China quer fim de barreiras chinesas na venda de aviões e carnes

 

A visita do presidente da China, Xi Jinping, ao Brasil, na semana que vem, poderá solucionar entraves às exportações brasileiras para aquele país nas áreas da aviação e de carne bovina. O governo brasileiro quer ampliar a pauta de exportações à China, concentrada na venda de matérias-primas, e vender produtos mais elaborados.

Atualmente, 80% das vendas do Brasil aos chineses estão concentradas em quatro produtos: soja, minério de ferro, petróleo e celulose. Desde 2009, a China é o principal parceiro comercial do Brasil. É para quem o Brasil mais vende e de onde menos importa.

No entanto, há um entrave para a comercialização de 40 aviões da Embraer para os chineses. A Tianjin, companhia regional da China, fechou o acordo para a aquisição de jatos, há seis meses, mas o governo local não permitiu o ingresso no país, alegando problemas burocráticos como falta de especificação das aeronaves. A Embraer não recebeu o dinheiro e a Tianjin está sem as aeronaves.

Ao mesmo tempo em que os jatos da Embraer não entram em território chinês,, a Comercial Aircraft Corporation of China (Comac) está desenvolvendo a aeronave C 919, que deverá concorrer com a Boeing e a Airbus.

Essa situação levantou a suspeita de que a demora na aquisição dos jatos seria uma forma de a China ganhar tempo no desenvolvimento da indústria aeronáutica, o que pode evitar compras futuras.

Uma outra barreira às exportações brasileiras teve início, em 2012, com a suspensão da compra de carne bovina pela China, após a descoberta de um caso de "vaca louca" no Paraná. O impasse permaneceu, neste ano, quando houve mais um caso da doença, dessa vez em Mato Grosso.

Outros países importadores de carne bovina não seguiram o exemplo chinês e não suspenderam as compras do Brasil, por entender que os casos foram atípicos, de contaminação espontânea (não relacionada à ingestão de alimentos contaminados).

A decisão tomada pelo governo chinês afetou não apenas os produtores de carne como também aqueles que utilizam o produto para exportar derivados do Brasil, caso do setor de ração para animais domésticos.

Com o prolongamento do impasse com a China, Hong Kong surgiu como o maior mercado para exportações de carne bovina do Brasil. As compras ocorrem em nível tão elevado que há fortes suspeitas de que o produto seja remetido daquela ilha para a China, já que o mercado interno de Hong Kong não teria a capacidade de consumir a quantidade de carne que adquire do Brasil.

Isso demonstraria que os chineses estão se recusando a receber um produto brasileiro que entra no país por meio de Hong Kong. Seria, dessa forma, um embargo sem sentido, na visão do Brasil, e esse assunto deve ser debatido na visita do presidente chinês.

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