A crescente onda de ciberataques que já impactou o setor financeiro, aeroportos europeus e recentemente paralisou a produção da Jaguar Land Rover acende um alerta vermelho para as indústrias brasileiras.
Segundo especialistas, criminosos digitais têm focado em fornecedores e parceiros de grandes empresas, explorando pontos frágeis da cadeia de suprimentos para causar prejuízos bilionários.
Ricardo Dastis, CTO da Scunna, empresa com mais de 35 anos de experiência em segurança cibernética, destaca que o episódio da Jaguar expõe um risco que não pode ser ignorado.
“O que vimos na Jaguar Land Rover mostra como um único ataque pode paralisar fábricas inteiras e afetar milhares de fornecedores. Se algo semelhante ocorrer em indústrias brasileiras, não apenas no setor automotivo ou na indústria, mas em empresas de infraestrutura crítica, como de energia, telecom, hospitais, o impacto seria devastador não apenas para as empresas, mas para toda a economia em cadeia”, afirma.
O caso ilustra como o elo mais fraco da segurança pode estar fora dos muros corporativos. Estima-se que a Jaguar tenha prejuízos de até 5 milhões de libras por dia desde a paralisação, e fornecedores já relatam demissões em massa diante da interrupção prolongada.
Essa vulnerabilidade não é exceção: em 2024, os ataques via terceiros dobraram, representando cerca de 30% dos incidentes cibernéticos registrados globalmente.
O efeito cascata de falhas desse tipo também ficou evidente no setor aéreo. Recentemente, um ataque ao sistema de check-in e embarque da Collins Aerospace paralisou aeroportos na Europa, incluindo Heathrow, em Londres, gerando atrasos e cancelamentos em série. Para Dastis, o cenário exige mudanças urgentes na forma como empresas lidam com seus parceiros.
“Não basta blindar apenas a própria infraestrutura. A segurança hoje precisa ser estendida a toda a cadeia de valor. Isso significa aplicar monitoramento contínuo, segmentação de acessos e planos conjuntos de resposta com fornecedores críticos. A maturidade de segurança de uma empresa passa a ser medida também pela robustez das pontes que a conectam a terceiros”, reforça o executivo.
O alerta vale especialmente para o Brasil, onde grandes setores dependem de ecossistemas complexos de fornecedores. Num ambiente em que cada elo vulnerável pode comprometer a operação inteira, especialistas concordam: investir em resiliência cibernética já não é opção, é sobrevivência.




















