O promissor mercado de soluções anti-drones

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Via Notimp FAB

Em março de 2014, a polícia de Melbourne, na Austrália, foi convocada para cuidar de um caso nada convencional no Centro Metropolitano de Detenção Preventiva da cidade de Ravenhall.

Um indivíduo de 28 anos foi pego em flagra pilotando um quadricóptero a partir de um carro estacionado nas imediações do complexo prisional. Após ser detido e ter seu gadget apreendido, foi constatado que o meliante tinha a intenção de usar o drone para transportar um celular e uma pequena quantia de drogas para seus amigos dentro do presídio.

Ele teria conseguido, se não fosse pelo olhar observador dos guardas do local, que estranharam a movimentação do veículo aéreo não-tripulado. Na época, o caso chamou atenção da mídia por ter sido o primeiro do tipo registrado naquele país.

Contudo, de lá para cá, o número de incidentes policiais envolvendo o uso de drones para contrabandear drogas e realizar outros atos ilícitos vem crescendo a um ritmo assustador; já foram registrados episódios no Reino Unido, Irlanda, EUA e até mesmo no Brasil. Em 2016, por exemplo, cinco criminosos foram presos suspeitos de utilizar um quadricóptero para assaltar casas e condomínios de luxo nos municípios de Jacareí e Mogi das Cruzes, em São Paulo.

A quadrilha sobrevoava as residências, mapeava seus pontos fracos, estudava a rotina dos moradores e montava um plano infalível de invasão. O equipamento foi encontrado na casa de um dos suspeitos, em Arujá.

“Eles faziam o levantamento, utilizando os drones nas casas que eram consideradas de alto padrão, a avaliação dos veículos que estavam nas garagens e mesmo aqueles que contam com com fortes aparatos de segurança. Eles adotavam estratégias e conseguiam adentrar nos condomínios”, explica Alexandre Batalha, delegado que comandou a operação.

Uma faca de dois gumes

É indiscutível que a popularização dos drones comerciais causou uma revolução importante em diversas áreas de atuação. Os quadricópteros são valiosos no ramo agrícola, onde podem ser usados para mapear terrenos, identificar problemas na lavoura e espalhar pesticidas; também são úteis para fins cinematográficos e fotográficos.

Porém, como toda e qualquer tecnologia emergente, não demorou muito até que os fora-da-lei encontrassem formas criativas de empregar os VANTs para atividades criminosas. Sua capacidade de transportar cargas leves e realizar filmagens em alta definição transformam um drone em uma arma perfeita para ações ilícitas.

Além disso, atualmente, é possível comprar um modelo robusto por menos de R$ 3 mil — um investimento irrisório frente aos “lucros” que tal equipamento pode prover. Eles também estão se tornando cada vez mais fáceis de serem pilotados e saem de fábrica equipados com recursos úteis, como retorno automático ao ponto de decolagem.

No último censo do tipo, em 2016, a polícia britânica recebeu nada menos do que 3.456 denúncias de drones com comportamento indevido. No mesmo ano, uma reportagem do jornal Brookings revelou que integrantes da facção Comando Vermelho também empregavam “câmeras voadoras” no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, para identificar colaboradores da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).

Uma fonte anônima ligada ao TudoCelular comentou que algo semelhante ocorre em pontos de tráfico de drogas na zona leste da capital paulista. Por lá, drones já são utilizados para vigiar possíveis rondas de agentes da lei, tal como transportar encomendas diretamente para dentro das cadeias.

Essa nova “moda” mundial está forçando as autoridades, as fabricantes e as desenvolvedoras de soluções de segurança privada a projetarem soluções que visam não apenas inibir essa prática, mas também facilitar a vida das autoridades caso elas capturem um drone usado para entregar entorpecentes ou afetar a privacidade alheia.

