Alemanha: Berlin Aprova venda Blindados para Indonésia


Publicado Spiegel ONLINE

O governo alemão  mais uma vez aprovou um polêmico acordo de exportação de armamentos para um país com credenciais democráticas questionáveis. O Conselho de Segurança Alemão, que se reúne em segredo, aprovou um acordo para a empresa Rheinmetall  exportar 104 carros de combate Leopard 2  para a Indonésia.

Além disso, 50 veículos de combate de infantaria (VCI) Marder 1A2 devem complementar o negócio, assim como outros 10 veículos militares, incluindo veículos blindados de engenharia e lançador de pontes. Enquanto em  linhas gerais o acordo já havia sido relatado pela Agência Reuters anteriormente, os números exatos de carros de combate e veículos blindados envolvidos atende a  uma resposta do governo a uma solicitação parlamentar feita pelo deputado Katja Keul, Partido Verde, e ao qual   SPIEGEL ONLINE teve acesso.

O Interesse da Indonésia em armas alemãs era claro, mas Berlim havia permanecido em silêncio sobre as suas intenções. Anteriormente, a Indonésia se aproximou da Holanda sobre o seu interesse na aquisição de tanques Leopard, que são amplamente considerados os mais modernos tanques de batalha disponíveis. Mas o parlamento holandês se recusou a aprovar o acordo, devido a preocupações sobre a situação dos direitos humanos na Indonésia. Jacarta, em seguida, virou-se para a Alemanha. O parlamento alemão não tem direito de veto sobre negócios de armas.

A Rheinmetall desenvolveu ainda mais o tanque Leopard, dando-lhe maior proteção e sistemas permitindo a luta de rua em áreas residenciais. É este modelo, chamado “MBT Revolution”, em que a Indonésia estava interessado.

Alteraração na Venda de Armas

Um possível acordo de venda de materiais de defesa com a Indonésia estava em discussão, desde o verão de 2012, quando a chanceler Angela Merkel visitou o país. Na época, Jacarta foi clara sobre seu interesse  nos veículos militares fabricados na Alemanha, dizendo que a quantidade esperada era apenas um esforço para atualizar seus sistemas de armas e insistiu que os tanques não seriam usados ??contra seu próprio povo, durante os protestos, por exemplo. Ainda assim, ativistas de direitos humanos estavam preocupados com o possível acordo. A Anistia Internacional acusa Jacarta de violar os direitos humanos em algumas províncias eo país ocupa a  100ª posição no  índice de corrupção da Transparência Internacional.

O Conselho de Segurança alemão, composto pela chanceler e seletos membros do gabinete, aprovou várias ofertas para exportação tanques nos últimos anos, alterando assim significativamente a antiga posição do país restritiva à exportação de armas. Os governos anteriores tinham aprovado negócios envolvendo a exportação de navios de guerra e submarinos para países sujeitos às restrições, pois é difícil de usar tais armas contra a população civil. Carros de combate e blindados, no entanto, continuavam sendo um tabu. "O que flutua está bem. Aquilo que rola não está.." Este era a política seguida no longo reinado do ex-ministro das Relações Exteriores Hans Dietrich Genscher.

Interesses regionais

Recentemente, no entanto, mais de um bilhão de euros em vendas de carros de combate foram aprovados como uma mera questão burocrática. Nos últimos anos, o Conselho de Segurança aprovou acordos de exportação para países autocráticos, como a Arábia Saudita, e que justificou a decisão, apontando para a importância da estabilidade regional e os  próprios interesses nacionais da Alemanha. A Arábia Saudita, por exemplo, é vista como um contrapeso estratégico ao Irã e também colabora intensamente com os serviços secretos alemães na luta contra o terrorismo internacional.

Um argumento similar foi usado para justificar a aprovação de um negócio de armas envolvendo a exportação de tanques para Qatar. Berlim concedeu à  Krauss-Maffei Wegmann permissão, em abril, para exportar 62 tanques Leopard 2, além de outros veículos militares em um negócio no valor de € 1,89 Milhões de Euros.A  Rheinmetall é um importante fornecedor no negócio, fornecendo os  canhões (120mm) e outras  armas para os tanques, como metralhadoras, peças e munições.

"O Qatar é em muitas áreas um parceiro importante para a Alemanha e da União Europeia na região. Além disso, ele tem segurança e interesses legítimos de defesa", afirmou o governo defendendo o negócio. A justificativa seria provavelmente semelhante para um acordo com o vizinho do Qatar, Emirados Árabes Unidos. De acordo com a resposta à pergunta de Keul, o país recebeu permissão no ano passado para comprar metralhadoras e outras armas, incluindo munições, de produção alemã.

Compartilhar:

Leia também

Inscreva-se na nossa newsletter