Encontro abordou aspectos técnicos e possibilidades de cooperação no desenvolvimento da aeronave multifunção
O Presidente-Executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (ABIMDE), Tenente-Brigadeiro do Ar R1 José Augusto Crepaldi Affonso, recebeu, em 4 de novembro, os executivos Carlos Marques, representante do projeto Kepplair-72 – The Forest Keeper no Brasil, e Fabian Ballet, da empresa francesa Kepplair Evolution, para uma reunião técnica dedicada à iniciativa.
A reunião, realizada na sede da entidade, teve por objetivo a troca de informações técnicas e a identificação de oportunidades de cooperação voltadas ao desenvolvimento da aeronave no Brasil, com foco na prospecção de possíveis parceiros dentro da Base Industrial de Defesa e Segurança (BIDS).
O Kepplair-72 prevê a conversão do avião regional ATR 72 em uma plataforma multifunção, com ênfase em seu emprego como avião-tanque para supressão de incêndios florestais. A configuração prevista contempla tanques com capacidade total de 7.500 litros, sistema de largagem de água ou retardante e adaptações estruturais e operacionais necessárias para a missão. A previsão pública indica certificação até o final de 2026 e início dos voos operacionais no verão europeu de 2026.
Tomando como base uma plataforma amplamente difundida, já que mais de 1.200 unidades do ATR 72 operam globalmente, o projeto explora a logística consolidada do modelo, a economia de operação e as características de desempenho: decolagem em pistas curtas (1.050 metros), baixo consumo de combustível (aproximadamente 2 litros por 100 passageiros em configuração de transporte) e emissões reduzidas por passageiro-quilômetro. Essas qualidades fundamentam a viabilidade técnica para missões em áreas remotas e para a operação em bases de menor infraestrutura.
Estão apontados custos estimados para diferentes alternativas de implantação: kit de conversão para aeronaves usadas na faixa de 9 a 12 milhões de euros e aeronave nova convertida entre 30 e 35 milhões de euros. O programa vislumbra, em horizonte público, uma cadência de produção que atinja cerca de 12 unidades por ano, sujeita às decisões industriais e de certificação.

Durante o encontro, foram discutidos requisitos técnicos, certificações regulatórias, linhas de suprimento e modelos de parceria industrial, incluindo possibilidades de transferência tecnológica e formação de uma cadeia local de manutenção e integração. Também foram abordadas as especificidades operacionais inerentes à missão de largagem de massa, como efeitos estruturais, perfil de soltura e sistemas de segurança, e a necessidade de ensaios para validação das soluções propostas.
“A ABIMDE mantém interlocução permanente com atores internacionais que trazem propostas tecnológicas com potencial de aplicação nacional. A convergência entre um projeto técnico consistente e a capacidade industrial local é condição para avaliar a viabilidade de implantação no Brasil”, afirmou o Brigadeiro Crepaldi Affonso, ao encerrar o encontro.





















