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Com elogios ao governo Temer, EUA veem Brasil ‘prestes’ a crescer de novo

Daniel Rittner, Lucas Marchesini e Cristiane Bonfanti


Terminou com declarações otimistas sobre a economia e elogios ao novo governo a visita do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Jack Lew, maior autoridade americana que esteve no Brasil após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

Lew, disse ontem que vê o país "prestes" a retomar o crescimento econômico e enalteceu os "passos ambiciosos" dados pela administração do presidente Michel Temer para recuperar a confiança dos investidores e consumidores.

Em rápida declaração antes de encontrar-se com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, Lew afirmou que as reformas sugeridas pelo novo governo são "o caminho correto para o Brasil" chegar a uma posição forte. "O governo Temer toma medidas ambiciosas para retomar o crescimento", afirmou o secretário. Por isso, segundo ele, "temos visto sinais de melhoria na confiança por parte do setor privado e também temos visto oportunidades de mudanças na realidade atual do Brasil".

Depois de encontrar-se com o presidente, no Palácio do Planalto, Lew adotou o mesmo tom elogioso em conversa com jornalistas na embaixada americana. "O Brasil está prestes a retomar o crescimento econômica após sua maior recessão em 100 anos", afirmou. Para o secretário, há desafios em torno de reformas estruturais que possam alavancar o potencial de recuperação, mas as reuniões em Brasília deixaram claro "o compromisso [do governo] em levar essa agenda adiante" e que existe "confiança na capacidade de obter as aprovações necessárias no Congresso Nacional".

Segundo autoridades do Tesouro americano que acompanharam Lew, ele se referia especialmente à proposta de reforma da Previdência e às "aposentadorias precoces" no Brasil. Um auxiliar de Lew afirmou que a impressão deixada nos encontros é de que Temer tem capital político suficiente para aprovar reformas.

Conforme relatos de seus assessores, Lew mais ouviu do que falou em suas reuniões, que incluíram uma agenda com o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn. A possibilidade de novos aumentos da taxa de juros pelo Federal Reserve e seus impactos na economia global não esteve no centro das conversas.

"Não ouvimos tantas perguntas no BC e no Ministério da Fazenda sobre o que os outros podem fazer [pela recuperação da economia]. Geralmente quem tem muitas perguntas é porque não fez bem sua própria lição de casa", disse um auxiliar de Lew.

Trata-se da primeira visita de um integrante do gabinete de Barack Obama após a troca de governo no Brasil. O secretário evitou comentários sobre o processo de impeachment, mas outros funcionários do Tesouro diziam abertamente que houve uma demonstração de "maturidade" da democracia brasileira e ressaltavam a importância de maior estabilidade política daqui para frente.

Brasília foi a segunda escala de um giro de Lew que engloba quatro capitais latino-americanas. Ele esteve em Buenos Aires – foi a primeira visita de um secretário do Tesouro à Argentina desde 2002 – e segue para a Colômbia. Depois, vai para a Cidade do México.

O secretário elogiou as lideranças políticas da região e disse que o objetivo dos Estados Unidos era demonstrar a importância das parcerias. Os líderes estão com "foco em construir economias mais estáveis" e demonstram que "estão abraçando reformas".

Henrique Meirelles só falou antes da reunião com o colega americano. Ele disse apenas que o encontro serviria para discutir a relação bilateral em temas comerciais, financeiros e de cooperação científica. "O encontro é importante para discutir temas macroeconômicos, avaliação e perspectivas do Brasil e dos EUA."

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