Eleição no Paraguai não garante fim da suspensão do país no Mercosul

Daniela Martins
e Sergio Leo


A realização das eleições no Paraguai, em abril, são insuficientes, por si só, para garantir a volta do país ao Mercosul, como membro pleno, disse ontem o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota. O ministro, que no começo do mês deu declarações sobre o tema interpretadas como um possível abrandamento em relação à suspensão do Paraguai no Mercosul, ontem foi taxativo ao afirmar que, "mesmo depois da eleição", espera comprovação da normalização democrática no país para aprovar a volta do Paraguai ao Mercosul ou à União das Nações Sul-Americanas (Unasul).

"Não há indicação nenhuma de que a suspensão do Paraguai da Unasul seja decidida na ausência de fatos que corroborem a plena vigência democrática", disse. "As eleições são elemento fundamental, mas não é provável uma decisão antes da eleição." Segundo o ministro, "até mesmo depois da eleição será necessário verificar como elas se desenrolaram."

O futuro do Paraguai, após as eleições, será discutido pelos chefes de Estado do continente na reunião da Unasul, no fim de novembro. Ontem, Patriota recebeu comissão de alto nível da Unasul que acompanha as eleições, chefiada pelo peruano Salomon Lerner, que informou a intenção de acompanhar de perto as primárias eleitorais. Em conversa com a presidente Dilma Rousseff, o ministro chegou a consultá-la sobre o caso paraguaio e ouviu que "não há fato novo" que justifique mudança na posição do governo brasileiro.

No começo do mês, o ministro, falando à imprensa, chegou a comentar que, "em tese", o Paraguai poderia voltar a fazer parte do Mercosul ou da Unasul antes das eleições, se os países dos dois grupos verificassem fatos comprovando "a plena vigência democrática" no país vizinho.

A declaração levou analistas, inclusive diplomatas, a imaginar que seria possível uma mudança de posição do governo brasileiro, de endurecimento com o atual governo paraguaio, empossado após ação da oposição parlamentar que decretou, em dois dias, o impeachment do presidente Fernando Lugo.

O Brasil tomou a frente da reação no Mercosul e na Unasul ao golpe que derrubou Lugo, defendeu a suspensão do Paraguai nas atividades políticas do Mercosul e da Unasul e indicou que só avaliaria a retirada da suspensão após as eleições e a volta da "normalidade democrática" no país.

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