EE-9 Cascavel – Modernização agora é VBR-MSR 6×6

 

Equipe DefesaNet

No Boletim do Exército Nº 48, publicado no dia 01DEZ2017, trouxe uma série de confusas portarias, que agitaram tanto o Comando o Exército como a Indústria de Defesa.

Nas portarias publicadas surge o Projeto de Obtenção da Viatura Blindada de Reconhecimento – Média Sobre Rodas (VBR-MSR), 6×6, o que levou a muitos acreditarem que o Exército tinha abandonado o Viatura Blindada de Reconhecimento – Média Sobre Rodas (VBR-MSR), 8×8.

Na Portaria Nº 465, Item 4. Informações Relevantes para a Tomada de Decisão, há a justificativa:

“O atual cenário político-econômico é de restrição orçamentária e deve prolongar-se pelos próximos anos, justificando a obtenção de uma Viatura Blindada de Reconhecimento – Média Sobre Rodas, 6×6, a partir da evolução de plataforma já existente, em detrimento da obtenção da Viatura Blindada de Reconhecimento – Média Sobre Rodas, 8×8 que acarretaria em custos mais elevados.”

Nas premissas surge a explicação:

 “O programa deve estar alinhado com o Plano Estratégico do Exército (PEEx) e ser capaz de dotar a Força Terrestre das capacidades operativas enquanto se estuda o modo de obtenção da nova Viatura Blindada de Reconhecimento – Média Sobre Rodas, 8×8 (VBR-MSR, 8×8).”

 

Um estudo da VBR, em chassi do Guarani, com canhão de 90mm da belga CMI

E o Exército Brasileiro declara sua fidelidade à Família Cascavel:

“As VBR atualmente em uso no Exército Brasileiro apresentam várias limitações para o cumprimento das operações de guerra previstas pela Doutrina Militar Terrestre.”

“Apesar das limitações quanto aos aspectos técnicos apresentados por essas viaturas, as mesmas possuem características, como robustez, fácil manutenção, mecânica simples e boa velocidade em estrada, constituindo-se numa excelente linha de ação a evolução da sua plataforma como base para a obtenção da VBR-MSR, 6×6, visando a adequação dos aspectos técnicos às necessidades impostas pela previsão doutrinária de emprego em operações.”

 

EE-9 Cascavel da 1ª Bda C Mec, 3DE, CMS, na Operação Furacão , 2017.

A seguir lista uma série de sistemas a serem alterados / substituídos na viatura:

a) substituição do motor;

b) substituição da caixa de transmissão automática;

c) substituição da caixa de transferência;

d) sistema elétrico;

e) sistema de freios;

f) sistema de arrefecimento; e

g) sistema pneumático.

 

Principais sistemas a serem alterados/substituídos na automatização da torre da viatura:

a) automatização da torre;

b) controle de giro da torre para o atirador;

c) sistema de câmeras, para o comandante do carro, que possibilite a observação diurna e noturna de qualquer alvo em 360º ao redor do exterior da torre; e

d) sistema elétrico dimensionado para permitir a operação da torre com o motor da viatura desligado, sem interferir na operacionalidade/partida da viatura.

 

Dentro das Premissas selecionamos dois itens que podemos chamar de “Pensamento Mágico”

5) Os estudos levarão sempre em conta a possibilidade de diminuir a dependência de um só fabricante e de fomentar a base industrial de defesa.

 

6) O Gerente do Projeto poderá buscar, dentro das possibilidades orçamentárias, a substituição/alteração de outros sistemas / componentes não previstos inicialmente no escopo do projeto de forma a aumentar a operacionalidade da VBR-MSR, 6×6.

 

E nas “Exclusões e restrições” um item de “Insanidade do Projeto”. Não podemos crer no que está impresso no Boletim do Exército, deve ser um erro de digitação:

“O projeto não deve contemplar o acréscimo de proteção blindada, para não interferir, desnecessariamente, em outras características da viatura e, também, não influir nas condicionantes de outros sistemas.”

Na Portaria 466 são definidos os Requisitos Operacionais. Mencionamos as adições à atual viatura padrão EE9 Cascavel

 

ROA 7 – Possuir sistema central para controle da pressão dos pneus, comandado pelo motorista sem que ele precise sair da viatura.

 

ROA 26 – Possuir eficiente sistema de exaustão forçada, no compartimento da tropa embarcada, para a remoção dos gases tóxicos provenientes dos tiros do armamento principal e secundário.

