semana antes.

Lugo foi sucedido pelo seu vice-presidente, Franco, com mandato até o dia 15 de agosto de 2013.

O Tribunal Permanente de Revisão do Mercosul rejeitou no sábado passado a reivindicação apresentada pelo Executivo de Franco, que pedia um procedimento de urgência para revogar a suspensão do país e o ingresso da Venezuela no bloco.

Franco mencionou que uma das alternativas que resta ao Paraguai é recorrer à Corte Internacional de Haia, mas disse que será o governo que assumir em 2013 que tomará medidas no assunto.

Decisão sobre Paraguai é lógica e esperada, diz Requião*

A decisão do Tribunal Permanente de Revisão do Mercosul de rejeitar o recurso em que o Paraguai pedia a anulação da suspensão do país do bloco "é lógica e esperada", disse nesta segunda-feira o senador Roberto Requião (PMDB-PR), representante do Brasil no Parlamento do Mercosul. Para o senador, a decisão dá espaço para que a Venezuela se torne efetivamente membro do Mercosul.

A suspensão do Paraguai deu-se em reação ao impeachment do presidente Fernando Lugo, em junho. O Paraguai representava um entrave à entrada da Venezuela no bloco, pleiteada desde 2006. A decisão do tribunal foi tomada no sábado, mas anunciada apenas ontem pelo Ministério das Relações Exteriores do Paraguai.

O pedido do Paraguai foi analisado durante três dias pelos cinco magistrados do Tribunal Permanente de Revisão do Mercosul.

Para Requião, além de estar de acordo com os princípios democráticos de não aceitação do impeachment, considerado golpe por alguns países, a entrada da Venezuela também atende a um "imperativo econômico". O senador espera que o próximo do passo do bloco seja um plano de desenvolvimento regional que integre a Venezuela. O que se espera agora é que o Mercosul desenvolva um projeto de desenvolvimento da região com a integração da Venezuela, que hoje é exportador de minério e petróleo.

"O Paraguai tem que entender ainda que ele precisa mais da Venezuela que os demais países do bloco". "Com o fracasso das economias mundiais, tornou-se mais que necessário o reforço da industrialização do Mercosul", disse Requião.


*com Agência Brasil

 

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