O chefe da espionagem do Irã, Heydar Moslehi, acusou nesta sexta-feira agências de inteligência de França e Alemanha de envolvimento em assassinatos de cientistas nucleares iranianos, mantendo a dura posição do governo na questão nuclear, num momento em que as sanções impostas ao país devido seu programa atômico causam grandes prejuízos.
A República Islâmica havia acusado anteriormente Israel, os Estados Unidos e a Grã-Bretanha de tramarem as matanças para retardar seu programa de enriquecimento de urânio, que potências ocidentais suspeitam esteja servindo para o desenvolvimento da capacidade de produção de armas nucleares.
Moslehi, ministro iraniano da Inteligência, estendeu a acusação à França e à Alemanha, depois de dias de dura retórica e testes de mísseis por parte do Irã – ações que contribuíram para lançar o preço de referência do óleo bruto Brent para patamares acima dos 100 reais o barril pela primeira vez desde junho.
"Nessas redes (envolvidas nos assassinatos) nós vimos conexões com o serviço de informações de Alemanha, França, Grã-Bretanha, Israel, Estados Unidos e agências regionais de inteligência", disse Moslehim segundo a agência de notícias estatal iraniana Irna. Ele não especificou quais seriam os outros países.
Pelo menos quatro cientistas vinculados ao programa nuclear do Irã foram assassinados desde 2010, o último deles em janeiro deste ano. O governo norte-americano nega envolvimento nas mortes e Israel não fez comentários sobre o assunto.
O Irã nega acusações de países ocidentais de que possui um programa encoberto para produzir armas nucleares e afirma que quer manter um estoque de urânio enriquecido apenas para a geração de mais eletricidade para a população, que cresce rapidamente, e que busca rádio isótopos para tratamentos médicos.
As conversas entre as potências mundiais e o Irã não conseguiram romper o impasse. Para o especialista Oliver Thraenert, do Centro para Estudos Estratégicos, em Zurique, ao acusar países ocidentais, Moslehi pode estar indicando sua oposição a qualquer acordo na questão nuclear.
"Se você acusa nações como Alemanha e França de estarem por trás desses assassinatos de cientistas nucleares iranianos, é óbvio que você não pode firmar um acordo com esses países", disse ele.