COLÔMBIA – Fragata vai cooperar com marinhas européias na África


Roberto Lopes
Autor do livro “As Garras do Cisne” (Ed. Record),
sobre os programas de expansão da Marinha do Brasil.
Exclusivo para DefesaNet.
robertojlopes@hotmail.com
 

 
O ministro da Defesa colombiano, Juan Carlos Pinzón, autorizou o comando da Marinha local a examinar a viabilidade do envio de uma de suas quatro fragatas classe “Almirante Padilla” para a África Oriental.

O navio deverá se integrar à chamada Operação “Atalanta”, que reúne embarcações de diversas marinhas da América do Norte, da Europa e da Ásia, numa força-tarefa organizada pela Agência Europeia de Defesa – em sistema de rodízio –, especificamente para combater os piratas que, escondidos na costa da Somália, aterrorizam a navegação marítima na área do saliente nordeste da África, mais conhecido como “Chifre da África”.

A escolha dos almirantes colombianos deve recair sobre a “FM-54 Independiente”, ou sobre a “FM-53 Antioquia”, já que a “FM-52 Caldas está, nesse momento, testando uma nova munição antiaérea, e a “FM 51 Almirante Padilla” se encontra em operações na região do arquipélago de San Andrés.

Bastante requisitada, nos últimos anos, pela União Africana e por diversas forças navais da África, a Marinha do Brasil também considera a possibilidade de integrar a frota anti-pirataria. Com esse objetivo, acaba de designar um capitão de mar e guerra para o posto de Adido de Defesa em Adis Abebba, capital da Etiópia – país que serve de base aos navios da Operação “Atalanta”.

Dona de um serviço diplomático bem mais modesto que o brasileiro, o governo colombiano vinha atendendo os seus compromissos com a União Africana e com o governo etíope desde a sua embaixada no Quênia. Entretanto, recentemente, Bogotá aceitou compartilhar o espaço da Embaixada de Madri em Adis Abebba, e vai nomear um diplomata para servir no prédio da missão espanhola, situada na Avenida Entoto, área nobre da cidade – que abriga não apenas a sede da União Africana, mas também 102 outras representações diplomáticas, inclusive a brasileira.

Fragata – Os colombianos classificam a classe “Almirante Padilla” como fragata média, mas, na verdade, ela é uma corveta tipo FS-1500, de construção alemã e projeto (da HDW) já antiquado, que data do fim da década de 1970.

Contudo, apesar de pouco adequada a missões de tão longo alcance, como o patrulhamento do Chifre da África, a “Almirante Padilla” é também o navio de porte mais robusto, sensores mais atualizados e melhor armamento de toda a Esquadra colombiana.

No início deste ano as embarcações desse modelo encerraram um período de modernização planejado ainda em 2009.

A remodelação foi conduzida pela THALES holandesa (antiga Hollandse Signaalapparaten) em cooperação com a indústria COTECMAR – principal corporação naval da Colômbia – e a empresa francesa DCNS.

A THALES instalou e integrou, nas quatro “Almirante Padilla”, o seu novo radar de vigilância SMART-S Mk2, um sensor de controle eletro-óptico de armas STING EO Mk2, um sistema de controle optrônico de armas MIRADOR, um equipamento de medidas de apoio eletrônico VIGILE 200S, aparelhos de comunicação e lançadores de decoys (despistadores) SKWS TERMA.

A vedete dessa pequena orquestra eletrônica é, contudo, o SMART-S Mk2, um radar de varredura tridimensional de grande aceitação nas forças navais da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), capaz de identificar alvos a média distância (acima de 150 km) e a longa distância (acima de 250 km).

RED FLAG – Em outro espectro desse seu largo movimento de aproximação com as potências militares ocidentais – iniciado em 2010, primeiro ano do mandato do presidente Juan Manuel Santos –, a Colômbia está, nesse momento, empenhada em garantir a presença de sua Força Aérea no próximo exercício Red Flag, a mais importante simulação de guerra aérea realizada no Ocidente.

A Red Flag acontece, anualmente, sobre o deserto do estado americano de Nevada, e dela tomam parte somente forças aéreas convidadas pela Secretaria de Defesa americana. A Colômbia já participou da edição de 2012, ocasião em que, a bordo dos caças-bombardeiros Kfir, seus pilotos demonstraram ótima qualificação para as manobras de combate.

O gradual mas firme afastamento da Colômbia do seio das nações sul-americanas, fortemente infiltrado pelas teses bolivarianistas fomentadas por Venezuela, Bolívia e Equador, teria possibilidades mais amplas de produzir resultados, caso o país, que já registra o 3º maior PIB sul-americano – e marcha para disputar a 2ª posição com a economia argentina – não estivesse em um momento político tão conturbado.

O clima na Colômbia é, atualmente, de forte comoção, em função do seqüestro de um general que, no último fim de semana, abandonando os mais elementares protocolos de segurança, aventurou-se sem escolta num povoado ribeirinho da região de Chocó, e terminou aprisionado por guerrilheiros pertencentes à Frente nº 24 das FARC.

O episódio paralisou as conversações de paz entre Bogotá e representantes da guerrilha, que se realizavam em Havana.

No início de novembro, o viceministro da Defesa colombiano, general da reserva José Javier Pérez Mejía, declarou ao site espanhol Infodefensa que, mesmo com a eventual obtenção de um acordo de paz, seu governo não poderá fazer uma desmobilização significativa dos 550 mil militares que mantém engajados nas três Forças Armadas e na Polícia Nacional – o maior contingente militar latino-americano.

Mejía explicou que, com o fim da guerrilha, o Ministério da Defesa precisará organizar um reforço da Segurança Pública nos centros urbanos, insinuando que as autoridades locais estão na expectativa de que, fora das fileiras das Farc, muitos guerrilheiros acabem por se transferir para as diversas gangues que já ameaçam a paz nas ruas colombianas, liderando delitos como seqüestros, assassinatos por encomenda, assaltos e tráfico de tóxicos.

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