Copa do Mundo na Rússia – Três perguntas sobre terrorismo

André Luís Woloszyn

Os olhos do mundo estão voltados para a Rússia, e assim será até o final do torneio mundial que reúne seleções do mundo inteiro: a Copa do Mundo.
 
Não é de hoje que os grandes eventos mundiais, sejam eles esportivos ou não, exigem das células de inteligências de cada país atenção redobrada. A grande concentração de civis e a atenção natural da mídia mundial nesses encontros é o cenário, muitas vezes, ideal para um atentado terrorista.
 
Mas afinal, mesmo a Rússia sendo, infelizmente, um país acostumado com o protocolo terrorista, a Copa do Mundo está a salvo de um ataque? 
 
Woloszyn responde a três perguntas que permeiam o tema. Confira a seguir. 
 
– Como está o esquema de segurança na Rússia para prevenir atentados terroristas durante a Copa? 

A Rússia montou um forte aparato de segurança envolvendo milhares de militares das forças armadas, policiais, agentes de inteligência apoiados por tecnologias digitais de monitoramento e vigilância, considerada a maior operação policial e militar desde o período da guerra fria, muito similar a que foi montada no Brasil, contudo, mais ampla e sofisticada em termos do uso de tecnologias, incluindo o uso de satélites.
 
– Em comparação ao evento realizado no Brasil em 2014, quais as semelhanças e diferenças entre ambos?

A única semelhança recai na participação de delegações esportivas e turistas de diversos países. As diferenças são muitas. Em primeiro lugar, a Rússia possui um amplo histórico de ações terroristas em seu território, portanto, farta experiência em crises desta natureza adquiridas nos atentados ao Teatro Bolchoi (2002), da Escola de Beslan (2004) e no Aeroporto Internacional de Demodedovo (2011), perpetuado por integrantes de grupos separatistas chechenos.

Em segundo, não deverá existir o fator surpresa, característica de uma ação terrorista, uma vez que as forças de segurança já trabalham com a hipótese de uma ocorrência terrorista. Em terceiro, pelas características específicas do povo russo, fica mais fácil assinalar pessoas suspeitas e monitorá-las. Em quarto, a legislação criminal russa é .

Assim, deter e interrogar pessoas mesmo sem mandado judicial não se constitui em um problema, em especial, em crimes considerados contra o Estado. Em quinto, a população russa tem por tradição, auxiliar as forças de segurança estatais com informações o que se soma e multiplica a segurança do evento.
 
Na  sua opinião qual a probabilidade de atentados terroristas durante o evento?

Existe probabilidade de atentados em qualquer território face ao dinamismo das ações terroristas, portanto, esta é uma hipótese que não pode ser descartada. Naturalmente, o problema russo é maior em termos de medição do grau de riscos pois o país foi classificado como de grau elevado face as ações diretas de bombardeios aéreos e marítimos contra zonas ocupadas por insurgentes do regime de Bashar Al Assad e integrantes do grupo terrorista Estado Islâmico (ISIS) na Guerra da Síria a partir do ano de 2015.

É preciso lembrar que tais ações militares contribuíram decisivamente para a derrocada do grupo, enfraquecendo seu poder reativo e afastando-o da intenção de fundar um estado islâmico na região. Alertas desta natureza foram divulgados por agências de inteligência desde o início do ano de 2018, com destaque para o BND Alemão.

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