Dep Federal Jô Moraes
PCdoB / MG
"Esta base começa a ser desmontada nos dias seguintes ao fim do exercício e não há qualquer intenção de torná-la permanente", informou o General Guilherme Theophilo Oliveira, Comandante da Região Militar da Amazônia, respondendo às perguntas dos deputados Jô Moraes, do PCdoB e Glauber Braga, do Psol que estiveram em visita ao território onde se desenvolve a operação militar multinacional de ações humanitárias. Os parlamentares fizeram questão de buscar informação oficial sobre a possível continuidade da base militar, cuja especulação sobre o tema vinha preocupando importantes setores da sociedade.
Em seu planejamento, o treinamento tinha sido concebido como "um laboratório onde serão testadas e desenvolvidas soluções logísticas coletivas que se adequem às características da região". A operação foi constituída de ações para atender pessoas evacuadas de possíveis regiões atingidas por desastres, na identificação, revista de bagagem e controle médico, de peruanos, colombianos e brasileiros.
O caráter multinacional da operação, inédita na América do Sul, foi originalmente proposta pelo Exército, dentro do esforço, segundo palavras do seu Comandante, General Vilas Boas, "de implantação de um novo e efetivo Sistema Logístico Militar".
Quando anunciada, a Amazonlog17 provocou grande inquietação nas forças nacionalistas do país com o anúncio de que as forças armadas dos Estados Unidos estariam presentes na operação. A preocupação se assentava na ameaça que pode representar a presença direta de tropas americanas e suas práticas hegemonistas sobre o estratégico e sagrado solo da Amazônia.
Num momento em que o governo Temer toma iniciativas políticas e legais para mudar a política externa brasileira e realizar uma orientação econômica de completa entrega das riquezas nacionais, o país tem que estar alerta.
Daí a importância da visita de parlamentares, representantes de órgãos públicos e representações diplomáticas ao espaço da operação conjunta. Nesse aspecto vale registrar o integral apoio do Exército brasileiro em facilitar a presença das autoridades no deslocamento e a abertura nas informações.
O Exercício, que se iniciou no dia 6 do corrente mês e irá até 13 de novembro precisará ser estudado em seu desenvolvimento para se verificar se cumpriu os objetivos de contribuir com a integração regional e a importância de sua continuidade. Como disse o General de Brigada Barroso, adido militar da Venezuela, "quem sabe este exercício possa se realizar, ampliando-se e envolvendo os países da Unasul".
Segundo o roteiro divulgado pelo comando da operação, "além do Brasil, haverá a presença das Forças Armadas e Agências da Colômbia e Peru, com tropas e meios". Outras nações participaram com recursos logísticos, oficiais de Estado-Maior e observadores. Nessa condição são 23 países, entre eles EUA, China, Alemanha, Venezuela, Paquistão, Rússia, Israel, Equador entre outros. Registre-se que, no caso dos Estados Unidos, eles integraram excepcionalmente o apoio à logística de transporte composta por helicópteros, barcos de transporte de pequeno porte e outros.
O Exercício da Amazonlog17 envolve números muito elevados. São 1.940 pessoas, 490 militares estrangeiros, 350 civis, 22 agências governamentais, entre elas Funasa, Funai, Anvisa, Defesa Civil, Universidade Federal da Amazônia, Ibama e 29 empresas de logística e da indústria de defesa. A base de apoio logístico multinacional, construída para receber os participantes tem 51 mil metros quadrados de área que funcionará apenas durante o período do Exercício.
Só depois de concluído essa experiência inédita, divulgados os resultados de forma transparente, e analisados junto à sociedade local, poder-se-á ter uma avaliação se a operação serviu aos objetivos a que se pretendia e se a soberania foi preservada.