TERROR – Quais as lições a serem apreendidas com os últimos atentados


André Luís Woloszyn
Analista de Assuntos Estratégicos
e especialista em conflitos de média e baixa intensidade. 

 


A  onda de atentados terroristas que marcou a última sexta-feira (26), atingindo  três diferentes continentes com mais de uma dezena de mortos, é prova das  dificuldade das autoridades governamentais  no trato com o terrorismo, sugerindo que este fenômeno criminal está  longe de ser controlado.

Com base nas características das últimas ações de repercussão internacional perpetuados neste ano, incluindo os atentados na Austrália e França, cujos alvos foram um café e a Revista Charlie Hebdo, surgem algumas questões que devem merecer maior atenção para análise. A primeira, é o crescimento de ações praticadas por pequenas células, composta de no máximo três pessoas ou mesmo ataques perpetuados por lobos solitários. Na maioria das vezes, são nacionais de origem islâmica ou simpatizantes que fazem uso de armas convencionais de baixo custo, todas disponíveis no mercado interno de seus países.

A segunda é manifestada na amplitude do poder de mobilização dos grupos terroristas, direcionado para a prática de atentados, calcada no apelo ideológico extremista. Um terceiro ponto, é o fato destas ações estarem cada vez mais próximas de atos praticados por organizações criminosas e não de uma guerra global como ocorre na Síria e no Iraque,  patrocinada pelos ISIS, e organizada por meio de estratégias e táticas militares com armas sofisticadas.

Nestes seis episódios, é provavel que os alvos tenham sido escolhidos aleatoriamente, de acordo com o princípio da oportunidade e a disponibilidade de algum trrrorista local ou simpatizante com intenção de participar. A reflexão neste momento não se esgota com a prisão dos terroristas e identificação do grupo que praticou tais atentados mas sim, sobre quais as lições que podemos apreender destes últimos casos. Na minha avaliação, a mais importante mensagem é o abandono do pressuposto de que o terrorismo é operacionalizado por meio de grandes atentados como o 11 de setembro, com armas sofisticadas e forte apoio logístico e que existem sociedades imunes a esta realidade.

A estratégia hoje adotada é a fragmentação dos atentados em diferentes regiões sob uma roupagem de crime comum, o que acarreta os mesmos efeitos que um ação única, que é mais dispendiosa e  oferece maiores riscos de detecção e neutralização.

Diante desta conjuntura, as medidas de antiterrorismo devem merecer destaque, uma vez que são eminentemente preventivas e tem por finalidade reduzir riscos e  vulnerabilidades. E nela, a inteligência policial e os investimentos nesta atividade torna-se indispensável.

Vale ressaltar, que o problema se intensifica face o êxito obtido e a repercussão na mídia internacional, o que configura em  importante preocupação para o Brasil, as vésperas de um evento de âmbito internacional que direciona a atenção de toda a  mídia global.

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