Capacidade NBQR do Comando “Marajoara” é demonstrada na COP30

Atuação dos batalhões da Marinha reforça a segurança em grandes eventos nacionais e internacionais


Por Primeiro-Tenente (RM2-T) Larissa Vieira e Primeiro-Tenente (T) Rafaella Leal

Em preparação para eventos de grande relevância, como a 30ª Conferência das Partes (COP30), em Belém (PA), a Marinha do Brasil (MB) tem reforçado suas capacidades de Defesa Nuclear, Biológica, Química e Radiológica (NBQR). Por meio de batalhões especializados, a Força atua na detecção, identificação e resposta a incidentes com agentes NBQR, assegurando a proteção de militares, civis e instalações estratégicas do País.

O Comandante do 2º Batalhão de Proteção e Defesa NBQR, Capitão de Fragata (Fuzileiro Naval) Leonardo Garcia, destacou que, desde eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, a preocupação com agentes químicos, biológicos e radiológicos tem aumentado.

“Essa é uma realidade não apenas do nosso País, outras Forças Armadas também têm atuado cada vez mais nessa área. Por isso, não podemos deixar de manter essa capacidade e essa prontidão, caso seja necessário. O Brasil, por meio das Forças Armadas e de diversos outros órgãos, segue uma série de protocolos internacionais”, contou.

O Sistema NBQR da Marinha integra batalhões e companhias de Fuzileiros Navais especializados, além de outras unidades subordinadas, com destacamentos posicionados em diferentes regiões do País. Essas equipes atuam em diversas frentes, desde o reconhecimento e a descontaminação de áreas e viaturas até o suporte técnico a instalações sensíveis, como o Programa Nuclear da Marinha e complexos industriais.

Durante a pandemia de Covid-19, o Batalhão de Defesa NBQR apoiou ações de desinfecção e descontaminação em instalações da Força, visando preservar o efetivo e garantir a continuidade das operações em locais estratégicos.

Em 2025, as unidades da Marinha voltaram a atuar em missões de alta sensibilidade, como o transporte de combustível nuclear entre o Rio de Janeiro e Resende (RJ), sob coordenação do Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro. Nessas operações, os Fuzileiros Navais garantem o cumprimento rigoroso de todos os protocolos de segurança, em estreita cooperação com órgãos civis e agências federais.

A sinergia interagências, especialmente em situações de emergência química, biológica ou radiológica que possam impactar a população civil, ganha destaque na COP30 e em outros grandes eventos internacionais sediados no País.

Durante a Cúpula dos BRICS 2025, realizada no Rio de Janeiro, a Marinha teve papel essencial na proteção das delegações, com destaque para a atuação especializada do 2º Batalhão de Proteção e Defesa NBQR. A unidade integrou o esquema coordenado pelo Ministério da Defesa, realizando varreduras em veículos, embarcações e edificações nas áreas de acesso. A operação garantiu a inspeção de mais de 400 pontos estratégicos, prevenindo situações de risco e assegurando o apoio direto às autoridades brasileiras e estrangeiras.

Da mesma forma, na Cúpula do G20, em novembro de 2024, também na capital fluminense, a Marinha incorporou protocolos de resposta NBQR à estrutura de segurança do evento, reforçando a prontidão contra possíveis incidentes envolvendo agentes não convencionais. A atuação conjunta a outras agências de segurança durante grandes eventos também reforça a interoperabilidade das Forças no País.

Os batalhões de Defesa NBQR da MB possuem equipamentos de detecção, amostragem e descontaminação capazes de operar em ambientes terrestres, navais e anfíbios. A doutrina e o treinamento dessas tropas buscam alinhar-se aos padrões internacionais de defesa e às diretrizes da Organização para a Proibição de Armas Químicas.

Essa capacidade conta ainda com equipes especializadas em Desativação de Artefatos Explosivos, responsáveis por lidar com ameaças explosivas de forma segura e precisa. Nessas operações, é utilizado o robô de desativação “Rover Defender”, equipamento de alta tecnologia operado remotamente que permite aos militares inspecionar e neutralizar artefatos em áreas de risco, reduzindo a exposição direta do pessoal e aumentando a segurança das equipes envolvidas.

Os cães de faro do Corpo de Fuzileiros Navais são outra especialidade que compõem a segurança pela Marinha. Eles são eficazes na detecção de explosivos e narcóticos, que muitas vezes estão associados a ameaças terroristas ou ilícitas em um contexto mais amplo de ameaças consideradas “invisíveis”.

Ação na COP30

Durante a COP30, a Marinha desempenha um papel relevante na segurança das delegações e das estruturas que recebem participantes do evento.

“Com relação à COP30, as nossas atividades na Marinha estão semelhantes às que já realizamos em outros grandes eventos recentes, como o BRICS e o G20. Neste ano, porém, tivemos uma particularidade: seguimos protocolos específicos para realizar varreduras nos hotéis onde normalmente se hospedam as delegações de primeiro escalão”, explicou o Capitão de Fragata (Fuzileiro Naval) Leonardo Garcia.

Devido às características geográficas de Belém, onde os rios são um dos principais meios de locomoção, foram disponibilizados transatlânticos que serviram como hospedagem flutuantes. Por estarem em área fluvial, a responsabilidade pela segurança dessas embarcações ficou sob a coordenação da Marinha, que realizou ações de varredura e monitoramento a bordo.

A varredura de Defesa NBQR nos transatlânticos também garantiu a proteção do porto a partir de ações de prevenção, resposta e mitigação de incidentes envolvendo agentes não convencionais. Locais de uso comum, como salas de conferência e teatros, foram examinados com detectores nucleares, químicos e radiológicos.

Outra ação de destaque foi a inspeção de segurança realizada na Caravana Fluvial Iaraçu, expedição científica e intercultural que integra a cooperação Brasil–França em preparação para a conferência. A operação, conduzida sob coordenação do Comando “Marajoara”, ocorreu enquanto a embarcação estava atracada no Rio Guamá, nas adjacências da Universidade Federal do Pará.

A varredura de Defesa NBQR e a detecção de artefatos explosivos focaram a busca na parte interna da embarcação, incluindo o quarto destinado à hospedagem do presidente francês, Emmanuel Macron, que participou das atividades oficiais da conferência.

“Esta é uma capacidade da Marinha do Brasil que está disponível, entre outras, durante o evento da COP30. Em todos os locais onde estiverem as principais comitivas, ou onde qualquer ameaça for detectada, nós estaremos presentes”, reforçou o Comandante.

Fonte: Agência Marinha de Notícias

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