Merkel diz que Alemanha está em guerra contra o “Estado Islâmico”

Os recentes ataques em Würzburg e Ansbach, ambos reivindicados pelo grupo "Estado Islâmico" (EI), foram perpetrados por dois refugiados "que zombaram do país que os acolheu", dos trabalhadores e voluntários e também dos "refugiados que realmente buscam aqui ajuda devido à violência e à guerra", afirmou a chanceler federal Angela Merkel nesta quinta-feira (28/07), em Berlim.

Merkel classificou os ataques de "chocantes, angustiantes e deprimentes" e afirmou que as autoridades farão de tudo para esclarecer os incidentes, que ela chamou de terrorismo islâmico. "Acho que estamos num combate ou, se quiserem, numa guerra contra o EI", afirmou, para em seguida acrescentar: "Nós não estamos numa guerra ou combate contra o islã".

Desde os recentes ataques – incluindo o na cidade bávara de Ansbach no último domingo, em que um refugiado sírio deixou 15 feridos –, a sensação de insegurança aumentou na população. Alguns dias antes, um refugiado de 17 anos, supostamente afegão, atacou com uma faca e um machado passageiros de um trem perto de Würzburg, também no sul do país, deixando cinco feridos.

"Este é um momento difícil, mas também tivemos outros difíceis […] Agora estamos diante de algo que envolve o cerne da sociedade", afirmou. Segundo a chefe de governo, que interrompeu suas férias para participar de uma entrevista à imprensa, o Estado precisa cumprir sua missão de restaurar a confiança da população.

"Nós vamos conseguir"

A chanceler federal afirmou que não importa se esses refugiados chegaram à Alemanha antes ou depois do último dia 4 de setembro. Em 5 de setembro de 2015, a Alemanha abriu suas fronteiras para mais de 10 mil refugiados que estavam retidos na Hungria. Nas semanas seguintes, dezenas de milhares de migrantes chegaram ao país.

Merkel disse que os alemães não devem se deixar abalar pelos terroristas, que têm como objetivo espalhar o medo, e não devem deixar que eles destruam o modo como vivem. Segundo ela, os terroristas semeiam o ódio e o medo entre as culturas e as religiões.

Quando questionada se o terrorismo islâmico chegou ao país, Merkel disse que essa afirmação já poderia ter sido feita antes. Ela remeteu ao assassinato de dois soldados americanos em Frankfurt por um extremista de origem albanesa e kosovar, em 2011, e ao ataque de uma militante do EI a um policial alemão no início do ano. "Agora vimos isso novamente com grande força", disse, referindo-se aos ataques em Würzburg e Ansbach.

A chanceler federal retomou sua famosa expressão sobre a crise dos refugiados, "nós vamos conseguir", várias vezes repetida por ela nos últimos meses. "Continuo convencida de que vamos conseguir cumprir nossa missão histórica. E já conseguimos muito nos últimos 11 meses", afirmou, mencionando o acordo migratório entre a União Europeia (UE) e a Turquia como exemplo.

Plano de nove pontos

Em reação aos recentes ataques, Merkel elencou um plano de nove pontos, incluindo um aumento do número de funcionários das autoridades de segurança e uma cooperação mais intensa com serviços de segurança de outros países.

A chefe de governo também anunciou uma diminuição dos obstáculos para a deportação de requerentes de refúgio, exercícios conjuntos da polícia e das Forças Armadas para operações antiterrorismo, um registro nacional de entrada e saída no país, um órgão para decodificação da comunicação via internet e um sistema de alerta para a radicalização de refugiados.

"O mundo está em guerra, mas não religiosa", diz papa

"O mundo está em guerra", disse o papa Francisco nesta quarta-feira (27/07), a bordo do avião que o conduzia para a Polônia, onde aterrissaria pouco depois, na cidade de Cracóvia.

Francisco ressalvou que não se trata de uma guerra religiosa. "Há uma guerra de interesses. Há uma guerra por dinheiro, por recursos naturais, pela dominação de pessoas. Esta é a guerra", afirmou. "O mundo está em guerra porque ele perdeu a paz."

Francisco afirmou que os recentes ataques terroristas podem ser vistos como mais um grande conflito, mencionando a Primeira e a Segunda Guerra Mundial. Ele aterrissou na Cracóvia sob a sombra do ataque numa igreja na Normandia no dia anterior, na qual um padre octogenário foi degolado por dois homens que declararam lealdade ao grupo extremista "Estado Islâmico" (EI).

"A palavra que se ouve com frequência é insegurança, mas a palavra correta é guerra, não devemos ter medo de dizer isso", disse o papa sobre o atentado. "Não estou falando de uma guerra de religiões. Religiões não querem guerra. Os outros querem guerra", reiterou.

Francisco chamou o padre Jacques Hamel, que foi morto por terroristas na Normandia, de um padre santo, mas acrescentou que ele é apenas uma entre tantas vítimas inocentes.

No aeroporto de Cracóvia, Francisco foi recebido pelo presidente polonês, Andrzej Duda, outras autoridades e centenas de fiéis que aguardaram por ele durante horas. O pontífice viajou ao país por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, que vai até o dia 31 de julho e deve reunir milhares de pessoas.

Além de participar do grande evento católico, Francisco aproveitará a ida à terra natal do papa João Paulo 2º para visitar o campo de concentração de Auschwitz e celebrar uma missa pelo 1050º aniversário do país.

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