Sem acordos, Mercosul vai perder espaço, diz Patriota

O Brasil está obrigado a avançar em acordos comerciais, caso contrário cederá cada vez mais espaço no comércio internacional para os concorrentes, como os países asiáticos, disse o ministro de Relações Exteriores, Antônio Patriota, no seminário "Política Externa Brasileira: Desafios em um Mundo em Transição", promovido pela Câmara dos Deputados. "Ficarmos parados não significará ficarmos no mesmo lugar, significará andarmos para trás", discursou. "Se não fizermos nada, outras regiões estão se movimentando, se mobilizando", disse, lembrando que, em 2014, o Brasil deve perder vantagens tributárias concedidas pela União Europeia, com seu Sistema Geral de Preferências.

Patriota lembrou a decisão do governo de fazer consultas ao setor privado sobre a viabilidade de reabrir as negociações para um acordo de livre comércio com a União Europeia e iniciar negociações com o Canadá. Ele disse que, com a crise econômica mundial, o Mercosul, tem sido procurado por outros países interessados em pactos comerciais. O Japão está entre esses países, informou. "Não estamos indiferentes a esse movimento", comentou. "É importante procurarmos avançar."

O alerta de Patriota pode ser entendido como um recado também a autoridades no governo brasileiro e em países do Mercosul, como na Argentina, que resistem a novos esforços de abertura comercial. A consulta aos empresários, mencionada pelo ministro, foi decidida pela Câmara de Comércio Exterior (Camex) após um esforço frustrado do Itamaraty para anunciar, já, a proposta de lançamento das negociações com europeus e canadenses. Os ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento preferiam adiar qualquer definição até receber o resultado das consultas aos empresários, que têm levado demandas ao governo para ampliar barreiras comerciais e se mostram pouco animados com ideias de tratados de livre comércio.

Patriota, no seminário, disse que o Brasil pretende aproveitar a presidência temporária do Mercosul para apoiar projetos conjuntos de inovação e reforço da educação. No plano do governo brasileiro está a criação de um programa de intercâmbio de estudantes e professores inspirado no Erasmus, da União Europeia, disse. O Brasil acredita ser possível, ainda, uma inédita incorporação das pequenas e médias empresas nas atividades do Mercosul, que incluirá, na próxima reunião de cúpula, um seminário empresarial dedicado a integração produtiva dos países sócios.

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