Voo inaugural do Tejas Mk-1A marca avanço da autossuficiência militar e expansão da capacidade industrial indiana
Por Redação DefesaNet
A Índia atingiu um novo e importante marco em sua jornada rumo à autossuficiência em defesa. O caça leve de combate Tejas Mk-1A, desenvolvido pela Hindustan Aeronautics Limited (HAL), realizou com sucesso seu primeiro voo inaugural nesta sexta-feira (17), a partir do campus industrial da empresa em Nashik, Maharashtra, na presença do ministro da Defesa, Rajnath Singh.
O evento marcou não apenas o voo de estreia do novo modelo, mas também a inauguração da terceira linha de montagem do LCA Tejas Mk-1A e da segunda linha de produção da aeronave de treinamento básico HTT-40, ampliando significativamente a capacidade industrial da HAL. Durante a cerimônia, o novo caça foi saudado com o tradicional arco de água, gesto simbólico de boas-vindas a uma nova aeronave na frota nacional.
Ampliação da capacidade industrial
Atualmente, a HAL opera duas linhas de produção do Tejas em Bengaluru, com capacidade anual de 16 aeronaves. A nova unidade em Nashik eleva o total de produção para 24 aeronaves por ano, representando um importante passo na execução do programa de fabricação nacional iniciado em 2023.
Com isso, a estatal reforça sua posição estratégica como principal integradora da indústria aeronáutica indiana, atendendo à crescente demanda da Força Aérea Indiana (IAF). A HAL também reiterou seu compromisso com entregas pontuais e a expansão da produção local, embora ainda enfrente desafios no fornecimento dos motores GE F404, fabricados pela americana General Electric. O contrato, firmado em 2021, prevê o fornecimento de 99 motores, dos quais apenas quatro foram entregues até o momento.
Um caça de 4,5ª geração totalmente indiano

O Tejas Mk-1A é classificado como um caça multifuncional de 4,5ª geração, projetado para operar em ambientes de alta ameaça e condições climáticas adversas. A aeronave incorpora avanços significativos em relação à versão Mk-1, incluindo:
- Radar israelense EL/M-2052 AESA, de varredura eletrônica ativa;
- Sistema de guerra eletrônica (EW) avançado com bloqueadores de radar;
- Capacidade BVR (Beyond Visual Range) para combate além do alcance visual;
- Sistema digital fly-by-wire de última geração, substituindo controles mecânicos por comandos eletrônicos de alta precisão;
- Nove pontos de fixação externos, permitindo o transporte de armamentos variados, como os mísseis Derby (Israel) e Astra, de fabricação nacional.
Essas melhorias tornam o Tejas Mk-1A uma plataforma moderna, versátil e capaz de integrar tecnologias de diferentes origens, mantendo um elevado grau de nacionalização e interoperabilidade.
Reforço urgente para a Força Aérea Indiana

A Força Aérea Indiana enfrenta atualmente um déficit crítico de esquadrões de caça, operando apenas 29 dos 42 necessários para plena capacidade operacional. A desativação recente de dois esquadrões de MiG-21 aumentou a urgência pela introdução do Tejas Mk-1A, considerado o pilar da modernização da aviação militar indiana.
O novo modelo promete melhor desempenho em combate, maior confiabilidade logística e redução nos custos de manutenção, sendo apto para missões de defesa aérea, ataque terrestre e reconhecimento marítimo.
Com o sucesso do voo inaugural e a expansão da capacidade industrial da HAL, a Índia reforça seu compromisso com o programa “Make in India”, (iniciativa governamental lançada em 2014 para fomentar a produção e a inovação nacional em setores estratégicos, incluindo defesa), consolidando um salto estratégico na autossuficiência em defesa e projetando-se como um ator cada vez mais relevante no cenário aeroespacial global.

Análise DefesaNet
O voo inaugural do Tejas Mk-1A simboliza mais do que um marco técnico: representa a consolidação de um ecossistema de defesa integrado e nacionalizado. O programa demonstra a maturidade crescente da Índia em desenvolver, fabricar e sustentar aeronaves de combate avançadas com elevado conteúdo tecnológico interno.
A expansão da produção em Nashik é estratégica para garantir o cumprimento das entregas contratadas e reduzir a dependência de importações, um dos principais gargalos da indústria de defesa indiana. A decisão também reforça a política de descentralização industrial do governo de Nova Délhi, promovendo polos tecnológicos fora dos grandes centros tradicionais.
Contudo, o fornecimento limitado de motores GE F404 expõe uma vulnerabilidade persistente: a dependência externa de componentes críticos. Essa limitação evidencia a necessidade de acelerar o desenvolvimento do motor Kaveri desenvolvido na Índia, ou de firmar novas parcerias tecnológicas que assegurem a autonomia operacional plena do Tejas no médio prazo.
No plano estratégico, a introdução do Tejas Mk-1A chega em um momento crucial para a IAF, que busca recompor sua frota frente à crescente presença aérea do Paquistão e da China. O modelo deverá atuar como vetor intermediário até a entrada em serviço do Advanced Medium Combat Aircraft (AMCA), o futuro caça furtivo indiano.
Em suma, o Tejas Mk-1A consolida-se como o ponto de inflexão entre dependência tecnológica e soberania industrial — um símbolo claro da nova Índia militar e industrialmente assertiva que emerge no século XXI.
Fonte e imagens: Hindustan Aeronautics Limited (HAL) | Ministério da Defesa da Índia




















