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As forças armadas chinesas vencerão as francesas?

Evgueni Zagrebnov

Até 2015, as despesas do complexo militar-industrial na China serão superiores aos orçamentos militares conjuntos da Grã-Bretanha, França e Alemanha, afirmam analistas do IHS.

“Em 2015, as despesas militares da China deverão ser de 159,6 bilhões de dólares norte-americanos, ao mesmo tempo que os três maiores orçamentos militares da Europa Ocidental constituirão 149 bilhões”, declara nu relatório Fenella McGerty, analítica sênior do IHS.

Segundo cálculos de peritos, em 2014, a China ocupará o segundo lugar no mundo quanto às despesas na defesa com um orçamento de 148 bilhões de dólares, depois dos EUA (575 bilhões). Nessa lista, a França virá em sexto lugar (53 bilhões de dólares).

Porém, o aumento do orçamento militar da China não é motivo das preocupações na Europa, e nomeadamente na França.

"A França e a China não têm os mesmos centros de interesse. A China é um país grande que não intervém para além das suas fronteiras. E a França, como outros países ocidentais, tem um pequeno exército, baseado na qualidade, e não na quantidade, que realiza exclusivamente missões de envio no exterior", considera Etienne de Durand, especialista principal no campo de segurança do Instituto de Relações Internacionais da França (IFRI).

Ao contrário da China, a França não tem conflitos com os países vizinhos. Hoje, ela enfrenta ameaças vindas de países da África e do Magrebe. A segunda ameaça é o alastramento de movimentos terroristas. Existem também outros riscos, mais afastados e teóricos. Por exemplo, o Irã ou conflitos militares congelados nos Bálcãs. No que diz respeito à China, salvo as missões de combate à pirataria no Golfo de Aden e à recente participação no transporte de armas químicas da Síria, esse país não utilizou, por enquanto, as suas forças armadas no exterior. Mas o aumento significativo do arsenal militar da China nos últimos anos permite-lhe defender de forma mais rígida a sua posição face aos territórios litigiosos. E, hoje, a China tem contradições com quase todos os vizinhos: com a Índia, Japão, Vietnaã, Filipinas. Continua a ser tensa a situação na península da Coreia.

Os representantes oficiais da China continuam sublinhando que o exército chinês não planeja ingerir-se nos conflitos militares no exterior.

"Precisamos de uma situação de segurança para um desenvolvimento calmo, – explicou, numa recente entrevista aos mídia chineses Xu Guangyu, dirigente da Associação de Controle dos armamentos e do Desarmamento da China. – E uma das condições básicas é o respectivo orçamento da defesa".

O funcionário militar chinês calculou também que, se for dividido o orçamento militar da China de 2013 (107 bilhões de dólares) pela quantidade de soldados do Exército Popular de Libertação da China (2,3 milhões), a cada soldado chinês caberá 46.520 dólares. Segundo Xu Guangyu, se for realizado um cálculo análogo para o exército americano, a cada soldado caberá 443.660 dólares, quase 10 vezes mais. Essa diferença, segundo Guangyu, coloca em perigo o "desenvolvimento pacífico da China".

O perito militar francês Etienne de Durand não está de acordo com os argumentos do funcionário francês: "Tudo isso deve ser calculado a partir do poder de aquisição e do preço do equipamento. E, além disso, o orçamento militar chinês não é transpartente. Mas a sua maior parte não vai para os soldados, mas para o aumento de armamentos".

Se, na Ásia, as despesas militares crescem, elas irão continuar a descer nos países ocidentais em 2014, afirma-se no relatório do IHS. E a França não é exceção. Entre 2013 e 2019, o orçamento militar anual nesse país será de 31 bilhões de euros se não se tiver em conta a inflação e o número de efetivos das forças armadas diminuirá até 2019 em 242.279 soldados, ou seja, 82 mil menos do que em 2009.

"Há alguns anos atrás, Robert Gates, secretário da Defesa americano, falou da desmilitarização na Europa. Isso é uma realidade. Alguns países europeus renunciaram à sua defesa. Esses países apoiam-se em nós. É nisso que se distinguem os Estados capazes de ser influentes a nível internacional. Mas, em caso de necessidade, podemos contar com os nossos aliados. Os Estados Unidos são o nosso principal aliado", conclui Etienne de Durand.

Texto/tradução: Voz da Rússia

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