A extensão das águas jurisdicionais brasileiras contribui significativamente para o potencial global de geração de riquezas, energia e empregos por meio do mar
Por Primeiro-Tenente (RM2-T) Stilben
Você sabia que, até 2030, os oceanos poderão produzir 40 vezes mais energia do que temos atualmente, seis vezes mais alimentos, 12 milhões de novos empregos e 15 trilhões de dólares em investimentos sustentáveis? E, mais ainda, que se a chamada Economia Azul Global fosse um país seria o sétimo mais rico do mundo?
Todo esse potencial, que se traduz em números exorbitantes, tem em sua composição uma enorme participação brasileira. São quase 160 mil Km² de mar territorial, em uma Zona Econômica Exclusiva de mais de 3,4 milhões de km². Somado a isso, a Plataforma Continental estendida – faixa do fundo oceânico além das 200 milhas náuticas, – representa 2,1 milhões de Km². Ou seja, a soma de todas essas regiões compõe indubitável ativo nacional chamado Amazônia Azul, representando 5,7 milhões de km², onde são produzidos mais de 97% do petróleo nacional, 85% do gás natural e trafegam 95% do comércio exterior.
Setores econômicos fortes, como o agronegócio, que empregam milhões de pessoas e auxiliam a balança comercial do País, têm sua importância devidamente conhecida; mas o que muita gente não sabe é que mais de 20 milhões de brasileiros, inclusive aqueles que atuam no campo, têm suas atividades envolvidas, direta ou indiretamente, com o mar.

Segundo a Diretoria-Geral de Navegação da Marinha do Brasil, a atual contribuição do oceano para a economia nacional já tem um valor agregado de mais de R$ 1,74 trilhão, pois, retiram-se dos mares 45% do pescado consumido no País e, na plataforma continental brasileira, estão instalados cabos submarinos que transmitem mais de 95% dos dados de internet, interligando o Brasil com o mundo.
Além disso, o subsolo marinho dispõe de grande quantidade de nódulos polimetálicos a serem explorados sustentavelmente, compostos, principalmente, de manganês e ferro, e outros elementos estratégicos como cobalto, níquel, cobre e carbonato de cálcio.
O Anuário Estatístico Portuário da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) aponta que as atividades relacionadas à Economia do Mar, e atreladas ao setor de portos, proveem mais de um milhão de empregos e movimentaram 1,2 bilhão de toneladas de diversos produtos, como soja, milho, minério de ferro e fertilizantes. Dessas, 73 milhões de toneladas foram conduzidas em vias de navegação interiores.
“Temos 35 portos públicos e 175 terminais de uso privado, por onde fluem 95% de todas as riquezas que entram e saem do nosso País. São medicamentos, alimentos, e outros insumos que, em algum momento, estiveram presentes no porão de um navio”, discorreu o Diretor da Antaq, Vice-Almirante (Reserva) Wilson Pereira de Lima Filho.

Questão de soberania
Todas as 10 maiores economias do mundo têm uma saída para o mar. Essa grande vantagem competitiva e econômica vem muito do acesso ao mar pelo país costeiro. Segundo o Subsecretário para o Plano de Levantamento da Plataforma Continental Brasileira, integrante da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar, Capitão de Mar e Guerra Rodrigo de Campos Carvalho, para cada 100 km² de do Brasil, 40 km² são de mar; e, dos entes da federação, 17 são banhados pelo oceano. Ao todo, são 63 mil quilômetros de rios navegáveis, sendo 20 mil km com potencial econômico real.
“Além disso, são 279 municípios defrontados para o mar, de forma que somos um País marinho ou marítimo, embora falemos pouco sobre isso. Se somarmos os 8,5 milhões de km² de terra com 5,7 milhões de km² da nossa faixa oceânica, chegamos a uma área do tamanho do continente Antártico. E a todo detentor da riqueza do mar cabe o ônus da sua defesa. Daí a importância de termos uma Marinha forte, sempre presente e pronta para defender os interesses brasileiros e garantir essa riqueza, não só para a nossa geração, mas para as futuras”, completou.
Para proteger e monitorar as Águas Jurisdicionais Brasileiras, a MB desenvolveu o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz), um dos programas estratégicos da Força. A ferramenta integra diversos equipamentos, sensores e sistemas e está conectada às redes de órgãos como Polícia Federal, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Receita Federal e Petrobras, e de empresas capazes de fomentar e compartilhar informações relevantes.
As informações obtidas por meio do SisGAAz contribuem para o aumento da consciência situacional das autoridades sobre as áreas de interesse, subsidiando a realização de operações decorrentes de Inteligência Marítima.
Fonte: Agência Marinha de Notícias





