De acordo com Michael Blades, diretor do instituto de pesquisas Frost & Sullivan, o mercado de tecnologias anti-drones já representa investimentos na faixa de US$ 500 milhões; estimativas defendem que, até o ano de 2023, o setor crescerá o suficiente para movimentar até US$ 1,5 bilhões.

Os esforços da DJI

Frequentemente descrita como a maior fabricantes de drones do mundo, a Dà-Ji?ng Innovations Science and Technology, mais conhecida simplesmente como DJI, fechou o ano de 2017 dominando 70% do mercado de quadricópteros que custam a partir de US$ 1 mil. É ela a responsável por modelos famosos como as linhas Mavic, Phantom e Inspire.

Sendo dona de tantos VANTs populares, a companhia naturalmente tem o dever ético de garantir que eles não sejam utilizados para fins criminais. Em contato com a equipe do TudoCelular, a companhia explicou como funciona o AeroScope, sua solução de rastreamento criada para identificar quem está por trás de um drone em pleno voo.

“O equipamento foi criado para a atender às necessidades das autoridades de segurança, evitando que dispositivos voem ilegalmente. A transmissão de dados não fere a privacidade dos pilotos, uma vez que não há o compartilhamento de informações pessoais do dono do drone”, afirma a companhia.

A solução é, a grosso modo, uma espécie de placa de identificação virtual atribuída a cada drone, que utiliza os próprios transmissores de rádio-frequência presentes dentro desses equipamentos para transmitir a ficha completa do veículo para um aparelho receptor. É possível, em poucos segundos, extrair dados como coordenadas de GPS, altitude, velocidade, direção, local de decolagem, local do operador e um número de registro único.

De acordo com a DJI, o objetivo do AeroScope é fornecer um método confiável para que as autoridades possam monitorar quadricópteros que estejam sobrevoando áreas sensíveis, como complexos presidiários, aeroportos, campos de uso exclusivo para forças militares e até mesmo ambientes corporativos de acesso restrito. A fabricante também se preocupou em manter um equilíbrio entre uma identificação precisa e a privacidade do operador.

“A DJI continua a ser a única grande empresa do setor de UAS de que temos conhecimento que tenha declarado expressamente os direitos de privacidade dos operadores de drones em seus negócios e no uso pessoal de drones, e defendeu esses direitos em fóruns de políticas e comitês de regulamentação”, defende-se a chinesa em um documento oficial enviado à nossa redação.

O AeroScope ainda não está disponível, mas a intenção da DJI é disponibilizar a solução receptora por US$ 5 mil — um preço bem mais acessível em comparação com outros softwares e hardwares semelhantes. “Os governos de todo o mundo deixaram claro que pretendem exigir em breve que todos os drones transmitam algum tipo de identificação e informações de telemetria”, complementa a companhia.

Tecnologia alemã em prol da segurança

Já a Dedrone é uma empresa europeia que nasceu especificamente para tratar desse assunto. Com sede na Alemanha, a companhia fornece uma solução eficiente para entidades governamentais, empresas privadas, aeroportos, estádios e complexos presidiários.

Batizado simplesmente como DroneTracker, o produto consiste não apenas em um software, mas também em um conjunto de hardware formado por detectores de rádio-frequência, câmeras, uma central controladora e um jammer — dispositivo capaz de interferir na comunicação entre o quadricóptero e o controle remoto de seu operador.

Ao ser instalada, a solução identifica qualquer VANT (independentemente de sua marca ou modelo), extrai o máximo de informações possíveis sobre ele e transmite as novidades para o gestor de segurança, tanto pelo computador quanto via dispositivos móveis. É possível usá-lo até mesmo smartphones, tablets e relógios inteligentes.

O cliente é capaz ainda de configurar respostas automáticas sempre que uma aeronave é detectada, como usar o jammer para derrubá-lo e emitir um alerta automatizado para a equipe de busca se deslocar até o ponto em que o operador está. A solução foi usada para proteger, por exemplo, o Fórum Econômico Mundial de 2017, em Davos, na Suíça.

