Com China como pano de fundo, Biden realiza cúpula com Japão, Austrália e Índia

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, realiza nesta sexta-feira (12) sua primeira reunião de cúpula com os líderes da Austrália, Índia e Japão, na qual espera aprofundar suas alianças à medida que aumentam as preocupações com a ascensão da China.

O Japão anunciou que o primeiro-ministro Yoshihide Suga viajará aos Estados Unidos em abril e se tornará o primeiro líder estrangeiro a ver Biden pessoalmente, um sinal da importância que o presidente americano atribui a seu aliado.

O secretário de Estado, Antony Blinken, e o secretário da Defesa, Lloyd Austin, também farão uma visita conjunta na próxima semana ao Japão e à Coreia do Sul, naquela que será a primeira viagem de ambos como membros do novo governo. Austin esticará a viagem até a Índia.

Blinken e o conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, vão-se reunir na próxima semana com altos funcionários chineses no Alasca. Biden disse que, neste encontro, expressará suas preocupações.

Embora virtual, a cúpula desta sexta marcará a primeira vez que os líderes de Estados Unidos, Japão, Índia e Austrália se reúnem após mais de uma década de encontros no mecanismo chamado "Quad".

A cúpula ocorre em um momento em que as quatro democracias veem uma deterioração nas relações com a China.

De fato, no último ano, a China se envolveu em um confronto mortal com forças indianas no Himalaia, intensificou a atividade perto das ilhas administradas pelo Japão e impôs sanções aos produtos australianos após uma série de disputas.

O governo Biden teve, porém, o cuidado de não vincular explicitamente o Quad à China, uma mudança notória na retórica após as estridentes denúncias do ex-presidente Donald Trump contra Pequim.

O porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, disse que o "Quad" não se concentrará "em um único assunto".

"Compartilhamos interesses na defesa de valores e direitos universais. Compartilhamos interesses econômicos. Compartilhamos interesses de segurança. Temos laços pessoais profundos com todos esses países", disse Price.

"É disso que se trata o Quad", frisou.

O governo Biden já declarou, no entanto, que o fortalecimento de alianças – muitas das quais, especialmente na Europa, desgastaram-se durante o governo Trump – será a chave para atingir seus objetivos.

Em um guia estratégico publicado no início deste mês, a Casa Branca classificou a China como o principal adversário e disse que os Estados Unidos podem ajudar a conter a "agressão" de Pequim, "fortalecendo e defendendo nossa rede incomparável de aliados e parceiros".

O jornal estatal chinês "Global Times" criticou a cúpula do "Quad" como uma conspiração dos Estados Unidos contra Pequim e, em um artigo de opinião, disse que a Índia, cujas relações com Washington estão melhorando, deveria recuar.

"O Quad não é uma aliança de países com ideias afins como os Estados Unidos afirmam", disse o jornal, acrescentando que os outros três países enfrentam "a vergonha de estarem entre a pressão dos Estados Unidos e seus próprios interesses com a China".

Mas Japão, Austrália e Índia expressaram seu entusiasmo com a cúpula, que deve abordar a pandemia de covid-19 e as mudanças climáticas, duas das prioridades de Biden.

O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, chamou as discussões de "um momento histórico em nossa região", enquanto a Índia disse que o premiê Narendra Modi promoveria "uma região Indo-Pacífico livre, aberta e inclusiva".

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