Colômbia fecha acordo para adquirir 17 caças Gripen

Marco estratégico na modernização da Força Aeroespacial Colombiana

Por Ricardo Fan – Especial para Defesanet

A Colômbia deu um passo decisivo na renovação de sua capacidade de defesa aérea ao concluir, após 48 horas intensas de negociações com a empresa sueca Saab, a compra de 17 aeronaves Gripen.

O pacote — que inclui armamentos de última geração, sistemas embarcados avançados, infraestrutura, suporte logístico e adequação operacional — foi fechado em 16,5 bilhões de pesos colombianos, marcando oficialmente o início da substituição da envelhecida frota de caças Kfir.

O acordo, confirmado por fontes do alto governo colombiano, encerra um processo iniciado em 2023, quando o presidente Gustavo Petro começou a avaliar alternativas para modernizar a defesa aérea.

Em abril deste ano, após comparar propostas de gigantes como Lockheed Martin (F-16) e Dassault (Rafale), o governo definiu o Gripen E/F como a plataforma escolhida. A aprovação das vigências futuras em outubro consolidou o financiamento, abrindo caminho para a assinatura final do contrato.

Segundo o cronograma pactuado, os primeiros Gripen devem chegar ao país no primeiro semestre de 2027, estabelecendo uma janela razoável para a construção da infraestrutura, treinamento de pessoal e integração operacional da nova frota.

Por que o Gripen? O vetor aéreo de nova geração para a Colômbia

A decisão colombiana segue uma tendência regional já vista no Brasil, que também opera o Gripen, e reflete a busca por um caça multimissão, interoperável e com ampla capacidade de adaptação a cenários variados — característica fundamental para um país com geografia tão diversa quanto a Colômbia.

A Saab destaca que o Gripen foi projetado para enfrentar ameaças avançadas em campos de batalha modernos e, sobretudo, para evoluir de forma contínua, acompanhando novos desafios tecnológicos. O avião integra um conjunto sofisticado de sensores passivos e ativos, permitindo:

  • detecção de alvos a longas distâncias;
  • identificação, localização e interceptação de ameaças aéreas, terrestres e marítimas;
  • elevada consciência situacional no combate.

O general Francisco Forero, ex-comandante do Comando de Apoio da Força Aeroespacial Colombiana, destacou a robustez da plataforma:

A aeronave tem vantagens significativas em eletrônica, radar e versatilidade. Pode operar em todas as pistas da FAC, incluindo locais não preparados, reduzindo o risco de ingestão de detritos e ampliando cenários de emprego. Além disso, mantém compatibilidade com os sistemas de reabastecimento em voo já existentes.

Características que influenciaram a escolha

O Gripen é reconhecido por sua filosofia de projeto voltada à eficiência e à flexibilidade. Entre as capacidades de maior impacto para a Colômbia, destacam-se:

  • Autonomia de 3.500 km, com possibilidade de reabastecimento em voo.
  • Operações em pistas curtas e até em rodovias comuns, ideal para dispersão estratégica — um fator crítico em tempos de conflito.
  • Reabastecimento e rearme em apenas 10 minutos em bases improvisadas.
  • Troca completa de motor em uma hora, mantendo alta disponibilidade operacional.
  • Capacidade multimissão plena, abrangendo combate ar-ar, ar-solo, ISR (inteligência, vigilância e reconhecimento) e missões especializadas.

A Saab reforça ainda que o Gripen combina alto desempenho com baixo custo de ciclo de vida e reduzida pegada logística, algo particularmente relevante para orçamentos militares que enfrentam pressões constantes.

Impacto estratégico e geopolítico

A aquisição dos Gripen representa mais do que uma simples atualização tecnológica. Trata-se de uma mudança profunda no equilíbrio estratégico da região andina.

  1. Substituição urgente dos Kfir – A frota colombiana atual já opera no limite de sua vida útil, com restrições crescentes de segurança e disponibilidade.
  2. Convergência com parceiros regionais – A integração do Gripen aproxima Colômbia e Brasil em termos operacionais e doutrinários, abrindo espaço para cooperação industrial e treinamento conjunto.
  3. Sinal político – Ao optar por um vetor europeu, a Colômbia se distancia da dependência dos Estados Unidos nesse domínio específico, diversificando fornecedores e aumentando autonomia estratégica.
  4. Modernização ampla da defesa – O pacote logístico e de infraestrutura indica um projeto de longo prazo, preparando a Colômbia para operar um caça de 4,5ª geração com potencial de evolução contínua.

Considerações Finais

O acordo para aquisição dos 17 Gripen consolida a maior modernização da aviação de combate colombiana em décadas. Com chegada prevista para 2027, a nova frota elevará substancialmente a capacidade defensiva do país, garantindo superioridade tecnológica na região e colocando a Força Aeroespacial Colombiana em sintonia com padrões internacionais de aviação de combate.

A escolha do Gripen alinha eficiência operacional, adaptabilidade geográfica e custo equilibrado — atributos fundamentais para um país que enfrenta desafios simultâneos no combate ao crime organizado, na proteção de fronteiras e na manutenção de sua soberania aérea.

A Colômbia, assim, ingressa em um novo ciclo estratégico, onde tecnologia, doutrina e autonomia ganham um vetor decisivo para o futuro de sua defesa nacional.

Fonte: NOTICIAS CARACOL DIGITAL

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