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Em Varsóvia, Trump urge Ocidente a “defender civilização”

Em seu primeiro discurso em território europeu, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quinta-feira (06/07) que o Ocidente precisa tomar uma atitude se quiser proteger sua "civilização e modo de vida", que segundo ele estão em jogo diante das ameaças apresentadas pelo terrorismo.

Em visita a Varsóvia, Trump discursou na Praça Krasinski, que abriga um monumento ao levante polonês contra os nazistas, em 1944. A fala foi proferida após um encontro com o presidente da Polônia, Andrzej Duda, e antes de seguir para a cúpula do G20 em Hamburgo, na Alemanha.

"Estou aqui não apenas para visitar um antigo aliado, mas para exaltá-lo como um exemplo para outros que buscam a liberdade e que desejam convocar a coragem e a vontade de defender nossa civilização", disse o republicano, descrevendo o governo polonês como um modelo de liberdade.

"A questão fundamental de nosso tempo é se o Ocidente tem o desejo de sobreviver", acrescentou Trump, empregando a mesma retórica de "vida ou morte" de seu discurso de posse no início deste ano, quando prometeu uma guerra contra a "carnificina americana" causada pelo crime urbano.

Desde que tomou posse, Trump enfrenta a animosidade de tradicionais aliados americanos, o que deve ficar exposto na cúpula de Hamburgo. Por isso, usou o discurso na Polônia – hoje, ao lado de Hungria, uma das principais vozes de oposição na UE ao eixo franco-alemão e às políticas migratórias do bloco – para cobrar unidade ao Ocidente. Em suas palavras, divisões podem colocar em xeque alianças forjadas após a Guerra Fria.

"Temos confiança em nossos valores para defendê-los a qualquer custo? Temos respeito suficiente pelos nossos cidadãos para proteger nossas fronteiras? Temos o desejo e a coragem de preservar nossa civilização em face daqueles que podem subvertê-la e destruí-la?".

Trump ainda lançou elogios ao país anfitrião, em razão de sua resiliência diante de ameaças históricas, que partiram, por exemplo, da Alemanha nazista e da União Soviética. "Vamos todos lutar como os poloneses", esbravejou.

A Polônia é um dos principais aliados dos Estados Unidos na Europa, e presidentes americanos costumam ter recepções calorosas no país. Além disso, é também um importante parceiro na OTAN e um mercado promissor para o gás obtido com fracking nos EUA.

OTAN

Em atitude que marcou uma mudança de tom por parte do líder americano, Trump se comprometeu com o chamado artigo 5, cláusula de defesa mútua da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) – ela exige uma reação dos países-membros quando um aliado enfrenta problemas.

O presidente declarou que Washington "tem demonstrado, não meramente com palavras, mas com ações, que firmemente apoia o compromisso de defesa mútua" da OTAN, que tem a Polônia como um de seus membros. "Palavras são fáceis, mas as atitudes são o que importa", alegou o republicano.

Em sua primeira viagem internacional, Trump foi alvo de críticas por não ter confirmado seu compromisso com o artigo 5 durante um discurso na sede da OTAN em Bruxelas. A cláusula só foi invocada uma vez, na ocasião dos ataques terroristas de 11 de setembro d e 2001, nos EUA.

Rússia

Na véspera de seu primeiro encontro com o presidente russo, Vladimir Putin, o líder americano acusou Moscou de atuar como agente "desestabilizador", principalmente no âmbito da crise ucraniana, repetindo as palavras proferidas mais cedo após sua reunião com Duda. A Rússia anexou a Crimeia em março de 2014, o que não é reconhecido pelo governo em Washington.

Trump também pediu que o governo russo pare de apoiar "regimes hostis" nos conflitos no Oriente Médio, referindo-se especificamente à Síria e ao Irã, e convidou Moscou a se juntar à "comunidade de nações responsáveis" no combate contra inimigos comuns e na defesa de suas civilizações.

Mais cedo, o presidente americano já havia dito que trabalha em conjunto com o governo polonês na tentativa de dissuadir o "comportamento desestabilizador" da Rússia em relação ao país vizinho.

A Polônia, por sua vez, tem recebido tropas da OTAN em seu território, a fim de fazer frente à ameaça partindo de Moscou, que teria estacionado em Kaliningrado armas nucleares táticas. Somente Washington enviou cerca de 5 mil soldados, lembrou Trump.

Eleições

O presidente americano também mencionou a suspeita de que o governo russo interferiu nas eleições presidenciais americanas em 2016. Apesar de concordar com a acusação contra Moscou, ele disse acreditar que "outros países" podem ter feito o mesmo. "Ninguém realmente sabe com certeza."

Sobre esse tema, o republicano voltou a acusar seu antecessor, Barack Obama, de estar ciente da interferência russa durante o processo eleitoral. Trump afirmou que o democrata "se engasgou" e "não fez nada" sobre o assunto à época, porque acreditava que Hillary Clinton, que concorria por seu partido, venceria o pleito.

O encontro com Putin é um dos pontos mais esperados da reunião do G20 em Hamburgo: se, de um lado, há semelhanças entre os dois chefes de Estado, do outro, Trump se encontra sob pressão política devido ao escândalo de ingerência russa na campanha eleitoral nos EUA.

Agências de inteligência americanas garantem que a Rússia esteve por trás dos ciberataques a organizações e operadores do Partido Democrata antes da eleição presidencial. Rejeitada por Moscou, a conclusão é apoiada também por empresas de segurança cibernética.

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