Na abertura da Cúpula dos BRICS, realizada no Rio de Janeiro em 6 de julho de 2025, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a OTAN por “alimentar a corrida armamentista” e acusou Israel de “genocídio” em Gaza, conforme reportado pela BBC.
A retórica, alinhada à agenda do BRICS de desafiar a hegemonia global liderada pelos EUA, reforça a ambição do Brasil de se posicionar como líder do Sul Global. Contudo, essa estratégia, marcada por omissões seletivas e alinhamento com ditaduras como Rússia, China e Irã, pode impor custos econômicos e diplomáticos severos, isolando o Brasil de parceiros estratégicos e comprometendo interesses nacionais.
Perdas econômicas: um tiro no pé
A postura de Lula tem gerado impactos econômicos concretos, ameaçando setores estratégicos da economia brasileira. Um exemplo é a derrota da Embraer na concorrência para fornecer o C-390 Millennium à Polônia, que optou pelo C295 da Airbus em junho de 2025, num contrato de US$ 1,2 bilhão.
A Defense News relatou que a decisão polonesa, um país membro da OTAN, pode ter sido influenciada pela percepção de alinhamento do Brasil com a Rússia, reforçada pelas críticas de Lula à expansão da aliança. A Embraer, que depende de mercados ocidentais para cerca de 40% de suas vendas, pode enfrentar dificuldades para manter sua competitividade no setor de defesa, crucial para a balança comercial brasileira.
O atraso no acordo comercial Mercosul-UE, em negociação há duas décadas, é outro reflexo da postura de Lula. As críticas à OTAN e a Israel intensificaram resistências de países como a França, que já questionava o Brasil por questões ambientais. O acordo, que poderia incrementar as exportações brasileiras em US$ 10 bilhões anuais, segundo estimativas da Fundação Getulio Vargas (FGV), permanece estagnado, afetando setores como agronegócio e manufatura.
O foco na desdolarização e no comércio com o BRICS aumenta a dependência da China, que representa 30% das exportações brasileiras, principalmente soja, minério e carne. Em 2024, uma desaceleração na economia chinesa reduziu a demanda por soja em 10%, resultando em perdas de US$ 3 bilhões para o Brasil, conforme dados da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja).
A falta de diversificação comercial, combinada com tensões com parceiros ocidentais como EUA e UE, que respondem por cerca de 25% do comércio exterior brasileiro (Banco Central do Brasil), expõe a vulnerabilidade econômica do país.
Isolamento diplomático: um Brasil à margem
As críticas de Lula à OTAN e aapós Lula reiterar a acusação de “genocídio” em Gaza, agravando a crise iniciada com sua declaração como persona non grata em 2024, conforme relatado pela Reuters.
A candidatura do Brasil à OCDE, essencial para atrair investimentos e reforçar a credibilidade econômica, enfrenta obstáculos. Em julho de 2025, representantes dos EUA e da França, em uma reunião em Paris, expressaram preocupações com o alinhamento do Brasil a países como China e Irã, segundo o Financial Times. Essa resistência reflete a percepção de que a retórica de Lula compromete os valores democráticos exigidos pela organização.
Hipocrisia e seletividade: uma narrativa contraditória
O discurso de Lula na Cúpula dos BRICS expõe contradições que enfraquecem a credibilidade do Brasil. Ao criticar a OTAN por “provocar” conflitos, Lula evita condenar diretamente a Rússia, cuja invasão da Ucrânia causou mais de 30.000 mortes civis e deslocou 10 milhões de pessoas desde 2022, segundo a ONU.
A iniciativa do “Grupo de Amigos para a Paz”, liderada por Brasil e China, não apresentou avanços concretos, sugerindo uma postura complacente com um agressor do BRICS. Da mesma forma, ao acusar Israel de “genocídio” em Gaza, Lula omite os 254 reféns, incluindo crianças, sequestrados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, conforme dados do governo israelense, comprometendo sua imagem como defensor imparcial da paz.
O alinhamento com regimes autoritários no BRICS, como China, Rússia e Irã, é particularmente problemático. Enquanto Lula critica a “hipocrisia” ocidental, ele ignora violações de direitos humanos desses países, como a repressão em Hong Kong pela China, a supressão de dissidentes na Rússia e o apoio do Irã a grupos terroristas. Essa seletividade mina a posição do Brasil como democracia líder e reforça a percepção de que o país prioriza conveniências geopolíticas em detrimento de princípios democráticos.
Um risco estratégico ao Brasil
A estratégia de Lula no BRICS, embora busque posicionar o Brasil como líder do Sul Global, compromete parcerias vitais com o Ocidente. As perdas econômicas, como a derrota da Embraer e o atraso no acordo Mercosul-UE, combinadas com o isolamento em fóruns como a OCDE, ameaçam o desenvolvimento nacional.
A seletividade ao poupar a Rússia e o Hamas, enquanto critica a OTAN e Israel, expõe uma hipocrisia que enfraquece a credibilidade do Brasil.
Alinhar-se a regimes autoritários como China e Irã, sem contrabalançar com parcerias democráticas, é um erro estratégico que pode relegar o Brasil a um papel secundário no cenário global. Cabe ao governo reavaliar sua postura para proteger os interesses econômicos e a soberania do país.





