No Brasil, a alemã é representada pela TechShield, cujo maior case de sucesso foi uma implantação em larga escala no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Em seu site oficial, a Dedrone ressalta que “drones são úteis, mas também perigosos”, podendo ser utilizados para espionagem corporativa e até mesmo atentados terroristas.

Uma ferramenta para peritos forenses

É pouco provável que você conheça a Cellebrite, mas saiba que ela possui um papel fundamental no mercado de tecnologia forense. Embora isso nunca tenha sido confirmado, existem teorias de que ela foi a parceira do FBI no caso de San Bernardino, tendo auxiliado os federais a desbloquear um iPhone 5c e extrair informações preciosas para a resolução do caso.

Aproveitando seus 19 anos de experiência em prover ferramentas de análise de smartphones para peritos, a marca recentemente lançou uma solução de perícia específica para drones, que facilita a extração e análise de informações a partir de um quadricóptero capturado em campo. A ideia é oferecer uma ferramenta não para abater esses equipamentos, mas sim para auxiliar nas investigações para saber quem (e porquê) estava por trás daquele ato.

“A disponibilidade comercial de drones baratos e sofisticados em todo o mundo estimulou o uso de UAVs para atividades criminosas e terroristas, desde o contrabando de sistemas armados até a coleta de informações ilícitas sobre infraestruturas e vulnerabilidades sigilosas das instalações”, afirma Ron Serber, um dos fundadores da Cellebrite. A solução funciona extraindo dados do drone em si, de cartões SD ou de apps de controles remotos.

“A combinação de recursos de perícias forenses e analíticas, a nossa solução inovadora de inteligência digital permite que os investigadores obtenham, reúnam e usem rapidamente uma inteligência digital legalmente válida para investigações relacionadas a drones. Isso permite que o cumprimento da lei se torne mais proativo na previsão de futuras ameaças envolvendo drones”, finaliza.

Legislação e padronização ainda são cruciais

Por mais que o número de soluções anti-drones esteja crescendo, essas ferramentas não são, por si só, o suficiente para mitigar o uso de quadricópteros por parte de criminosos. Com exceção do AeroScope da DJI, todas as soluções citadas acima possuem um custo altíssimo para implementação, o que limita sua adoção por parte da iniciativa privada.

Além disso, sabemos que é raro ver instituições públicas brasileiras investindo em tecnologia de segurança; logo, vislumbrar um presídio nacional contratando a Dedrone, por exemplo, é algo inimaginável.

Isso, é claro, sem falar da falta de uma legislação específica que trate esse tipo de delito. Em maio de 2017, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) criou normas para o uso de quadricópteros em áreas públicas; de acordo com as regras, é necessário ter mais de 18 anos para controlar alguns VANTs, manter uma distância mínima de 30 metros de pedestres e obter um registro especial para trabalhar com tal equipamento.

A portaria também observa que é expressamente proibido o transporte de “pessoas, animais, artigos perigosos e outras cargas proibidas por autoridades competentes”; ainda assim, como sabemos, isso não está impedindo ninguém de usar drones para entregar entorpecentes. Sendo assim, não seria equivocado sugerir que o órgão trabalhe em leis mais severas que possam auxiliar o trabalho das autoridades competentes — mas isso, é claro, respeitando a liberdade e a privacidade dos operadores pacíficos.

 

Nota DefesaNet

A empresa brasileira IACIT, de São José dos Campos/SP, projetou e comercializa o mais efetivo sistema contra drones hoje em uso no mundo. Usado na Olimpíada Rio2016 com enorme sucesso. Testado cm sistemas mencionados na matéria acima superou a todos amplamente.

 

IACIT – Exército adquire bloqueador de drones para Jogos Olímpicos Rio 2016 Link

 

IACIT apresenta sistemas exclusivos na Expodefensa Link

 

 

 

 

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