Preparação de militares para salto em queda livre utiliza túnel de vento

Mariana Alvarenga

O Salto em queda livre de um paraquedista militar requer treinamento constante. Uma forma de manter seu adestramento em dia é o uso de simuladores, outra modalidade utilizada no Adestramento Conjunto de Salto Livre Operacional para Forças Especiais, que acontece de 14 a 25 de setembro.

A preparação para a queda livre – momento entre a saída do paraquedista do avião e a abertura do paraquedas – é realizada na Sessão de Simulador de Queda Livre (SSQL) pelo Túnel de Vento. É o chamado paraquedismo indoor. Em uma câmara de voo, os militares simulam as condições do vento nas altitudes previstas para um salto em queda livre. De acordo com o Chefe da Seção de Simulador de Voos, Capitão Antonio Pereira, esse instante pode chegar a até dois minutos, dependendo da altitude, que varia entre 18 e 25 mil pés. Antes de ingressar na câmara de voo, os militares são equipados com macacão, óculos de proteção, capacete e protetor de ouvidos.

Em seguida, recebem instruções de como proceder lá dentro e os posicionamentos que o voador deve executar para maior estabilização. “Se o voador ficar muito parado, o vento vai levá-lo para onde ele quiser. Por outro lado, se se mexer muito, o vento o joga de um lado para o outro. Então a orientação é fazer movimentos lentos e pensados”, explica o instrutor de voo, Sargento Paulo Geacomelli. O militar enfatiza que o mais importante é manter-se relaxado. “Quanto mais tranquilo, melhor. Ficar com o corpo tenso pode fazer doer a musculatura”, ressalta.

Devido ao forte barulho de vento, a comunicação entre instrutor e instruendo é realizada por meio de gestos previamente ensinados. De acordo com o Sargento Geacomelli, os dedos indicador e médio levantados em V significa que o voador deve esticar a perna, em movimentos lentos. Caso o voador não esteja se sentindo bem, a orientação é fazer o gesto de fechar o punho com o polegar para baixo.

O Chefe da Seção de Simulador de Voos, Capitão Antonio Pereira, explica que o Túnel de Vento é composto por quatro motores na parte superior, com 300 cavalos de potência cada. “O Túnel suga o vento turbinado e o ergue para a câmara de voo, onde os paraquedistas têm a experiência. Na câmara, o vento pode atingir velocidade entre 0 e 300 quilômetros por hora. Nosso objetivo é fazer com que o militar faça uma queda estabilizada, em segurança e que, também, comande em segurança o seu paraquedas”, afirma.

Uma pessoa com cerca de 70 quilos voa com aproximadamente 72% do motor, cerca de 180 quilômetros por hora, a depender das condições climáticas. O treino durante uma hora na câmara de vento, realizado em períodos de dois minutos, equivale à execução de 100 saltos reais. “Com isso, economizamos os meios, tendo em vista que cada voo gera custos para a aeronave e para o paraquedas, que tem uma vida útil”, enfatiza o Capitão Pereira.

O Túnel de Vento tem uma cabine chamada mesa do controlador, onde um profissional gerencia a capacidade dos quatro motores que o fazem girar. A potência do vento é feita de acordo com o peso de cada voador. Para saber isso, ele fica em contato com o instrutor, que gesticula por sinais preestabelecidos. “Eu olho para o controlador e faço o gesto. Aí ele já vai saber a potência que eu quero do vento daquele paraquedista, porque cada um tem um peso diferente e voa em um vento diferente”, explica o Sargento Geacomelli.

A capacitação de cada militar paraquedista tem etapas, desde o básico, na qual ele aprende a se estabilizar no ar, até o salto armado equipado em grande altitude. Esse último é formado pelo salto com mochila, paraquedas, fuzil e capacete – todo o equipamento previsto para uma missão real. Para chegar nessa última fase, ele precisa ter obtido êxito em todas as fases propostas em um checklist, além dos instrutores comprovarem que está apto a ir para uma missão real.

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