Movimentos insurgentes e terroristas incendeiam o Oriente Médio

Enquanto as atenções da imprensa internacional estão direcionadas para a grave crise que vive o Iraque com insurgentes e novos grupos terroristas sunitas ameaçando tomar o país e a guerra civil na Síria, duas outras frentes de conflito se abrem, com igual gravidade. Os sistemáticos ataques do Taliba  no Afeganistão e a Operação “Margem Protetora”, na Faixa de Gaza, a terceira desde 2008, patrocinada pelos israelenses contra integrantes do braço armado do Hamas e da Jihad islâmica. 

Parece que a conjuntura iraquiana com o surgimento dos grupos ISIS e EIIL e a retirada de tropas norte americanas no Afeganistão serviram de fomento para uma fase mais violenta de investidas militares dos radicais islâmicos apoiados por antigos financiadores, acendendo outro dos numerosos pavios de um poderoso barril de pólvora. Soma-se a este contexto, o desinteresse demonstrado pelos EUA em entrar em uma nova e indefinida guerra o que transforma a situação em um quadro desolador uma vez que as autoridades destes países não estão capacitadas para lidar com a questão, estando a mercê de tais movimentos.

O mais lamentável nisso tudo é a morte de milhares de inocentes que  aparentemente nada tem a ver com a guerra como os civis sírios, a população iraquiana e afegã, os três estudantes israelenses e o jovem palestino. Somados, atingem mais de um milhão de pessoas desde 2001.

No conflito entre israelenses e palestinos, em especial, tudo indica, que tanto os foguetes palestinos lançados contra Jerusalém como os ataques com mísseis da força aérea israelense na Faixa de Gaza assim como uma possível invasão por terra, deverão produzir um número muito maior de baixas que os números apresentados em estimativas oficiais. O mais lamentável ainda, e um ato criminoso, é o fato de países darem apoio aos palestinos para os ataques, considerando que sabem, por antecipação, que  existe  um imenso dequilíbrio entre as forças beligerantes o que redunda, geralmente, em um massacre para o lado mais fraco. Desde a operação “Chumbo Derretido”, em 2008, cerca de duas mil pessoas pereceram vítimas destes ataques.
 

André Luís Woloszyn
Analista de Assuntos Estratégicos, consultor de agências e
órgãos internacionais em matéria de conflitos de média e
baixa intensidade, especialista em Ciências Penais e Mestrando em Direito.


Por sua vez, não acredito que o Conselho de Segurança das Nações Unidas possa influir decisivamente nesta questão a exemplo de conflitos anteriores uma vez que as opiniões de ambos os lados são, a priori, irreconciliáveis. Mas seria bom apostar em uma decisão diplomática, mesmo que tenha validade momentanea.

O quadro tende a agravar-se, pois a cada investida, estes movimentos como disse em um artigo publicado anteriormente, estão se fortalecendo por décadas de insurgência contra as forças estatais, além de um maior poder de fogo. E não está descartada a hipótese  de que aja uma colaboração efetiva entre estes, em especial, no fornecimento de armas mais letais. Se ainda não ocorreu, é uma questão de tempo e oportunidade.

Por enquanto, os radicais islâmicos estão vencendo esta guerra. Até no conflito entre israelenses e palestinos, Israel está em desvantagem, aliás, como sempre esteve, embora seus objetivos táticos sejam de defesa. Suas ações, são geralmente vistas, por parcela significativa da opinião pública internacional, como as do gigante Golias, numa contradição histórica. Neste caso, os papéis se invertem e muitos aguardam, anciosamente, a pedra que o derrubará.  

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