 

ROA 27 – Possuir sistema de ar condicionado capaz de manter, no interior dos compartimentos habitados da plataforma automotiva e da torre, as condições de conforto térmico da guarnição e de funcionamento eficiente dos equipamentos eletrônicos.

 

ROA 30 – Possuir extintor(es) de incêndio com carga suficiente para debelar início de incêndio nos compartimentos do motor e da tropa embarcada.

 

ROA 34 – Possuir indicadores e medidores que informem ao motorista dados sobre o funcionamento dos sistemas vitais da viatura.

 

ROA 35 – Possuir indicadores que informem ao atirador e ao comandante do carro os dados sobre o funcionamento do sistema de armas.

 

ROA 39 – Possuir dispositivo(s) passivo(s) de visão diurna, protegido(s) contra choques mecânicos, com ângulo de visão que permita ao motorista a condução da viatura à frente e à ré com segurança quando dirigindo com a escotilha fechada.

 

ROA 40 – Possuir periscópio(s) de visão diurna com ângulo de visão que permita ao motorista a condução da viatura à frente com segurança quando dirigindo com a escotilha fechada.

 

ROA 41 – Possuir dispositivo(s) passivo(s) de visão noturna, protegido(s) contra choques mecânicos, com ângulo de visão que permita ao motorista a condução da viatura à frente com segurança quando dirigindo com a escotilha fechada.

 

ROA 42 – Possuir, a escotilha do motorista, sistema de abertura, fechamento e trancamento eficientes.

 

ROA 43 – Possuir infraestrutura para a instalação do sistema de comando e controle especificado pelo Exército Brasileiro, para o escalão ao qual a viatura se destina.

 

Nos Requisitos Operacionais Desejados (ROD), surgem itens de extrema complexidade, que a primeira vista requererão um enorme esforço e custo de integração:

ROD 22 – Possuir, o armamento principal da viatura, a probabilidade de impacto (hit probability) superior a 50% (cinquenta por cento), para um alvo com dimensões de 2,30 m x 2,30 m (dois vírgula trinta metros por dois vírgula trinta metros) a uma distância de 1.000 m (um mil metros). (Nota DefesaNet – Este item não é especificado se a viatura dispara parada ou em movimento, ou disparo após quanto tempo após a parada?)

 

ROD 23 – Possuir equipamento de controle e direção de tiro, operado de modo recorrente pelo atirador e pelo comandante do carro, com computador balístico capaz de integrar todos os dados relativos ao tiro. A prioridade de engajamento dos alvos deverá ser do comandante do carro.

 

ROD 24 – Possuir designador de distâncias e sensor de condições atmosféricas integrados ao computador balístico.

 

Comentário DefesaNet

O processo de upgrade na Viatura EE9 ENGESA Cascavel, ou Projeto de Obtenção daViatura Blindada de Reconhecimento – Média Sobre Rodas (VBR-MSR), 6×6, tem uma complexidade, em especial por trabalhar sobre uma plataforma de 40 anos e pode ser uma boa proporção do custo como uma viatura nova.

 

Uma boa idéia, que pode recuperar parte dos 400 EE9 Cascavel do Exército Brasileiro, porém na prática terá mais riscos e trabalhando em uma plataforma de 40 anos.

Entre as alternativas pensadas peloExércit Brasileiro seria a aquisição direta da Itália, de um número de unidades do IVECO Centauro, 8×8, 105mm. Veículo já testado pelo EB no início dos anos 2000. (foto abaixo)

 

Mas o que preocupa é esta “Exclusão e restrição”:

“O projeto não deve contemplar o acréscimo de proteção blindada, para não interferir, desnecessariamente, em outras características da viatura e, também, não influir nas condicionantes de outros sistemas.”

 

Estudo prospectivo de uma versão 8×8 do Guarani

Recomendamos o artigo do Prof Expedito Bastos,

UMA EXPERIÊNCIA REAL: EE-9 Cascavel em combate Líbia e Iraque 2015 – 2017 Link

 

 EE-9 Cascavel M4 da Brigada 26 Al Abbas (Iraque), operando na área de Mossul, em 23 de janeiro de 2017, utilizando no lugar do canhão de 90 mm, uma metralhadora dupla ZPU-2 de fabricação russa e calibre 14,5 mm em sua segunda versão. Notar que possui saias laterais protegendo as rodas traseiras. Sua cadência de disparos é da ordem de 150 por minuto, com alcance eficaz de 1400 metros. Junto se encontra um M-113 e uma MT-LB modificada. (Crédito da foto: Iman Al-Holy Shrine)

 

Boletim Do Exército 48 – 1º Dezembro 2017 – VBR-MSR  on Scribd

 

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