Argentina suspende demissões na Vale

A mineradora brasileira Vale está proibida de demitir qual­quer operário envolvido com o projeto Potássio Rio Colora­do até 11 de abril, conforme anúncio do ministro do Traba­lho da Argentina, Carlos To­mada. Ele determinou uma medida de conciliação pela qual a empresa é obrigada a fe­char um acordo sobre a situa­ção trabalhista de mais de 5 mil empregados no prazo esti­pulado pelo governo.

"Se aVale não acatar a concilia­ção, haverá multas de acordo com a quantidade de trabalhado­res não só contratados pela Vale, como os que estão subcontratados pelas empresas", avisou To­mada. Ele ressaltou que as em­presas contratadas pela Vale "têm o direito de cobrar indeni­zação por todo prejuízo provoca­do pelo abandono do projeto e em caso de não acatamento da medida de conciliação".

O ministro de Planejamento, Julio De Vido, disse que "a Vale não pode demitir os emprega­dos assim de qualquer jeito co­mo está fazendo por meio de tele- gramas e sem um plano de desinvestimento porque está provo­cando um problema social na Argentina". Ele participou ontem de entrevista à imprensa com o vice-ministro de Economia, Axel Kicillof, e os governadores das Províncias de Mendoza, Francisco Pérez, de Neuquén, Jorge Sapag, e de Rio Negro, Al­berto Weretilneck.

Entre as empresas contrata­das, as mais importantes são as brasileiras Odebrecht, líder do consórcio, Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa, e a argentina Techint. Na segunda-feira, a Va­le informou a suspensão do pro­jeto Rio Colorado e alegou ter co­municado o governo argentino de que, "no contexto macroeco­nômico atual, os fundamentos econômicos do projeto não es­tão alinhados com o compromis­so da Vale com a disciplina na alocação de capital e criação de valor". O governador de Mendoza negou que tenha recebido co­municado oficial da companhia.

Ausência. A Vale não compare­ceu ontem à segunda audiência convocada pelo Ministério do Trabalho da Argentina, prevista para as 10h, mas transferida para as 15h a pedido da própria Vale.

"Em uma total falta de respei­to com a Argentina e os argenti­nos, a Vale não compareceu à reunião nem avisou que ia faltar", reclamaram os ministros. Na quarta-feira, durante a primeira audiência, as autoridades argen­tinas pediram à mineradora para manter o pagamento dos empre­gados por um ano e que apresen­tasse um plano de desinvestimento no país.

O executivo da Vale Argenti­na, Sergio Leite, segundo disse Tomada, havia assumido o com­promisso de comparecer à au­diência de ontem com as respos­tas. O governador de Mendoza afirmou que estuda a rescisão do contrato de concessão da Vale.

Ele disse que hávárias alterna­tivas sendo analisadas para sus­tentar a retomada da concessão porque houve quebra de contra­to trabalhista, de investimento e ambientais. Mas reconheceu que o governo não pode tomar nenhuma decisão até que a com­panhia decida sobre as questões administrativas e trabalhistas.

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