Editorial – FAB à Beira do Colapso: Brasil pode ficar sem Defesa Aérea enquanto o Tempo Passa

O tempo passa para gerações de pilotos da FAB que veem seus sonhos viraram fumaça com o passar das décadas recheadas de promessas e atos vazios. Da surpresa estratégica da CRUZEX 2002 ao disparo de um missil BVR de uma aeronave da FAB passaram-se 23 anos


Editorial DefesaNet
29 Dezembro 2025

Em 2002 durante o primeiro Exercício Aéreo Cruzeiro do Sul posteriormente chamado de CRUZEX, o então Comandante da FAB Tenente-Brigadeiro Baptista fez uma declaração dramática. “Meus aviões foram abatidos a 80km de distância”.

O impacto dos Mirages2000-5F (RDY) com mísseis BVR MICA do Armée de l´Air foi arrasador nos participantes. Aeronaves Mirage do Brasil, Chile e Argentinaseram alvos fáceis para os invisíveis mísseis BVR MICA. A primeira CRUZEX teve de ser restartada no segundo dia.

Levou 23 anos para que uma aeronave da FAB lançasse seu próprio míssil BVR o MBDA METEOR desde uma aeronave F-39 Gripen E.

Isto depois ter operado na Operação Red Flag 2008 onde os jovens tenentes do 1°/14º GAv Esquadrão Pampa com os F-5EM/FM, recebidos a partir de 2005 exercitaram táticas e operações em ambiente BVR.

As participações previstas em Operações no Exterior como a Red Flag, a cada quatro anos, esfumaçaram-se no tempo.

Em  2005 a convite do Comandante Bueno, DefesaNet esteve presente, na apresentação do então TC Heraldo (hoje SEPROD), sobre os Mirage 2000C/D. (FAB no Esforço pelo Mirage 2000C/B)

Na oportunidade tomamos a liberdade de fazer um elogio público aos pilotos do GDA de manterem o espírito de caça vivo.  Os radares do Mirage III eram quase inoperantes e mesmo assim eram treinadas operações onde o caça com equipamento mais funcional guiava os sem visão (Operação Terral).

O Mirage 2000C/D veio e já foi para a história.
 
Desde então a FAB foi mergulhando em um marasmo catastrófico. Mesmo com a chegada do F-39 Gripen E e a futura versão biplace

A Força Aérea Brasileira vive um de seus momentos mais críticos. Ao final de 2025, já no terceiro ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o País assiste, quase inerte, ao esvaziamento de sua capacidade de combate aéreo. Faltam caças. Faltam soluções. Falta tempo.

Com sucessivos atrasos na entrega dos Saab Gripen E/F, por problemas de desenvolvimento e a crômica falta de recursos, a FAB se vê obrigada a manter viva sua aviação de caça com uma frota que beira o anacronismo: pouco mais de uma dúzia de F-5 modernizados há duas décadas pela Embraer. Aviões do século passado tentando responder a ameaças do século XXI.

O impacto é devastador nos bastidores. Sem aeronaves suficientes para voar, pilotos experientes estão desmotivados, jovens aviadores frustrados e a sensação generalizada é de que a Força tem priorizado missões subsidiárias enquanto sua razão de existir — o combate aéreo — se esvai silenciosamente.

As tentativas de solução se acumulam… e fracassam. No último ano do governo Jair Bolsonaro, anunciou-se a compra de quatro Gripen adicionais. Nunca chegaram. Depois, estudou-se a aquisição de 24 F-16 usados. Nada feito.

Em 2025, numa tentativa desesperada, nasceu o Programa de Aquisição de Aeronave de Caça Complementar, que previa uma compra emergencial de caças monomotores supersônicos com capacidade BVR. Uma RFI foi enviada a diversos fabricantes. O resultado? Silêncio.

Nem mesmo a alternativa dos Gripen C/D usados avançou. Entre tensões nas fronteiras suecas e promessas feitas à Ucrânia, a Suécia simplesmente não pode vender aeronaves ao Brasil.

Sem horizonte claro, a FAB agora avalia uma medida que causa revolta interna: retirar os A-29 Super Tucano da Esquadrilha da Fumaça e do curso de caça em Natal para redistribuí-los em Porto Velho, Boa Vista e Campo Grande. O objetivo seria reforçar o combate ao narcotráfico, que é outra atividade subsidiária. O efeito colateral? Mais desmotivação, formação inferior de pilotos de caça e impacto direto nas unidades de primeira linha. (ver matéria Notas Estratégicas FAB – FAB cria Grupo de Trabalho e assume crise sem precedentes)

Como se não bastasse, discute-se agora um aditivo para adquirir apenas 9 ou 10 Gripen E extras. Dos 36 encomendados em 2014, só 10 foram entregues — e ainda não estão plenamente operacionais. O temor é explícito: esse novo lote pode levar até dez anos para chegar. Dez anos que a FAB não tem.

O contraste é gritante. Enquanto Exército Brasileiro e Marinha do Brasil anunciam programas ambiciosos de modernização, com novas capacidades previstas a partir de 2026, a Força Aérea permanece paralisada, justamente no momento, em que o cenário internacional, se torna mais instável e imprevisível.

Outras cartas ainda estão sobre a mesa: o Dassault Aviation Rafale, o caça leve italiano Leonardo M-346FA, ou até F-16 novos dos EUA. Mas apenas franceses e italianos teriam condições reais de produzir e entregar aeronaves em prazo compatível com a urgência brasileira.

A decisão é inadiável. Fontes do Planalto indicam que o governo vê com bons olhos parcerias estratégicas com França e Itália.

Se nada for feito agora, o Brasil corre o risco real de ficar sem dentes no ar — e o preço disso pode ser alto demais para a soberania nacional

Em 2011 publicamos o EDITORIAL – F-X2 – A FAB Rumo ao Nada, infelizmente descobrimos que o NADA Chegou!

Compartilhar:

Leia também
Últimas Notícias

Inscreva-se na nossa newsletter