Governo argentino renova e fortalece as relações com as Forças Armadas

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Eduardo Szklarz
 

O governo da Argentina iniciou uma nova etapa na relação com os militares.

No tradicional Jantar de Camaradagem, realizado em 1º de agosto em Buenos Aires, o presidente argentino Maurício Macri chamou as Forças Armadas para cumprir um “papel preponderante” para derrotar o narcotráfico, unir os argentinos e diminuir a pobreza.

“Nós, argentinos, precisamos de uma participação ativa das nossas Forças, já que, para crescer, para nos desenvolvermos e para gerar empregos, deve haver paz e tranquilidade no país”, disse em seu discurso durante o evento.

“E deve haver a certeza de que alguém cuida de nossas fronteiras, de nosso espaço aéreo, de nossa plataforma continental”, continuou. “Neste crescimento, precisamos estar unidos e participando juntamente com o mundo. E aí, vocês [os militares] também têm um papel muito importante a cumprir”, acrescentou.

“Na relação entre o governo argentino e os militares, começa a ganhar corpo uma política consistente de defesa”, disse Juan Belikow, professor de Relações Internacionais da Universidade de Buenos Aires, para a Diálogo.

O Jantar de Camaradagem realizou-se na sede do Ministério da Defesa Nacional em Buenos Aires. Como Comandante-em-Chefe das Forças Armadas, o presidente Macri liderou o evento ao lado do ministro da Defesa, Julio Martínez, e de autoridades militares e civis.

Entre os presentes, estavam o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, o General de Brigada Bari del Valle Sosa; o chefe do Exército, General de Brigada Diego Luis Suñer; o Comandante da Armada, Vice-Almirante Marcelo Hipólito Srur; e o chefe da Força Aérea, Brigadeiro Enrique Víctor Amrein.

Combate ao narcotráfico

Como havia feito durante a sua campanha, Macri também anunciou que destinará mais recursos do Estado para a luta contra o narcotráfico.

“O governo atual estabeleceu a necessidade de um apoio logístico das Forças Armadas às forças de segurança e às forças policiais”, explicou Belikow.

As forças policiais incluem as polícias das províncias, a Polícia Federal Argentina e os serviços penitenciários. Por sua vez, as forças de segurança incluem forças com formação militarizada, mas com funcionalidade policial: a Gendarmeria Nacional (que patrulha as fronteiras), a Polícia de Segurança Aeroportuária e a Prefeitura Naval (serviço de guarda costeira).

“O apoio logístico das Forças Armadas inclui o fornecimento de helicópteros, capacidade de radarização, sensores e transporte das forças-tarefas sob o comando das forças policiais sob jurisdição judicial”, disse Belikow, lembrando que as Forças Armadas não têm funções de confronto direto nesse tipo de operação.

Um dos pontos-chave do apoio logístico é o fortalecimento da força-tarefa Escudo Norte, criada em 2011 para prevenir delitos como narcotráfico, contrabando e tráfico de pessoas. O plano original previa a instalação de radares e a utilização de aviões, helicópteros, caminhões, quadriciclos e 6.000 funcionários da Gerdarmeria e da Prefeitura ao longo da fronteira norte, por onde entram aviões com drogas provenientes da Bolívia e do Paraguai, mas que nunca foi implementado, segundo Belikow.

Através de um decreto publicado em janeiro passado, Macri prorrogou o Escudo Norte por mais um ano,“até que medidas novas e mais eficazes de segurança do espaço terrestre, fluvial e aéreo possam ser implementadas.”

Capacetes azuis argentinos

No jantar, Macri também destacou o “profissionalismo” dos militares argentinos nas missões de manutenção da paz das Nações Unidas.

“Os capacetes azuis são o orgulho da Argentina”, disse o presidente, lembrando que 75 soldados argentinos supervisionarão o processo de paz entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).

“É importante ter Forças Armadas capazes de contribuir com a integração da Argentina no mundo”, completou o líder.

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