Parceria reforça integração estratégica entre Kiev e Estocolmo e marca novo capítulo na cooperação europeia em defesa
Por Redação DefesaNet
A Suécia e a Ucrânia assinaram, na quarta-feira (22), uma carta de intenções que abre caminho para um acordo de fornecimento de até 150 caças Gripen E à Força Aérea Ucraniana ao longo da próxima década e meia. A assinatura ocorreu em Linköping, sede da Saab, fabricante do caça multifunção de origem sueca, e contou com a presença do primeiro-ministro Ulf Kristersson e do presidente Volodymyr Zelenskyy.
O documento representa um compromisso político e industrial de longo prazo, mas não prevê entregas imediatas. “Este é o início de uma longa viagem de 10 a 15 anos”, declarou Kristersson, destacando que o acordo contempla a versão Gripen E, a mais avançada do programa. A capacidade de produção atual da Saab é limitada e prioriza compromissos existentes com a Força Aérea Sueca e parceiros internacionais.
Parceria estratégica e cronograma de entregas
Zelenskyy anunciou que as primeiras entregas devem ocorrer já em 2026, confirmando que pilotos ucranianos já iniciaram treinamento nos caças suecos. O líder ucraniano ressaltou que o Gripen representa “um dos elementos mais eficazes para o reforço das capacidades de defesa da Ucrânia”, especialmente diante da contínua ofensiva russa e da necessidade de renovação da frota aérea do país.
O Gripen E, propulsado por um motor General Electric F414-GE-39E fabricado nos Estados Unidos, é considerado um dos caças de quarta geração mais modernos em operação, combinando baixo custo operacional, alta manobrabilidade e integração com sistemas ocidentais de armamento e sensores.

Contexto militar e diplomático
O novo acordo surge em um momento de estreitamento das relações entre Kiev e Estocolmo, num esforço mais amplo de coordenação europeia para apoiar a defesa ucraniana. Zelenskyy aproveitou o encontro para discutir a iniciativa PURL (Lista de Requisitos Prioritários da Ucrânia) e a situação do setor energético, alvo constante de ataques russos.
“É crucial mantermo-nos unidos nas nossas decisões para alcançarmos os resultados que pretendemos”, afirmou Zelenskyy, referindo-se às reuniões do Conselho Europeu em Bruxelas e à Coligação de Boa Vontade, em Londres.
Kristersson reforçou a posição sueca de apoio firme e duradouro à defesa da Ucrânia. “Uma Ucrânia forte e capaz é uma prioridade fundamental para a Suécia, e continuaremos a garantir que Kiev possa resistir à agressão russa”, declarou o primeiro-ministro em mensagem publicada na rede X (antigo Twitter).

Histórico operacional do Gripen
Os caças Gripen têm um histórico consolidado de emprego em missões da OTAN e em operações internacionais. A versão anterior do modelo, o Gripen C/D, foi empregada em missões de policiamento aéreo na Polônia em 2025 e na zona de exclusão aérea da OTAN sobre a Líbia em 2014.
Em 2025, os meios de comunicação suecos também relataram o primeiro uso em combate direto do Gripen E, quando a Tailândia utilizou o modelo em confrontos fronteiriços com o Camboja — episódio que confirmou o desempenho do caça em cenários reais de conflito.
Perspectiva geoestratégica
Com o acordo, a Suécia consolida-se como um dos principais parceiros tecnológicos e militares da Ucrânia na Europa Setentrional, ao mesmo tempo em que reforça sua própria integração com a OTAN. Para Kiev, o Gripen E representa autonomia operacional e interoperabilidade com forças ocidentais — um passo decisivo na transição da doutrina soviética para padrões ocidentais de aviação de combate.
Se concretizado integralmente, o contrato transformará o Gripen E em um dos principais vetores da defesa aérea ucraniana, complementando as frotas de F-16 e Mirage 2000 já em processo de incorporação, e estabelecendo um novo eixo de cooperação militar entre o Norte da Europa e o Leste Europeu.
Fonte: Governo da Suécia, Presidência da Ucrânia, Saab AB
Leia também:




















