Cenas de apocalipse em Paris, ‘atiraram na multidão, gritando ‘Allahu Akbar'” na casa de shows

Sirenes gritando por toda Paris, ruas bloqueadas pela polícia, parentes de vítimas aos pratos que tentam passar: cenas de apocalipse nesta sexta-feira à noite em Paris, palco de atentados simultâneos que deixaram ao menos 39 mortos.

O perímetro está bloqueado nos arredores do hospital Saint-Louis, no norte da capital. Um homem em lágrimas conta que sua irmã foi morta. Ao seu lado, sua mãe desaba em prantos e se joga em seus braços. "Eles não querem nos deixar entrar", explica o homem, mostrando o bloqueio, 50 metros distante.

"Ouvimos barulhos de tiroteios, 30 segundos de disparos, era interminável, pensávamos que eram fogos de artifício", conta Pierre Montfort, que vive perto da rua Bichat, onde ocorreu um dos tiroteios. Outra testemunha descreve a cena: "no momento a gente só viu as balas saindo das armas, tivemos medo, quem garantia que eles não iriam atirar contra as janelas?".

Florence disse que chegou de "scooter talvez um minuto depois". "Foi surreal, todo mundo estava no chão. Ninguém se mexia no restaurante Petit Cambodge e todas as pessoas estavam no chão no bar Carillon. Estava tudo calmo, as pessoas não entendiam o que estava acontecendo. Uma menina estava sendo levada por um homem nos braços. Ela parecia estar morta", explica a mulher.

Mesmas cenas de guerra na rua Charonne, um pouco mais a leste. Caminhões de bombeiros correm com as sirenes ligadas.

"É mais grave que Charlie Hebdo"

Um homem disse ter ouvido tiros durante "dois, três minutos", "tiros seguidos". "Eu vi diversos corpos no chão ensanguentados. Não sei se estavam mortos", solta.

"Havia sangue por todos os lugares", confirma uma outra testemunha, falando de tiros muito fortes em diversos momentos.

Ainda no leste parisiense, mesmas sirenes e luzes da polícia e dos bombeiros, outro distrito fechado, o da casa de shows Bataclan, perto da redação do Charlie Hebdo, alvo de outro atentado assassino em janeiro. Uma tomada de reféns estava ocorrendo.

As pessoas estão perdidas nos telefones. "Minha esposa estava no Bataclan, é uma catástrofe", disse um homem que correu para o local, mas não consegui furar o cordão de isolamento. "Houve um tiroteio no interior do Bataclan. Tudo o que posso dizer é que é mais grave do que Charlie Hebdo", disse um membro das forças policiais.

O Stade de France, enfim, na periferia norte de Paris. Explosões foram ouvidas ao redor, granadas segundo alguns torcedores. A polícia entra, o público consegue ouvir os barulhos de duas explosões mas a partida amistosa entre França e Alemanha continua. Todo mundo fica inicialmente confiado no interior do estádio, sobrevoado por um helicóptero.

"Ouvimos as explosões 25 minutos após o início da partida. Ele continuou normalmente. Pensava que era uma brincadeira", explica Ludovic Klein, 37 anos, vindo de Limoges com o filho de dez anos. "A evacuação ocorreu calmamente, com apenas um pequeno movimento de multidão".

Casa de shows Le Bataclan atiraram na multidão, gritando 'Allahu Akbar"

Os atiradores da casa de shows Le Bataclan em Paris na noite desta sexta-feira atiraram contra a multidão gritando "Allahu Akbar" ("Deus é grande"), contou uma testemunha entrevistada pela rádio France Info.

"Com minha mãe nós conseguimos fugir do Bataclan (…), conseguimos evitar os tiros, havia muitas pessoas pelo chão", contou o jovem, chamado Louis. "Os homens chegaram e começaram a atirar no local da entrada", disse. "Eles atiraram contra a multidão gritando, com os fuzis em punho".

Hollande cancela viagem para reunião do G20

O presidente francês, François Hollande, cancelou a viagem à Turquia prevista para este domingo para participar da Cúpula do G20, após os atentados terroristas desta sexta-feira em Paris, anunciou o Palácio do Eliseu.

O chefe de Estado francês convocou um conselho de defesa para o sábado às 08H00 GMT (06H00 Brasília).

Merkel "profundamente chocada" por atentados terroristas de Paris

A chanceler alemã, Angela Merkel, se disse "profundamente chocada" pelos ataques "aparentemente terroristas" desta sexta-feira em Paris, segundo um comunicado oficial.

"Estou profundamente chocada pelas notícias e imagens que estão chegando de Paris. Nestas horas, meus pensamentos estão com as vítimas dos ataques aparentemente terroristas, seus familiares e todos os moradores de Paris", declarou Merkel.

"O governo alemão está em contato com o governo francês e demonstra a compaixão e a solidariedade do povo alemão", acrescentou Merkel.

O ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, havia dito pouco antes estar "horrorizado e comovido" em sua conta do Twitter.

Steinmeier assistia com o presidente francês, François Hollande, ao amistoso entre França e Alemanha no Stade de France, no norte de Paris.

Os ataques simultâneos em Paris e na área próxima ao Stade de France deixaram dezenas de mortos, declarou Hollande durante um discurso televisionado, em que decretou estado de emergência, pediu reforços militares e anunciou o fechamento das fronteiras.

O balanço de 39 mortos anunciado pelas fontes próximas ao caso ainda é provisório.

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