Discrição marca início do diálogo de paz colombiano

Sem declarações à imprensa, representantes das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e do governo colombiano deram início ontem, em Oslo, aos encontros para buscar uma saída pacífica para o conflito de quase cinco décadas. Os negociadores dos dois lados chegaram ao aeroporto da capital norueguesa separados e foram levados a um local desconhecido. Um pronunciamento oficial deve ser feito hoje.

– Não quero criar falsas expectativas – disse na terça-feira o ex-vice-presidente colombiano Humberto de la Calle, chefe da equipe do governo – Com otimismo moderado esperamos trazer boas notícias para a Colômbia – completou, na sua saída de Bogotá.

A Noruega serviu como facilitadora da aproximação entre as duas partes e será um dos países garantidores das negociações. Por isso, foi escolhida como palco para o lançamento oficial da mesa de diálogos.

As reuniões de ontem e de hoje devem servir para que governo e Farc definam questões de procedimento das negociações, como a agenda de encontros. Os temas da pauta de negociações, como o cessar-fogo e o desenvolvimento rural, não deverão ser debatidos em Oslo.

A discussão desses pontos-chave – seis no total, definidos em um acordo preliminar firmado em agosto em Havana – só deve começar a ocorrer em Cuba, que abrigou os encontros iniciais e será o palco da mesa de negociações.

Senador pede cautela

Ainda não se sabe quando os membros das Farc deixarão a Noruega. Houve dificuldades logísticas e legais para que chegassem ao país, em razão dos mandados de prisão emitidos por EUA, Espanha e Paraguai contra pelo menos três negociadores da guerrilha. Já a equipe do governo parte na sexta-feira para Bogotá, segundo a rádio Caracol.

– Creio que estão viajando de tão longe para mostrar que tudo começará em território neutro, imparcial e com aura de seriedade com certa distância de todas as ações e provocações na Colômbia – disse Jan Egeland, diretor para a Europa da Human Rights Watch.

O senador oposicionista Wilson Árias pediu "muita cautela", uma vez que as negociações vão se desenrolar sem um cessar-fogo.

– Negociar com o conflito em andamento é muito perigoso. Os dois deveriam baixar o tom durante as conversas.

É a quarta tentativa de diálogo entre Farc e governo para pôr fim ao conflito, mas analistas e vítimas acreditam que as atuais condições são mais favoráveis. A guerrilha está enfraquecida militarmente e perdeu o apoio político.

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